
por Luiz Carlos Azenha
Separo minhas páginas individuais do Facebook, as duas, das postagens neste blog e na página oficial do Viomundo. Lá eu escrevo à vontade. Escrever para o blog requer de mim uma reflexão mais apurada.
Como escrevi lá, eu não teria nenhum problema em votar em Marina Silva em outras circunstâncias políticas. Talvez venha a fazê-lo no futuro. Sou pragmático. Já votei em Orestes Quércia para senador, quando votar nele significava, de certa forma, enfraquecer a ditadura militar. Já votei em Franco Montoro, um democrata cristão. Já votei em candidatos do MDB, do PMDB, do PT, do PSB, do PCdoB e do PSOL.
Tenho amigos eleitores de Marina que me acusam de, no Facebook, fazer críticas a ela parecidas com as que Lula sofreu quando foi candidato em 1989. Minha resposta: as circunstâncias são diferentes. Lula, então, tinha fundado um partido político, tinha apoio de uma parcela significativa da igreja católica, tinha ajudado a fundar uma central sindical e tinha sido figura-chave tanto em negociações sindicais quanto no enfrentamento da ditadura. Marina, agora, apesar do significativo número de votos obtidos em 2010 pelo PV, não conseguiu fundar seu próprio partido, entrou num terceiro partido às vésperas da campanha — partido do qual pretende sair — e não tem qualquer garantia de uma base parlamentar significativa caso ela se eleja, a não ser que ganhe de lavada no primeiro turno, uma improbabilidade.
O mais provável é que forme uma bancada com os votos (30%?) do primeiro turno, uma bancada para um partido, o PSB, do qual pretende sair! Nestas circunstâncias específicas, como ficará a “nova política”? Vai fechar o Congresso? Ou vai negociar cargos como sempre fizeram os presidentes anteriores? Vai formar maioria com o PSDB? Vai ter de entregar cargos para a “velha política” para garantir sustentação?
Já imaginaram outra experiência tipo Partido da Reconstrução Nacional (PRN) do Collor? Com a sexta ou sétima maior economia do mundo? Em um quadro de grave crise internacional? Em um quadro no qual o capital financeiro, abalado em seu tripé Estados Unidos-Europa-Japão, quer e já está avançando sobre os recursos naturais em todo o mundo? Ou vocês acham que foram por acaso a destruição da Líbia e do Iraque e as tentativas de destruição institucional da Venezuela? Se fossem países áridos, sem nenhum petróleo, vocês acham mesmo que o eixo Washington-OTAN iria se preocupar com eles?
Portanto, que fique claro que minha posição política é embasada numa lógica. Talvez esteja completamente equivocada. Neste quadro, Marina é uma aventura política impulsionada pela justa revolta de setores importantes da sociedade brasileira (Dilma tem taxa de rejeição de 43% entre os eleitores de menos de 30 anos, a confiar no Datafolha) com a crise institucional do país. Minha resposta? Constituinte exclusiva. Isso, sim, é “nova política”.
Além do mais, eu jamais, nem sob tortura, votaria em candidato ou candidata que se propusesse a extinguir a já frágil soberania financeira do Brasil, entregando-a direta ou indiretamente à Citi de Londres ou a Wall Street. É o que significa dar autonomia ao Banco Central, que hoje já define as taxas de juros depois de ouvir… banqueiros.
De qualquer maneira, quero deixar aqui as razões pelas quais um eleitor de Marina — que não identifico porque ele não me autorizou a fazê-lo — expôs para escolher a candidata do PSB. Na verdade, foram sugestões de pauta para o blog. Deixo claro que já tratamos de várias delas:
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1. O Itaú é o quarto maior doador da campanha de Dilma;
2. Katia Abreu articulou o fim das novas unidades de conservação no país que ainda tem muita área de urgente necessidade de preservação a ser constituída;
3. O Decreto 7957/2013 que autoriza o exército a entrar em terras indígenas para fazer estudos de impacto de empreendimentos sem que os indigenas sejam ouvidos, como preconiza a OIT 169, que Dilma fingiu tentar regulamentar apenas para se safar das sanções da OEA, mas seguiu usando estratégia militar contra os povos da floresta;
4. A portaria 303 que a AGU fez a pedido de Dilma para impor as condicionantes de Raposa Serra do Sol a todas as outras terras indígenas do Brasil, quando o próprio STF julgou contrário a vincular estas condicionantes, que limitam o usufruto exclusivo dos indígenas ao seu território;
5. Apoio ruralista para todas as 562 mortes de indígenas neste período, um aumento de 269% de assassinatos de indígenas durante o período de governo da presidente Dilma.
O leitor também sugere que eu inclua “na sua lógica marxista a floresta como palco de luta de classes, para entender como este governo está à direita e se lixando para nossa diversidade socioambiental”.
PS do Viomundo: Não inclui os trechos em que meu caro amigo de página repete os mesmos argumentos de Reinaldo Azevedo ou Merval Pereira sobre blogueiros — chapa-branca, governista, et. al — por serem irrelevantes. Mas, em nome de combater a desinformação, sugiro a ele que siga alguns links deste site sobre a questão ambiental. Apresento “apenas” 15, para não chatear quem realmente é leitor do Viomundo.
Notem que é tudo direto ao ponto, não tem nenhum blábláblá:
Contra a nomeação de Kátia Abreu para o ministério Dilma
Capobianco: Na questão ambiental, governo Dilma é pré-histórico
Lúcio Flávio Pinto: Ritmo de exportação de minério de ferro é “crime lesa Pátria”
Portaria 303 da AGU afronta os direitos indígenas
A guerra contra os Guarani em Mato Grosso do Sul
ANP acusada de atropelar direitos indígenas
Pesquisa confirma toxina transgênica no sangue de mulheres canadenses
Exclusivo: A pesquisadora que descobriu veneno no leite materno
Stédile: Globo faz parte da associação do agronegócio
Claudio Puty: Ruralistas querem abrandar conceito de trabalho escravo
Kátia Abreu: Pobres têm que comer comida com agrotóxicos, sim!
Pública: No Tapajós, energia para quem?
Lúcio Flávio Pinto: Ocupação da Amazônia ainda segue diretriz da ditadura




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