O protesto dos movimentos sociais em São José

Tempo de leitura: 4 min

1 de Fevereiro de 2012 – 17h28

Movimentos de todo país protestam em Pinheirinho nessa quinta

do Vermelho

Movimentos sociais realizam nessa quinta-feira (2), a partir das 9h, um ato público no terreno onde foi construído o bairro Pinheirinho, em São José dos Campos, interior paulista. Caravanas de todo o país se encontrarão no local para protestar contra os despejos no Estado, como o de 1.600 famílias do Pinheirinho, em 22 de janeiro, numa ação violenta da Polícia Militar, durante reintegração de posse. Desde então, estão em alojamentos improvisados, em condições precárias.

“Manifestamos nosso repúdio em relação à ação truculenta do governo do Estado de São Paulo ao desalojar as famílias do bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos, e o descaso do prefeito Eduardo Cury (PSDB), que mantém os desabrigados sem infraestrutura e sem reais perspectivas”, diz um trecho de uma nota divulgada hoje (1º) pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS).

A coordenação também questiona as declarações feitas pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), que prometer abrigo para essas pessoas em 18 meses, mas não explicou em quais condições permanecerão até que esses supostos abrigos fiquem prontos.

Assembleia

O ato foi definido pelas entidades na Assembleia dos Movimentos Sociais, no sábado (28), durante o Fórum Social Temático 2012, na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre (RS).

“O governo fascista de Geraldo Alckmin massacrou os trabalhadores, massacrou aquela ocupação. Estão há 20 anos no Governo de São Paulo e continuam não dando o direito ao diálogo e ao processo social para aqueles que se organizam para ter direito à moradia. Vamos fazer um grande ato na próxima quinta-feira (2) em repúdio a esse governo fascista de Geraldo Alckmin, que não respeita a democracia nem os movimentos sociais”, convocou Rosane Bertotti, representante da CUT e uma das coordenadoras da assembleia, que reuniu cerca de 1.500 participantes.

O ato foi sugerido após manifestações de representantes dos movimentos de moradia, durante as falas dos movimentos na assembleia.

“Nós dos movimentos populares pedimos a essa assembleia para acrescentar um parágrafo na carta que toque no coração da questão da luta urbana. Não é possível fazermos uma carta dos movimentos sociais e não tratar dos centros urbanos. Temos alguns exemplos caninos para serem enfrentados, haja vista a cidade de São Paulo, e o Estado, que a direita transformou em palco de enfrentamento contra as lutas dos movimentos sociais”, lembrou Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, vice-presidente da CMS, que também apontou a desigualdade racial como foco importante das mobilizações.

“Outra questão central é a juventude, e principalmente a juventude negra,que está sendo dizimada nesse país por essa burguesia, através do crime organizado, através das drogas, problema enfrentado por tantas famílias. Por isso, neste momento que nos preparamos para a Rio+20, temos que chegar com uma única linha, a do enfrentamento ao sistema capitalista”, completou Gegê.

A presidente da Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), Bartíria Lima da Costa, reforçou o pedido: “Queríamos que nesta carta fosse colocado um ponto também de suma importância, que se relaciona com a crise capitalista, que é a crise urbana. Ela precisa ser colocada como ponto fundamental para resolver os problemas urbanos e acabar com a questão do despejo. Defendemos despejo zero. Há dias atrás, em São Paulo, o Pinheirinho foi uma barbárie. Não podemos permitir essa situação. Situações como essa não podem acontecer nesse país, que tem leis estruturantes para resolver”, falou Bartíria.

Ela argumentou que o drama vivido hoje em Pinheirinho é fruto da crise do capital.

“Queremos reforçar a nossa participação na Rio+20, devemos focar na questão da crise capitalista como uma questão central da crise ambiental. É ela que gera fome, desemprego, exclusão e a degradação ambiental. Nós da Conam e da Aliança Internacional dos Habitantes chamamos todos em torno de bandeiras unitárias pela preservação do meio ambiente, pelo desenvolvimento econômico para organizar campanhas e jornadas de lutas progressistas como respostas aos problemas ambientais e sociais da humanidade”, exclamou a presidente da Conam.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é preciso construir pelo menos 5,5 milhões de moradias para zerar o deficit habitacional no Brasil. Os dados são de 2008 e servem de referência para o Ministério das Cidades.

Participantes

Assinam a nota da CMS movimentos de diversos setores que se comprometeram a comparecer. São eles: Central Brasileira de Trabalhadores e Trabalhadoras (CTB), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Central de Movimentos Populares (CMP), União Nacional dos Estudantes (UNE), Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG), Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Grito dos Excluídos, Marcha Mundial das Mulheres (MMM), União Brasileira de Mulheres (UBM), Conselho Estadual de Entorpecentes (Conen), União de Negros pela Igualdade (Unegro), O Movimento das Trabalhadoras e dos Trabalhadores Desempregados (MTD), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Confederação Nacional das Associações de Moradores (Conam), União Nacional por Moradia Popular (UNMP), Ação Cidadania, Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), CNQ, Federação Única dos Petroleiros (FUP), Intervozes, Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública (Sintap), CMB e Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM).

de São Paulo
Deborah Moreira

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Comentários

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@NilvaSader

Azenha, comentário postado no Facebook
Rafaela Carvalho

PRECISO JOGAR ISSO AOS QUATRO VENTOS. Enquanto eu estava dentro do prédio que foi desapropriado hoje, no centro da cidade, a líder da ocupação, dona Carmem, ficou revoltada com o que o jornalista da Band, Luciano Faccioli, falou sobre os moradores que seriam despejados. "Essas mulheres estão precisando lavar uma louça, passar uma roupa… esses homens precisam ir construir laje. Povo vagabundo, que não trabalha." Ela pegou o telefone do repórter da Band que estava na ocupação e contatou o jornal matutino da emissora, enquanto o Faccioli continuava falando baboseiras como "o que esses invasores estão fazendo é a mesma coisa que se eles chutassem a porta da sua casa, te colocassem pra fora e ficassem lá". E aí a coisa conseguiu piorar. Além de ele não colocar a dona Carmem no ar, disse que a pessoa que contatou o programa xingou o repórter da Band presente na ocupação, mas que não passava de uma "garota de programa que admitiu também ser usuária de drogas." Eu vi essa mentira acontecer e vi os moradores gritarem para a televisão, urrarem de revolta. E quase chorei de ódio. O que esse Faccioli tá fazendo é repugnante, me dá nojo, asco. E eu sei que ainda vou chorar lágrimas de raiva por causa do que vi.

Yarus

“Jornalista Pedro Rios faz greve de fome em frente à Rede Globo

“Eu estou em frente a Globo, porque a Globo é o último ponto de resistência dos criminosos.”

Jornalista Pedro Rios Leão
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zezinho

Esse movimento vai marchar até O distrito Federal tb?
Porque lá tb tem ocorrido o mesmo, apesar de menor escala.
A única diferenca é que quem está no poder é o PT:
DF derruba mais de 1,1 mil construções irregulares em apenas um mês
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    Carlos.

    Eu acho fabuloso como algumas pessoas se dedicam à defesa do ato de barbárie cometido pelo governo fascista do tukanistão recorrendo a qualquer tipo de coisa. Só dois tipos de pessoas fazem isso: os muito ingênuos, verdadeiros Forrest Gumps paulistas e os muito safados. Uma pessoa com um mínimo de senso de decência, capacidade de discernimento e noção de dignidade enfiaria um saco de papel na cabeça com vergonha, mesmo que fosse de direita. Ser "direita" ou "esquerda" é legítimo, o que é ilegítimo é ferrar (pra não dizer coisa pior) os mais fracos em defesa dos mais ricos, ainda por cima que são pessoas com currículo pra lá de suspeito.

    Vai pedir a benção pro Aloysio, pro Tavinho, pros Mesquitas, Civitas e Marinhos. estes gostam de meter a boca no assunto direitos humanos quando se trata de Cuba, Venezuela ou do governo ferderal, mas se calam e até tentam defender canalhas quando se trata dos tucanos e demais criaturas servis aos interesses dos EUA.

    João-PR

    Troll pago para fazer propaganda tucana por aqui.

    E, como não tem nada para mostrar, ficam aqui e acolá tentanto fazer paralelos entre um fato e outro. Troll, diga-nos uma coisa: notei pela foto a quantidade de pessoas…não são 1600 famílias…também gostaria que você nos dissesse como foi esta desocupação (lógico, você tem todas as informações: vítimas, uso da força, não realocação dos moradores em outro lugar, por exemplo).

    Faça-nos um favor: vá destilar seu azedume da direita naquele blog do chapeludo de dois corgo.

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