Coronel da PM dá aula na USP no ciclo Ética e Universidade

Tempo de leitura: 3 min
A USP demonstra quem dá as cartas no campus e – exatamente um ano após a Tropa de Choque invadir a universidade – oferecerá a um coronel da PM o espaço privilegiado de uma sala de aula para que ele possa ensinar aos estudantes os motivos pelos quais eles devem se submeter a uma vida vigiada.

Sob o pretexto de discutir o tema “Segurança e Privacidade”, a Comissão de Ética da USP e o Instituto de Estudos Avançados (IEA) realizarão no dia 8 de novembro, às 15 horas, na sala de eventos do IEA, a primeira mesa-redonda do ciclo Ética e Universidade, que contará com a exposição do coronel Glauco Carvalho, da Polícia Militar.

Glauco dirige desde junho o Comando de Policiamento de Área Metropolitana-7, responsável pela “polícia ostensiva e pela preservação da ordem pública” nos municípios de Guarulhos, Arujá, Santa Isabel, Franco da Rocha, Francisco Morato, Caieiras, Cajamar e Mairiporã [região que entre junho e setembro registrou mais de 75 homicídios].

Mas as credenciais da figura são mais graúdas. O coronel atuou por cinco anos no comando geral da PM e Casa Militar, responsável pela segurança direta do palácio do governo do estado, nas gestões Claudio Lembo e Geraldo Alckmin.

Cabe lembrar que foi durante o governo de Claudio Lembo, em 2006, que ocorreram os extensos conflitos e assassinatos em série entre o PCC e a polícia, conflitos que agora voltam à tona. Ao final de 2006, o dedicado ajudante de ordens do governador teceu elogios ao chefe pelo apoio dado à corporação: “queremos agradecer em nome da sociedade paulista a forma com que o senhor conduziu o Estado e pelas virtudes demonstradas neste tempo todo”.

Glauco Carvalho foi também assessor do núcleo de estudos políticos da Fecomercio, presidido pelo ex-governador.Além dele, a mesa terá como debatedores o recém-eleito diretor da FFLCH, Sérgio Adorno, que apoia a divisão da faculdade e a presença da PM no campus, e Leandro Carneiro, do Instituto de Relações Internacionais da USP, defensor da política de segurança do governo do estado de São Paulo e adepto da política do punir mais é punir melhor.

Essa é a ética que nos quer ensinar João Grandino Rodas!

É a mesma ética das câmeras escondidas no bandejão, a mesma do código de ética que serviu para dar verniz democrático às expulsões de estudantes não apenas baseadas no regimento ditatorial de 1972, e que agora a burocracia nos quer empurrar garganta abaixo.

Precisamos dizer não a essas regras de conduta que nada mais querem do que naturalizar a presença da PM no campus, não apenas reprimindo e vigiando, mas ditando os rumos da universidade.

Não aos coronéis nas salas de aula!

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