Marilena Chauí: “Grupo oligárquico não admite nenhuma contestação”

Tempo de leitura: 3 min

Chauí: movimentos sociais construíram a democracia

Por Vivian Virissimo, no Sul21, sugerido pelo Igor Felippe

Aos 70 anos, a filósofa Marilena Chauí segue avaliando os rumos da política e as grandes transformações sociais e culturais em curso no Brasil e no mundo. Pelo seu diagnóstico, o coração da democracia brasileira está muito debilitado, uma vez que todas as formas de conflito são abafadas ou combatidas com a repressão do Estado, o que impede o avanço na garantia de direitos e no aprimoramento da própria democracia.

“No Brasil, incessantemente, o conflito é transformado em crise e se joga a polícia e o Exército contra a população e os movimentos sociais. A única maneira de afirmar a legitimidade e a necessidade do conflito é mostrar que o mesmo é o coração da democracia”, falou Marilena ao Sul21.

Professora de Filosofia Política na Universidade de São Paulo (USP), Marilena é uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores (PT). Ela esteve em Porto Alegre para participar de conferência no Debates Capitais promovido pela Câmara de Vereadores nesta quarta-feira (7).

No entendimento de Marilena, sem mexer na estrutura da sociedade fica impossível compreender o verdadeiro sentido democrático do conflito. “O núcleo da sociedade brasileira é um grupo oligárquico que não admite nenhuma contestação e que transforma o conflito na ideia de desordem, crise, perigo, de que é preciso repressão e um Estado forte”, aponta.

Ao mesmo tempo, Marilena também destaca que a repressão do Estado é dirigida geralmente aos negros, aos pobres, aos índios, aos moradores de rua. “Eles são vistos como uma ameaça visível. Mas, sob essa ameaça visível, se esconde ideologicamente que qualquer forma organizada no interior da sociedade é perigosa. Qualquer grupo, classe, conjunto que se organize em termos sociais e políticos é visto como perigoso”, explica a filósofa.

Outra face para comprender este processo se trata de um mito da não-violência que está arraigado na sociedade brasileira. Essa posição, segunda ela, enfraquece as possibilidades de mudança. “Se nós somos um alegre povo mestiço, verde e amarelo, sensual, ordeiro e pacífico… O que se faz? Esta tudo dado, tudo pronto”, critica Marilena.

Para ela, a garantia de direitos passa pela percepção de que o racismo, o sexismo e a homofobia são formas de violência que são naturalizadas pela maioria da sociedade brasileira. “Mexer na estrutura da sociedade brasileira é uma tarefa de todos. E o começo disso passa pela percepção de que existe uma violência estrutural, um autoritarismo. Se isso não for percebido, não temos como lutar”, fala Marilena.

“Há um campo aberto para a política”

Marilena também pontuou que o começo dessas transformações na estrutura da sociedade começaram com a constituição dos movimentos sociais no período de luta pela redemocratização do país. “Tem sido assim desde a década de 1970. Todos esses movimentos deram origem a formações partidárias e políticas que democratizaram o país. Não é porque o Brasil se democratizou que os movimentos se tornaram possíveis, é exatamente o contrário: porque os movimentos se organizaram, existiram e lutaram que eles tornaram possível a democratização do país”.

Diante das mudanças gerais ocorridas na sociedade brasileira, Marilena avalia que o refluxo dos grandes movimentos sociais servirá para a reposição de novas práticas políticas, sociais e culturais. “Há um campo aberto para a política que ainda não foi pensado e ainda não foi exercido. Mas isso não é um ou outro que vai pensar. É um coletivo que tem que pensar e refletir sobre isso”, avalia.

Nesse sentido, Marilena também apontou a necessidade de desvincular a política das formas clássicas de representação. “Quando a política fica restrita ao aparelho do Estado se perde a noção mesma da política que é a polis, a cidade organizada, a sociedade. Em vez de pensar que a política é uma ação coletiva no interior da própria sociedade, sob a forma de poderes e contra poderes, se pensa a política como uma esfera separada”.

Apesar de todas essas constatações, Marilena se mostrou uma pessoa otimista. “Eu só lamento que não vou ter tempo de vida para ver as mudanças profundas que vão acontecer não só no Brasil, mas em escala planetária. Uma mudança no saber, na ciência, na tecnologia que por enquanto ainda estão muito afogadas dentro da estrutura capitalista vigente, mas elas têm potencial de mudança e transformação muito grande”, aponta a filosofa.

Leia também:

CartaCapital: “Serra sempre teve medo do que seria publicado no livro”


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

Direitos e privilégios na “alegre” locomotiva paulista

[…] ruim quanto os atos de violência de Estado cometidos contra os movimentos sociais, é o movimento ideológico de legitimação da violência crônica e aguda, como forma de manter a “ordem”. E o Estado de São Paulo – que se disse outrora uma […]

O Prefeito Prometeu tem que ser eleito por W.O.?!?!?! « O Pensatorio d'A Lucta

[…] Fonte: http://www.viomundo.com.br/politica/marilena-chaui-grupo-oligarquico-nao-admite-nenhuma-contestacao…. […]

Palmas

Tenho 50 anos e como a Chaui e os Brasileiros de fato Brasileiros não veremos essa transformação. Mas podemos dar nossa contribuiçao na nossa família, trabalho. Surgiu assunto polêmico vamos tentar opinar, mostar quem sabe aqui está o começo. Só lamento os partidos de esqueerda qu tem uma intelectualdade que deveria ser mais atuante. Se não tem espaço na mídia, tem rede social. Mas devagar as coisas vão acontecendo.

FrancoAtirador

.
.
A Oligarquia Famigliar Máfio-Midiática é o sepulcro da Liberdade de Expressão.
.
.

eduardo di lascio

O homo sapiens é predador, tribal e vai ser sempre assim, está escrito em nossos genes, as exceções apenas provam a regra. A harmonia só é verdadeiramente possível nas relações imediatas, de amigo de família, de pequeno grupo, todo o resto é guerra.

    Lu_Witovisk

    Na verdade eramos saprofagos na questão da carne. A dieta era onivora com componente vegetal bem grande. Essa idéia do homem "predador" foi cultivada pós-sedentarismo. Se tivessemos permanecido tribais, os grandes nós que vivemos hj não existiriam. O homem "conquistou" o mundo pq tem: polegar e o cerebro capaz de resolver problemas complexos, nada a ver com força ou valentia.

    E, no ultimo seculo, tentam nos enfiar guela abaixo essa estoria do predador natural para justificar a ânsia desmedida por lucro.

    Não é o homem que é o predador, nem o "virus" como alguns gostam de vender. A predação, incluindo as guerras, fica a cargo do sistema, nas costas dos 1%. Os 99% são as "presas".

    Eduardo Di Lascio

    Está provado que as tribos pré-agricultura se atacavam e se matavam por causa de território, fontes de água, caça e coleta ou mesmo, para roubar fêmeas. Olha só que maravilha: https://sites.google.com/site/violenciaeprehistor

    Lu_Witovisk

    Claro, mas não tem comparação com as disputas pós sedentarismo. Muito piores em escala e motivos.

    Mário SF Alves

    Lu, gostei disso aí. Vale uma discussão mais aprofundada, né não?

    Eduardo Di Lascio

    Inclusive aqui, onde boa parte das discussões é cheia de rancor, pouco nos preocupando em entender os pontos de vistas com os quais não concordamos.

    Mário SF Alves

    Beleza de argumento; o problema é que nem o Hitler faria melhor.

Marcus Fitz

A elite lê Rousseau (Do Contrato Social) e aplica Orwell (A Revolução dos Bichos)…
Se pudessem voltariam no regime Casa Grande & Senzala.

MF

Julio Silveira

Aqui costumamos conjecturar os porques sem ir a fundo na história do país.
Acostumados que estamos a recitar a expressão democracia, com entendimento contextualizado pelos grupos que substutiram o império. O cidadão ainda não compreende a profundidade que o termo expressa. Compramos a versão. Aquela de que a democracia precisa de tempo para se consolidar e o cidadão se acostumar. Enquanto isso dá-lhe lavagem cerebral, mensagem sub-liminar, dá-lhe expresões como o povo não sabe votar, ou coisas que o valha, para diagnosticar derrotas de pontos de vista particulares ou mesmo antagonismos com a visão que se quer impor e que querem firmar como de democracia.
O povo brasileiro veio sendo construído, como refem do império. A turma que fez a republica eram constituídas por fãs do império e modelaram a republica brasileira de forma que ficassem preservadas muitas das estruturas imperiais. O classismo é uma evidente herança. inda hoje costumamos ouvir nos noticiários menções sobre as famosas "famílias quatrocentonas", mais que por ações meritórias, a lembrança é gerada com a conotação de "nobreza" que a antiguidade produz, conceito antigo, Indu, mas que ainda produz seguidores, como um "antiguidade é posto". Para construirmos um Brasil democrático, de fato, há que desconstruir essa cultura, que vem lá de trás, como que passada atráves do DNA, no inconsciente coletivo do cidadão, precisamos e devemos educar os novos cidadãos para a verdadeira democracia, em que cada cidadão valha, o mesmo, de fato, isomicamente, para o País, e, principal, destruir os pilares que mantem em pleno século XXI o Brasil como um País de convenientes estruturas coloniais.

    Bonifa

    Você está coberto de erros históricos da cabeça aos pés. Seria bom estudar bastante, e longe dos livros da secretaria de educação paulista.

    Julio Silveira

    Será? Você que quer parecer tão ilustrado, talvez até o seja , me ensina a seu conceito da história da democracia no Brasil? por favor fora do que voce chama ranço da educação paulista, que sequer conheço, já que nunca estive mais que dois dias nesse estado. .

Regina Braga

Como sempre um excelente texto…Momento mais que oportuno para debates..a elite podre,revela a sua outra face…perante um povo perplexo.Que livro do Amaury! Mostrando de forma clara e contundente o colonialismo da elite.Muito vai ser alterado,mas com certeza vc ,professora, ajudou muito nas mudanças.Grata.

Ramalho

Oligarquia é o sistema político no qual o poder (e não o governo) é exercido por um pequeno grupo de pessoas de um mesmo partido, classe, ou família, certo? A oligarquia pode usar o sistema político formal para exercer o poder, afora forças militares, judiciário e forças armadas, isto sem se falar de líderes religiosos, forma clássica do uso de terceiros para o exercício do poder. Um rápido olhar na história brasileira recente mostra que no Brasil, até recentemente, foi assim que a oligarquia usou e abusou do país. Hoje, como diz Chauí, a oligarquia está incomodada com as contestações.

O "núcleo duro" da oligarquia secular, conta com prepostos, a sua periferia. Esta é composta de sabujos vendidos, oportunistas, estúpidos, ladrões e traidores em geral. São estes os sustentáculos venais da oligarquia. Sabujos vendidos pululam a cúpula de certas redações de órgão midiáticos e partidos políticos. Oportunistas aproveitam-se de uma migalha aqui e acolá atirada ao chão pelos poderosos, e locupletam-se de pequenos cargos público, de pequenas corrupções, de desvios do dinheiro público menores. Estúpidos são os classe medianos que pensam ser burgueses e que discursam como se o fossem, atirando no próprio pé e no pé de amigos, parentes e descendentes. Ladrões e traidores em geral são os que roubam para valer. Fingem-se, a princípio, serem de esquerda, traem-na e arrebentam com a nação para tornarem-se também burgueses. Exemplos de membros da cambada? Olhe ao redor.

Na esquerda, ao menos por enquanto, mormente em governos de coalizão como são os mais recentes, não há que se falar em oligarquia. A esquerda tem sido eleita democraticamente – democracia e oligarquia são sistemas diferentes – na contra mão do menor poder econômico da esquerda e da obstinada e truculenta oposição dos porta-vozes da direita oligárquica (pleonasmo, pois só esta existe) destituída de quaisquer ideologias, que não a de roubar o Estado e de explorar o Povo (que falta faz a economia política). Portanto, falar em oligarquia da esquerda no Brasil, como alguns fazem aqui, é manifestar estultice e/ou má-fé.

Não se deve olvidar que todos os golpes de Estado que derrubaram governos no Brasil foram golpes de direita. A oligarquia sempre se pôs acima da vontade popular (melhor dizendo, sempre foi contra os do Povo, coisa constatável nas agressões ao falar popular, por exemplo) tentando invariavelmente o "terceiro turno" todas as vezes que não conseguiu manipular as eleições. Quando Getúlio quedou-se à esquerda, depuseram-no. Tentaram depor Lula. Atacam o governo Dilma. Depuseram Jango, que sobreviveu ao golpe tentado por Jânio, e implantaram a ditadura militar. E sempre com o discurso de moralidade pública, logo a direita cujo único propósito é o de roubar o Estado e a Sociedade.

A direita, além de não admitir contestação, é risco grave para a democracia, pois oligárquica. A história prova.

Carlos J. R. Araújo

A Marilena Chaui é uma otimista tardia, até porque, lendo os livros e artigos que ela escreveu se vê que o otimismo, ali, não tem lugar. Tudo bem, valeu a mensagem. Sou pessimista e estou com Milan Kundera, para quem certas lesões sociais são parecidas com as lesões físicas, umas são recuperáveis, outras não. E às vezes, mesmo aquelas recuperáveis, a recuperação delas pode levar décadas e décadas. É só olhar a história de Pindorama. Infelizmente. E aí, para uma mudança mais imediata, só virando a mesa.

José Stefanini

Por quê essa néscia política chamada Dilma Roussef não reage, não faz nada, fica vendo a banda passar…? Porque o PT não convoca uma CPI sobre as privatizações e outra sobre a mídia ser comprada pelos governos tucanos? Até Lula que tem carisma de sobra começou a reação no final de seu mandato, convocou Franklin Martins e deixou pronto projeto de democratização da mídia, aí vem Dilma e seu Paulo Bernardo e enterram o projeto.
Nossa Frankstein faz o quê na Presidência da República?
Fica apenas trabalhando desde bem cedo como uma gerentona, uma técnica, trancafiada em sua sala. No fundo não passa de uma mimada e autoritária de classe média alta que lutou contra a Ditadura e agora se acovardou (vide Gabeira, Aloysio Nunes e outros).
Ela é Presidente da República e fica calada. Quando um ministro seu é atacado pela mídia, só sabe chamar o ministro "às falas" para se explicar e dizer com aquele seu jeito carinhoso e carismático: "não iremos tolerar o mal-feito". Argh!!! Que decepção…
Dilma só ganhou esta eleição graças ao Lula, e digo mais, mesmo com o apoio de Lula teria perdido se o cadidato não tivesse sido o Serra, que consegue a proeza de ser menos carismático que ela.
Sei que vou ser defenestrado por este comentário, mas a paciência já se esgotou…

    Morvan

    Boa tarde.

    Calma, José Stefanini

    Dilma não pode mudar sozinha uma sociedade que vem errado faz um bom tempo. E que bom que ela venceu, senão nós poderíamos estar aqui discutindo, não a excelente marilena Chauí, e sim, quiçá, porque ninguém fez nada contra a venda da Petrobrás! Você há de saber que a Petrobrás só tem o velho Brás no nome mercê de termos, por três eleições, evitado que o PSDB pegasse de novo o osso.
    Eu me indigno tanto quanto você, mas os partidos são meio letárgicos, e com o PT não é diferente, já que é o partido no poder.
    Chamá-la de néscia também não ajuda muito, acredite. Ela é uma pessoa muito capaz e – malgrado eu também discorde de alguns dos seus métodos – fico muito feliz por estar sendo governado por ela e não pelo SSerra.

    :-)

    Morvan, Usuário Linux #433640.

Luci

E a mídia golpista desqualifica a legítima contestação de Movimentos Sociais, é o poder de dominação e controle da oligarquia instalada no Poder.
“Mexer na estrutura da sociedade brasileira é uma tarefa de todos. E o começo disso passa pela percepção de que existe uma violência estrutural, um autoritarismo. Se isso não for percebido, não temos como lutar”.
O texto é uma excelente análise de uma injustiça permenente e sub cidadania imposta a determinados grupos sociais.
Na obra "Rumo à Justiça" prof. Comparato escreveu (pág.11) : "É pois , em relação às mentalidades sociais que se põe a questão fundamental de uma educação para a Justiça".

Andre Luis

O apresentador do programa "O Aprendiz!, João Dória é a mais nova aquisição tucana … (Como se ninguém soubesse) … E por conta dessa sua "saída do armário" e ter se assumido como baba ovo de FHC, JD também mudou sua atitude no programa, se comportando de forma agressiva em relação aos concorrentes, chegando até ser grosseiro. Sobre isso ele diz que é necessário pois "brasileiro" (sic) gosta de ser tratado com rigor. Ou seja, para a tucanada, botar o coturno da PM na nossa cara é "amor". Por outro lado fico feliz que esse "jornalista" tenha assumido seu romance com o PSDB … Os caras se merecem …

Sagarana

É verdade, eu, homem caucasiano, me sinto muito discriminado ultimamente.

ricardo silveira

Não discordo, pois acredito que sem sociedade civil politizada, a coisa não anda. Mas, em suma, o povo não pode sair das ruas, pois, embora tenha escolhido governantes que acreditava voltados para a maioria, a realidade após a eleição parece que muda para quem exerce a representação e, trocar a representação não vai resolver, pois, pelo visto, a questão não é ideológica. Se seguir esse raciocínio, ao pé da letra, vou concluir que qualquer partido serve.

José Antero Silvério

"…as mudanças profundas que vão acontecer não só no Brasil, mas em escala planetária. Uma mudança no saber, na ciência, na tecnologia que por enquanto ainda estão muito afogadas dentro da estrutura capitalista vigente, mas elas têm potencial de mudança e transformação muito grande”, aponta a filosofa."

Por que será que ao ler estas s´bias palavras me vem amente a Primavera Árabe e a famosa praça Tahrir?

jaime

Um país que vive o conflito com muito mais naturalidade é a Argentina. Basta acompanhar pelas notícias divulgadas pela própria mídia de lá, que se percebe. Enquanto os argentinos vivenciam que democracia é o exercício do conflito, os brasileiros vivenciam que o conflito é desobediência (e repressão). Isso faz toda a diferença e dizer "que inveja dos argentinos" não resolve. É preciso fazer o caminho das pedras para conseguir esse estado de coisas. Gostei muito da parte em que a Marilena diz "Não é porque o Brasil se democratizou que os movimentos se tornaram possíveis, é exatamente o contrário: porque os movimentos se organizaram, existiram e lutaram que eles tornaram possível a democratização do país”. Em resumo, liberdade dada não é liberdade. Se eu fosse sindicalista prestaria muita atenção nessa frase.

    Morvan

    Boa tarde.

    Na ferida, jaime. Você fez um retrato fiel do "modelo educacional" brasileiro.

    Triste saber que este país reprimido, "cordato", se deu após o golpe de 64. Éramos uma sociedade questionadora (vide os sempre atuais livros de Maria Luisa Ribeiro, que fazem todo o histórico educacional do Brasil até o hodierno).

    Estes milicos f.d.p., a mando dos nossos eternos "amigos" estadunidenses desmantelaram todo o ganho político do Brasil.
    Mas vamos devagar e sempre.

    :-)

    Morvan, Usuário Linux #433640.

Substantivo Plural » Blog Archive » Marilena Chauí: “Grupo oligárquico não admite nenhuma contestação”

[…] Por Vivian Virissimo, no Sul21, sugerido pelo Igor Felippe NO VI O MUNDO […]

nadiê

As maiores e mais queridas mudanças só acontecerão quando não tivermos que ver mais analfabetos no Brasil; quando o ensino for suficiente, já no primeiro grau, para fornecer elementos pensantes aos jovens. Ainda assim será uma batalha, visto que políticos estão pagando pra enfiarem goela abaixo apenas um tipo de revista e um tipo de jornal nas escolas públicas, e privadas também. Meu sobrinho, de 15 anos, estuda em MS numa escola de elite, e os pais são obrigados a ter assinatura da VEJA. Já houve muuitos avanços nesse sentido, só que precisamos ver mais e mais.

EUNAOSABIA

Sempre estudei em escola pública, desde sempre, lembro que quando eu ainda estudava o curso primário, sexta ou sétima série no máximo, tinha uma matéria chamada "Religião", lembro que era um professor alto e magro, fumava sem parar, essa matéria não reprovava, era como uma aula de filosofia de hoje, uma espécie de bate papo informal… acho que eu deveria ter uns 13 anos no máximo…. já que com 17 passei no vestibular…

Mas pois bem, era uma espécie de bate papo, uma dessas aulas eu nunca esqueci na vida, posso ter esquecido todas as aulas do meu curso primário, mas dessa não esqueci, o professor fez uma pergunta e pediu que cada um desse sua opinião, a pergunta era… "Qual o bem mais importante, a vida ou a liberdade?"… foi dado um tempo de reflexão e depois cada um expôs sua opinião, boa parte dos alunos optou pela vida como mais importante… acontece que depois de um debate, acho que a maioria mudou de idéia e escolheu a liberdade, a liberdade como mais importante do que a própria vida….

O que certas pessoas querem é cassar nossa liberdade, essas pessoas com um ranço totalitário incontido querem apenas uma oportunidade para acabar com o bem mais importante do ser humano, a liberdade.

    Luiza Helena

    Eunaosabia,

    Filosofia reprova sim, hoje está oficialmente na grade, graças a uma luta árdua. Juntamente com Sociologia e Psicologia. Apesar de estar oficialmente na grade, entre os próprios colegas ainda há o tratamento de que são "perfumarias" que não importam e apenas preenche horário! Muitos de nós, professores de Filosofia, fazemos nossa parte com responsabilidade e seriedade, pedimos aos demais, colegas, pais, cidadãos que façam a sua dando à reflexão e a debate a importância devida, para que não tenhamos que lutar contra o "escárnio" e pouco caso dos alunos também!!

    EUNAOSABIA

    A senhora é professora universitária?? eu só vim estudar "Filosofia" já no curso superior.

    Esse meu caso é totalmente verdadeiro, devia ter uns 13 anos na época, mas a matéria se chamava mesmo.. "Religião"…. nunca me esqueço do debate deste dia…

    Acredite, talvez tenha sido neste dia que eu comecei a criar dentro de mim uma completa repulsa contra pessoas ou entidades que querem controlar nossas vidas, não me refiro ao conjunto de normas legais ou regras de um país, nem tão pouco aos estatutos de uma corporação, sou uma pessoa 100% legalista, obediente ao arcabouço legalmente emanado dos poderes instituídos de forma democrática. Eu me refiro a alguém ou grupo que estando no poder, de forma totalitária tentam impor sua vontade na base da força e da coação, tiranos mesmo, acho que foi daí que eu percebi o quanto a liberdade é um bem importante.

    Quero ter a liberdade de escolher o que serei na vida, não preciso que ninguém me diga que horas devo chegar em casa ou quantos quilos de carne ou pão eu terei direito por mês.

    betinho2

    EUNAOSABIA
    Presume-se que, se houve debate sobre essa questão, foi antes da ditadura golpista dos militares, onde a vida deixou de ter valor e a liberdade era somente de aplaudir o golpismo. Em resumo, devemos a atual liberdade (até a sua de vir aqui trollar) à esquerda e aos que a exemplo de Dilma expuseram a sua VIDA em busca da LIBERDADE que você apregoa. Quem bom se essa LIBERDADE se estendesse ao direito à informação que a grande mídia nos nega, pois ninguem é vedadeiramente livre se tapado e desinformado como você.

    José Roberto

    Betinho, cai na real e não delira.
    A esquerda foi massacrada pela ditadura, como um elefante esmagando formiga.
    Não estou menosprezando a coragem de Dilma e cia. em partir para a luta armada contra a ditadura, confesso que não teria coragem de fazer o mesmo. Agora dizer que a ditadura caiu por causa dessa molecada é desconhecer completamente a história.
    Os militares saíram do poder quando e como eles quiseram, essa é a verdade. Eles ditaram o ritmo e os termos da abertura política. Basta ver a Lei da Anistia, que até hoje não foi revogada, e a derrota das Diretas-Já.
    Outra coisa, qual informação é essa que a grande mídia nos nega? Mais, a quem caberá determinar qual informação nos é negada? Quem terá essa suprema clarividência? Conhece alguém?
    Sds.

    Bruce

    É um equívoco dizer que a Dilma e a turma dela pregavam a democracia. Um dos grandes financiadores dessa galera era o Fidel Castro, e dizer que o Fidel financiava a democracia é uma maluquice.Não é mesmo? O que os radicais de esquerda queriam de fato era uma ditadura, só que uma ditadura de esquerda. Ainda bem que venceu a ditadura militar, a ditadura militar é mais "biodegradável', podemos dizer assim. Deem uma olhada para Cuba, e me digam, Não foi melhor a ditatura militar???

    Leider_Lincoln

    O que outras querem é roubar, não é mesmo? O que tem a nos dizer do Serra e sua família e do FHC & PHC, já que você não gosta de enganar ninguém, Richard?

    EUNAOSABIA

    Rapaz, o que eu lhe fiz?

    Jason_Kay

    FATO!

    Bonifa

    O que quero mesmo é denotar o tirano que me manda escolher entre a vida e a liberdade.

Luiz Fortaleza

I LOVER HER.

Michele_Sacardo

Grande Chauí.

Clayton Coelho

Aqui em Minas sabemos muito bem o que é isso: falta de DEMOCRACIA.

Alberto Santos Neto

Não é só a Sra. Marilena Chauí, que não vai ter tempo de vivenciar as mudanças que virão. Todos os 190 milhões de brasileiros que vivem hoje, também não verão mudança alguma, principalmente no Brasil.

Alessandro

Marilena Chauí é um dos grandes orgulhos intelectuais que esse país(tão em falta com o pensar,refletir)tem.Embora com alguns avanços sociais conseguidos pelos governos Lula e agora Dilma,o esqueleto ainda está no armário,comandando o cenário político-econômico deste país.Se engana quem pensa que essa oligarquia está necessariamente nos partidos,ela influencia-os,comanda-os,sem necessariamente estar diretamente associado.
Essa mulher guerreira,especialista em Espinosa de renome internacional,já foi chamada pela acéfala Veja de "Vagabunda". É inacreditável a perversidade da imprensa marrom.

    Morvan

    Bom dia.

    Alessandro, ser chamado pela InVeja de qualquer coisa já é um grande elogio. A InVeja só existe porque existem basbaques que a leem / compram e um Governo que põe dinheiro (que, com um pouco de bom senso, iria para saúde e educação) nesta bomba golpista através da "propaganda oficial".
    Marilena Chauí deve ter se sentido reconfortada, caro Alessandro.

    :-)

    Morvan, Usuário Linux #433640.

    Marcelo

    E a Marilena escrevia pra FOLHA nos anos 80.Diziam que a Folha era um jornal a serviço do PT.

Morvan

Bom dia.

Grande brasileira, Marilena Chauí.

Mexer na estrutura brasileira é trabalho de formiguinha, ou seja, tem que ser feito no dia-a-dia e sempre. Tem que ser plantada e aí é onde começa o problema: a sociedade não está pensando a si própria. Em salas de aula, onde se formam homens ou massa de manobra, não se está construindo – no geral – o cidadão de amanhã, porque o próprio Estado [arcaico] e suas representações caducentes não têm como pensar um amanhã diferente.
A educação de uma sociedade é a própria visão da sociedade projetada.
É aí onde entra a nova mídia. A Internet seria a ponta-de-lança de uma sociedade mais politizada, porém os que podem mudar não têm ou não percebem a importância desta importantíssima ferramenta social.
Só a escola e seus mecanismos de reprodução do autoritarismo não nos tirarão do atoleiro.

:-)

Morvan, Usuário Linux #433640.

    Zé Francisco

    Caro Morvan, penso que mexer de verdade na "estrutura brasileira" equivale a uma revolução, com gente na rua, enfrentamento e tudo mais. Era tudo o que eu queria. Regulaçao e democratização da mídia, comissão da verdade e punição para os torturadores assassinos, reforma agrária, 10% do PIB para educação com participação da sociedade, reforma polpitica e finaciamento público de campanha e outros. São por essas e outras que eu me canso, às vezes. Tá faltando um pouco de VPR e Mariguela aos nossos progressistas, falta sonho, falta coragem, de tudo falta um pouco.

    Gerson

    Prezado Morvan,

    O analfabetismo político ainda é enorme no nosso Brasil.
    Acho, que sabendo disso, é que a Marilena disse que ela não verá isso mas as próximas gerações verão pois como voce mesmo diz, "é um trabalho de formiguinha" e isso leva tempo.

    Minha percepção é que no mínimo uns 20 anos para ver os resultados desse trabalho.

    Tomara que seja antes. É minha torcida.

    abraço.

Romanelli

sei sei

quer dizer que só o grupo oligárquico, mais precisamente os da direita e capitalistas é que não admitem contestação

tá então.. francamente, vou fingir que concordo só pra não parecer inconveniente aqui tb.

O MAL ESTA NO HOMEM e na sua relação com o poder !! ..e a solução ? ..bem, esta ainda esta por ser inventada tb

    Klaus

    Romanelli, é só olhar para História e verificar que, se tem uma coisa que a esquerda admite, é contestação. Estãos empre abertos a ouvir o outro lado, seja no Brasil, China, Cuba ou na antiga URSS. Democracia é isto aí.

Fabio_Passos

A violência institucionalizada é o que mantém a diminuta "elite" branca e rica no poder.
polícia reprimindo, torturando e assassinando pobre é o que a "elite" e a mídia-corrupta chamam de democracia.

Temos de derrubar esta ricaiada inescrupulosa que nada em privilégios indecentes.

Poder para o povo pobre!

    Eduardo Di Lascio

    Na esfera do coletivo não existe poder benigno, não importa quem esteja no papel de exercê-lo. Socialmente, o ser humano é uma besta corrupta e inviável.

Jorge Silva

não vejo diferença entre a oligarquia apontada pela Prof. Chaui e a qual ela própria pertence, ou seja, a oligarquia do partidão, ambas autoritárias, porém a dela mais ideologicamente policial.

    Luiz Fortaleza

    é melhor calar do que falar asneira… tolice.

    EUNAOSABIA

    Luiz Fortaleza, o senhor está coberto de razão.

    Julio Silveira

    Tinha que dar o ar da desgraça.

    Fábio

    Desculpe, Jorge, mas dizer que a profa. Chaui pertence a oligarquia do partidão é desconhecer o que significa oligarquia e o que foi o "partidão".

    Lu_Witovisk

    E desconhecer a própria Chauí. Patético.

    Leider_Lincoln

    Talvez ver você até veja, já que tem olhos funcionais… O problema deve estar em interpretar, não é mesmo? Para isso, afinal, são necessários neurônios e sinapses.

Marilena Chauí: “Grupo oligárquico não admite nenhuma contestação” | Viomundo – O que você não vê na mídia | Mesa do Futepoca | Scoop.it

[…] Marilena Chauí: “Grupo oligárquico não admite nenhuma contestaç&a… Sobre o núcleo da sociedade brasileira… Source: http://www.viomundo.com.br […]

Deixe seu comentário

Leia também