Pinheirinho: Alckmin só se “preocupou” com o social após despejo de moradores
Tempo de leitura: 3 minpor Conceição Lemes
Na última quarta-feira, a Folha de S. Paulo publicou na página 3 o artigo “As mentiras do PT sobre o Pinheirinho”.
Entre outras coisas, o senador do PSDB de São Paulo afirma que é mentira que “não houve estrutura para abrigar as abrigar as família” e que “nada foi feito em São Paulo para dar moradia aos desabrigados”.
A verdade, segundo Aloysio:
A operação foi planejada por mais de quatro meses, a pedido da juíza. Participaram PM, membros do Conselho Tutelar, do Ministério Público, da OAB e dos bombeiros. O objetivo era garantir a integridade das pessoas e minimizar os danos. A prefeitura mobilizou mais de 600 servidores e montou oito abrigos. Os abrigos foram diariamente sabotados pelos autodenominados líderes dos sem-teto, que cortavam a água e depredavam os banheiros.
A operação de repressão pode ter sido mesmo, zelozamente, planejada há quatro meses. O forte e pesado aparato policial que atuou na desocupação do Pinheirinho, na madrugada de 22 de janeiro, não se organiza de uma hora para a outra.
Em compensação, escancarou o descaso do governo Geraldo Alckmin com o lado social. A operação para cuidar da moradia das 8 mil pessoas que lá moravam só começou a ser implementada depois de elas já tirem sido jogadas literalmente na rua.
Apenas no dia 26 de janeiro, portanto, quatro dias depois a violenta desocupação do Pinheirinho é que foi firmado convênio entre o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB) para a transferência de recursos para a concessão do chamado aluguel social até 500 reais para os ex-moradores.
Curiosamente, o anúncio do auxílio aluguel ocorreu no mesmo em que o governo federal disse estar estudando a expansão do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida aos moradores que viviam no terreno de Pinheirinho. A proposta foi levada no dia 24 de janeiro ao Advogado-Geral da União, Luiz Inácio Adams, pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP).
O convênio entre a o governo do Estado e a Prefeitura de São José dos Campos foi publicado na página 3 do Diário Oficial do Estado de 1º de fevereiro de 2012. Abaixo o resumo do extrato do convênio.
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A propósito 1: em que dados o governo paulista se baseou para estipular em até R$ 500 o aluguel social? Na periferia de São José dos Campos, o aluguel de um imóvel está em torno de R$ 700. Onde os ex-moradores vão conseguir mais R$ 200 para pagar o aluguel, se perderam tudo? Aliás, como muitos vão alugar algum imóvel se até documentos perderam? Por que o governador e do prefeito ainda não fizeram um aditivo ao termo de convênio aumentando o valor do benefício, já que o valor inicial foi subestimado?
A propósito 2: o senador Aloysio Nunes Ferreira disse que a operação para desocupação do Pinheiro começou a ser preparada há quatro meses. Ou seja, desde outubro.
Curiosamente, nesses últimos meses temos assistido no Estado de São Paulo uma escalada autoritária no Estado de São Paulo. Operações realizadas com truculência e poder total da Policia Militar.
Em 8 de novembro, houve a desocupação do prédio da reitoria da USP; 72 estudantes foram presos. Em 3 de janeiro, foi a vez da chamada Cracolândia, na região central da capital paulista. Em 22 de janeiro, a reintegração de posse do Pinheirinho.
Aparentemente, tudo bem orquestrado, para criminalizar os movimentos sociais e legitimar o uso crescente da força policial no Estado.
A propósito 3: Considerando que muitos ex-moradores do Pinheirinho vão ficar na rua, sem ter onde morar, qual o operação que o governo Alckmin vai tirar da cartola para resolver o problema social que ele próprio ajudou a criar?
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