Juvandia Moreira: Cuidado com aquela cesta de tarifas do gerente amigo

Tempo de leitura: 3 min

Por Luiz Carlos Azenha

Como eu, você vai ao banco. Senta-se diante do gerente amigo. É convencido de que precisa de uma cesta de tarifas. Seria “mais econômico”. Você imagina que saiu da conversa com alguma vantagem.

Pode ser, mas frequentemente não é.

Por isso, o Sindicato dos Bancários de São Paulo se juntou ao IDEC, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor.

Ambos pretendem obter dos bancos um compromisso, por escrito, de que não vão mais vender produtos financeiros desnecessários.

A denúncia de Juvandia Moreira, a presidente do Sindicato, é de que gerentes e funcionários de bancos estão sendo pressionados a vender serviços a clientes, com o objetivo de cumprir metas estabelecidas por superiores.

Uma pesquisa feita entre dezembro de 2010 e janeiro de 2011 constatou que 72% dos caixas e 63% dos gerentes consultados disseram ter sofrido pressões para cumprir as metas.

Essa pressão pode criar situações constrangedoras naquela relação de camaradagem com o gerente ou a simpática funcionária do caixa, da qual você comprou um título de capitalização.

Eles podem ser tentados a vender algo de que você não precisa. E, por conta disso, adoecem:

“A pressão por metas, por exemplo, transformou os bancários numa das categorias que mais apresentam doenças por esforço repetitivo (as LER/Dort). Os conflitos éticos, por sua vez, levam a doenças psíquicas, cardíacas, gástricas, musculares”, disse a médica Maria Maeno, da Fundacentro, no lançamento da campanha, no seminário Venda Responsável de Produtos, no Dia Mundial do Consumidor.

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A pesquisa mais recente promovida pelo Sindicato, sobre a saúde da categoria, revelou números preocupantes.

Segundo o IDEC, o setor bancário encerrou o ano de 2011 na liderança das reclamações de consumidores. As queixas se relacionam a cobranças indevidas, débitos não autorizados, taxa de juros, renegociação de dívidas e venda casada de produtos financeiros.

Um dos objetivos do Sindicato é proibir que os caixas sejam obrigados a vender produtos financeiros: “O caixa ele tem que atender bem o cliente, tem que atender rápido, ele tem de se concentrar porque, se ele errar, vai ter diferença e sai do bolso dele o pagamento dessa diferença, ele tem o controle de tempo na fila e ainda assim ele tem de vender o produto. Você acha que ele tem tempo de explicar para o cliente o que é um título de capitalização, um seguro, uma previdência? E o cliente compra muitas vezes por amizade, porque está fazendo empréstimo”, explica Juvandia.

A carta de princípios que o Sindicato e o IDEC querem que os bancos assinem fala em responsabilidade na venda de produtos financeiros e “promoção de um assessoramento justo e transparente aos consumidores”.

Ou seja, nada de fazer pressão para que os bancários usem aquele cafezinho para fazer o cliente cair em alguma armadilha.

Enquanto isso não acontece, a Juvandia sugere que você leia as letras miudinhas, tenha absoluta certeza de que está comprando algo de que realmente precisa e, caso contrário, reclame.

Sem brigar com o gerente, nem com a caixa.

Clique abaixo para ouvir trecho da entrevista com a Juvandia Moreira, no qual ela fala das altas taxas de adoecimento dos bancários e das represálias a que eles ficam sujeitos quando não cumprem as metas:

juvandia

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