por Antonio Carlos Fon
O Conic – Conselho Nacional das Igrejas Cristãs, principal entidade ecumênica brasileira, que reúne a Igreja Católica e as principais igrejas protestantes do país, e o Clai – Conselho Latino Americano de Igrejas estão recomendando às igrejas associadas que promovam atos ecumênicos em 2 de novembro, Dia de Finados, em memória dos mortos e desaparecidos políticos da ditadura militar brasileira. A decisão foi tomada no final de setembro e em São Paulo o ato ecumênico está sendo organizado pelo Grupo Ecumênico da Zona Leste, que reúne não apenas as igrejas cristãs, mas inclui religiões orientais e de origem africana.
“Mas em São Paulo nós resolvemos fazer o ato também em memória dos jovens assassinados pela Polícia Militar na periferia das grandes cidades, por considerarmos que esse massacre promovido pelos governadores José Serra e Geraldo Alckmin são uma consequência direta da impunidade dos crimes da ditadura”, explica o teólogo Anivaldo Padilha, ele mesmo preso, torturado e exilado pelos militares.
O ato ecumênico em memória dos mortos e desaparecidos, convocado pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, o Grupo Ecumênico da Zona Leste e as Mães de Maio – que reúne familiares dos jovens assassinados pela PM na Baixada Santista – será celebrado às 10h30 de 2 de novembro, Dia de Finados, na quadra 047 do Cemitério de Vila Formosa. A quadra 047 é onde fica a vala comum em que foi enterrado um número ainda desconhecido de opositores políticos assassinados pelos militares e muitos dos jovens, em sua maioria negros, mortos pela PM paulista nos últimos anos.
Com o DNA do Doi-Codi
“Execuções a sangue frio justificadas por falsos autos de resistência à prisão, sequestros e desaparecimentos de corpos utilizados pela Polícia Militar paulista têm o DNA da ditadura. Foram desenvolvidos pelas forças armadas brasileiras com o auxílio de americanos, israelenses, ingleses e franceses e hoje são usados pela PM para encobrir as chacinas de jovens pobres, e em sua maioria negros, da periferia”, afirma Marcio Sotelo Felippe, ex-procurador-geral de Justiça do estado de São Paulo e membro do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça.
Antonio Carlos Fon é jornalista e membro do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça.
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