Propina tucana frequentou conta laranja. Literalmente

Tempo de leitura: 2 min

Dinheiro do caso Alstom passou por conta ‘laranja’

15 de agosto de 2013 | 7h 41

BRUNO RIBEIRO, FAUSTO MACEDO E MARCELO GODOY

Agência Estado

A Polícia Federal (PF) detectou uma conta corrente chamada Orange Internacional no caminho de parte do dinheiro de supostas propinas pagas pela Alstom ao PSDB e ao governo de São Paulo.

Mantida por doleiros, ela foi operada por meio do MTB Bank de Nova York.

A PF encontrou a conta quando apurava quatro depósitos em 1998 que chegaram a US$ 1,44 milhão (valor atualizado).

A descrição da conta está nos depoimentos do lobista Romeu Pinto Junior, aos quais o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso.

A mesma Orange International (Laranja Internacional, em português) já havia aparecido em investigações da Procuradoria da República em 2004 sobre remessas de divisas a um ex-diretor do Banco do Brasil do governo de Fernando Henrique Cardoso.

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Além da Orange, a conta Kisser Investiment SA, no Bank Audi de Luxemburgo, teria abrigado remessas da Alstom.

Pinto Junior foi indiciado pela PF no caso. Ele disse que conhecia Robson Marinho, ex-secretário de governo de Mário Covas (1995-2001) e vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado, e o vereador tucano e ex-secretário de Energia de São Paulo, Andrea Matarazzo, mas não os acusou de crime.

Matarazzo foi indiciado no caso. Inconformado, repudiou a acusação e disse desconhecer o lobista.

Seu advogado, o criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira, pediu arquivamento do caso.

O Estado procurou o advogado de Marinho, Celso Vilardi, mas não o achou.

O Diretório Estadual do PSDB informou ser “revoltante” ser acusado com “base em argumentos vazios” e sem provas.

A Alstom não se manifestou na quarta-feira, 14.

À PF Pinto Junior revelou que as propinas eram chamadas de “compromisso”.

O lobista, que se declarou aposentado, afirmou que os executivos franceses Pierre Chazot e Phillipe Jafre lhe ordenavam que entregasse “pacotes de dinheiro” a pessoas que desconhecia.

Os pacotes eram levados por motoboys diretamente aos interessados.

Pinto Junior contou que era o procurador da offshore MCA Uruguay e disse que assinou os documentos para abrir contas bancárias da empresa no mesmo Bank Audi, em Luxemburgo, e no UBS, na Suíça.

Teria feito isso a pedido de Jafre e de Chazot. Jafre o teria aconselhado a assinar um contrato de consultoria com a Alstom.

Por meio dele, a Alstom repassaria 7,5% do valor do projeto Gisel, assinado pela empresa francesa com a então estatal paulista EPTE (ex-Eletropaulo).

Para fechar o acordo, a EPTE contratou sem licitação um crédito de R$ 140,6 milhões (valor atual) com o banco francês Société Générale. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

PS do Viomundo: Os títulos do Estadão em geral falam da propina como algo com vida própria, sem qualquer parentesco com o PSDB.

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