Jefferson diz que não vendeu voto e acusa Lula de ser o mandante de tudo
Tempo de leitura: 3 minLuiz Francisco Corrêa Filho, advogado de Roberto Jefferson, no STF (foto Carlos Humberto, SCO/STF)
por Luiz Carlos Azenha
O advogado de Roberto Jefferson, Luiz Francisco Corrêa Filho, disse diante dos juizes do Supremo Tribunal Federal, que os 4 milhões de reais recebidos pelo então presidente do Partido Trabalhista Brasileiro eram para o financiamento da campanha eleitoral de 2004, nas quais se elegiam vereadores, vice-prefeitos e prefeitos. O dinheiro, que Jefferson confessa ter recebido das mãos de Marcos Valério na sede do PTB, em Brasília, seria portanto de caixa dois, sem relação com a compra ou venda de votos parlamentares no Congresso.
Marcos Valério nega que tenha feito o pagamento.
Segundo o advogado, o acordo previa a transferência de 20 milhões de reais do PT para o PTB.
No julgamento do mensalão, Jefferson é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
O advogado negou que seu cliente, deputado federal, tenha recebido dinheiro para votar “projetos de interesse do governo”. Por exemplo, o da reforma da Previdência Social. Ou seja, o advogado negou a tese central do mensalão, pelo menos quanto a seu cliente.
“Previdência no Brasil é uma invenção do PTB”, disse o advogado, lembrando que Jefferson ajudou a escrever o capítulo da Constituição referente à Previdência e presidiu a Comissão de Seguridade Social da Câmara. Segundo ele, estranho teria sido se Jefferson votasse contra a reforma da Previdência.
Luiz Francisco disse estranhar o fato de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha ficado de fora da denúncia do caso ora em julgamento no STF.
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Segundo ele, Lula “não só sabia, como ordenou. Sim, ele ordenou. Aqueles ministros eram executivos dele”, afirmou o advogado. Ele se refere aos ministros do governo Lula que foram citados na denúncia do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
“A prova é precária quanto a tese da acusação. O mandante está fora”, afirmou.
O advogado acusou o procurador-geral Roberto Gurgel de prevaricar em relação a Lula.
A cronologia que provaria o envolvimento do ex-presidente Lula no escândalo seria a seguinte:
— Dirigente do banco BMG, de Minas Gerais, pede audiência a Lula.
— Lula emite medida provisória permitindo a bancos em geral que entrassem no mercado de crédito consignado.
— Um advogado abelhudo interpretou a MP, lembrando que só poderiam operar no crédito consignado bancos que já trabalhassem com o INSS, como a Caixa Econômica Federal.
— Lula emite um decreto, ato pessoal, autorizando que outros bancos operassem o crédito consignado.
— O credenciamento deveria durar oito meses, mas em dois meses o BMG entrou no mercado.
— O PT obteve os empréstimos dos bancos Rural e do BMG, dinheiro com o qual teria comprado votos e influenciado parlamentares — na tese da defesa de Jefferson, menos os do PTB.
De acordo com o advogado, em 19 de abril do ano passado o procurador regional da República, Manoel Pastana, compareceu ao gabinete do procurador-geral Roberto Gurgel com o objetivo de incluir Lula na Ação Penal 470, com base numa ação civil pública que corre em Brasília relativa ao crédito consignado.
“O procurador-geral não se tem notícia do que tenha feito, faz mais de um ano”, afirmou o advogado.
Segundo Luiz Francisco, o procurador tinha três possibilidades: pedir diligências, acatar a denúncia ou pedir o arquivamento, mas não o fez.
Além de acusar o procurador-geral de prevaricar quanto ao ex-presidente Lula, o advogado disse que Gurgel foi inepto na produção de provas sobre o mensalão.
Para Jefferson, de acordo com o advogado, Lula “foi omisso, traiu a confiança do povo”.
Quando ao petebista, só teria sido denunciado na Ação Penal 470 “para não abrir aquela boca enorme”, ou seja, teria sido uma tentativa de intimidá-lo.
O vídeo abaixo foi sugerido pelo Stanley Burburinho, a partir de dica do @dmedeiros32:
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