Bancários: Piso salarial no Brasil é menor do que no Uruguai e Argentina

Tempo de leitura: 3 min

Da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT)

O piso dos bancários brasileiros é mais baixo que o praticado pelos bancos da Argentina e Uruguai, segundo pesquisa feita pela Subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos) da Contraf-CUT. O salário de ingresso nos bancos no Brasil é equivalente a US$ 735, mais baixo o dos uruguaios (US$ 1.039) e quase metade do recebido pelos argentinos (US$ 1.432).

A comparação do valor por hora trabalhada também é bastante desfavorável para os bancários do país. O piso dos brasileiros é equivalente a US$ 6,1 por hora de trabalho, enquanto os argentinos ganham US$ 9,8/hora, seguidos pelos uruguaios, que recebem US$ 8/hora. Segundo o levantamento, cerca de 140 mil bancários recebem o piso no Brasil, o que significa aproximadamente 30% ou quase um terço da categoria.

“É uma situação absurda. Os bancos brasileiros são os maiores da América do Sul e estão em franca expansão, aumentando sua participação nos mercados do continente, comprando bancos nos países vizinhos, como é o caso do Itaú. Não é possível que paguem aqui um piso salarial menor do que na Argentina e Uruguai”, indigna-se Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.

Uma prova desse processo de internacionalização foi a notícia veiculada nesta quinta (29) nos jornais de que o Itaú Unibanco comprou a carteira de clientes do HSBC no Chile. São 5,5 mil novos clientes de alta renda para o banco brasileiro.

Cordeiro destaca que a valorização do piso é um passo na diminuição da concentração de renda no Brasil. “O Brasil está crescendo e já é a sétima economia mundial, mas ocupa a vergonhosa décima posição entre os países mais desiguais do planeta, sendo que o sistema financeiro nacional contribui ativamente para essa mazela. Um alto executivo de banco chega a ganhar até cerca de 400 vezes mais que um bancário que recebe o piso, o que é injustificável”, avalia.

Levantamento do Dieese feito com base no relatório de administração dos seis maiores bancos do país mostra que a remuneração dos executivos somou R$ 665 milhões apenas no primeiro semestre de 2011, um crescimento médio de 12% em relação a 2010. No Santander, o crescimento foi ainda maior, atingindo 45% no mesmo período.

Após cinco rodadas de negociação com o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, a proposta apresentada pela Fenaban não garante a valorização dos pisos, limitando-se a um índice de reajuste de 8% em todas as verbas – o que significa um ganho acima da inflação de apenas 0,56%. Pela proposta, o piso passaria dos atuais R$ 1.250 para R$1.350, muito abaixo da reivindicação da categoria, que é o salário mínimo do Dieese, calculado em R$ 2.297,51 em junho.

“A valorização do piso é uma das principais reivindicações da Campanha Nacional dos Bancários e, por isso, precisa ser contemplada pelos bancos na construção de uma proposta decente para resolver o impasse da greve da categoria”, conclui o dirigente sindical.

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Comentários

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Lucas

Gostaria de propor uma discussão: Em primeiro lugar, obrigado Azenha pela mensagem positiva. Piso é uma discussão pertinente, mas, Brasil não é Uruguai. O Bradesco e Caixa Economica Federal possuem agencias barco navegando pelo estado do Amazonas para atender seus cliente no caso do Bradesco e povo brasileiro no caso da Caixa. O salário de bancário é especialmente vergonhoso em cidades como São Paulo, Rio e Brasilia, cidades onde a atividade bancária é intensa.
O custo de vida nessas cidades é altissímo e eventual aumento real é linear para funções e regiões. Um gerente de agencia de cidade de interior pode ser mais poderoso que o "dono" da cidade. Em brasília, um bancário é só um classe média baixa dependendo do tamanho da familia, com muito mais responsabilidades e trabalho.
Emrpesas nacionais devem enxergar o país de forma regional. Não sei como, parece injusto equivlencia por custo de vida, mas do jeito que está também é injusto. O que podemos fazer? Além de tirar migalhas de banqueiros ano após ano com greves que só penalizam os clientes? Sou bancário, estou em greve e aprecio sugestões …

EUNAOSABIA

A "Grande Mídia", para usar de um jargão corrente entre os panfleteiros profissionais da rede, está denunciando que esses bancários estão recrutando pedestres ao acaso ou curiosos e lhes oferecem dinheiro (50 reais) a fim de que produzam número nessas suas manifestações.

    Armando

    E você acreditou, falastrão????? Quais são os maiores anunciantes nessa mesma "grande e porca imprensa"?

    Guanabara

    Sou panfleteiro profissional e não sabia! Adoro as acusações que, na prática, são projeções. Me senti um blogueiro sendo chamado de sujo! Me deu orgulho! Obrigado pelo elogio.

Guanabara

Enquanto isso, a grande mídia, que mais parece um sindicato patronal, só fala "da população que sofre com a greve". Fico imaginando se ainda tivéssemos uma escravidão oficializada como tivemos no Império, como seriam noticiadas as revoltas dos escravos.

Pedro Luiz Paredes

Assine contra os bancos norte americanos:
http://www.avaaz.org/po/the_world_vs_wall_st/?cl=

Sônia

No Jornal da Bandeirantes, hoje, 6.10, o Joelmir B., deu um 'aviso' soturno ao governo federal, quanto ao fato de estar 'tolerando' os sindacalistas e tais da greve dos Correios.
Como fiquei impressionada com o 'tom' do discurso, não posso reproduzir fielmente o que o jornalista disse, mas a finalização foi: "essa é a posição da rede bandeirantes de televisão"

EUNAOSABIA

E pensar que o The Doctor quando era sindicalista fazia greves e mais greves por aumento de salários dessa catiguria.

No poder ele deu um bananão pra essa turma que sempre votou nele e se aliou aos rentistas que espoliam o couro de quem paga imposto, depois de oito anos do governo do Padim ainda pagamos os maiores juros do mundo…. quando eu digo que ele não passou de um medíocre copia e cola…. esse honoris…

assalariado.

Eu como assalariado(de fato) digo que: Patrão é tudo igual, só muda o endereço. A vontade que tenho, ao referir-me a estes agiotas legalizados do capital é dizer um baita palavrão, mas em respeito aos leitores e comentaristas não vou dizer , mesmo porque certamente seria censurado.

Por outro lado, agora há pouco o TST( Tribunal Superior do Trabalho) decidiu que: os trabalhadores dos correios tem que colocar 40% da categoria para trabalhar em cada agencia. Por que então esta instância burguesa, orgão do Estado burgues (portanto faz o jogo da burguesia patronal), não determina que os patrões estatais e privados (neste caso, os banqueiros), reponham os salários arrochados/ surrupiados, pelos patrões e seu Estado.

Nunca é demais lembrar que: o Brasil já é a 7ª economia do planeta porém, é o 75º em IDH (Indice de Desnvolvimento Humano). A burguesia privada e seu Estado social democrata (governo), capitalismo de Estado, tem tudo a ver, é a corda e a caçamba. Me engana que eu gosto! Hipócritas!

Ana

O salário mínimo geral (assim como no Brasil, cada categoria tem seu piso salarial) na Argentina é de 2.380,00 pesos (aproximadamente 1.100 reais). Comida é caro, mas, as tarifas de serviços públicos são muito baratas. As contas de luz e de gás na Argentina são bimestrais, ou seja, nós as pagamos a cada 2 meses e eu, que moro sozinha, pago em média 60 pesos de energia e 20 pesos de gás pelo uso dos 2 meses (o consumo de energia agora no verão deverá subir para 90 pesos, pelo uso do ar condicionado e o gás baixar, já que não usarei mais o aquecimento). Passagem de metrô é de 1,10 pesos e a tarifa mais cara de ônibus (urbano) é de 1,25 pesos. Os automóveis custam a 1/2 do preço do que custa no Brasil. Não dá para comparar o poder de compra de um trabalhador argentino e de um brasileiro. Aqui se vive melhor.

Fabio SP

O piso salarial pode ser o mais baixo, mas, em compensação, os lucros dos bancos são os maiores… Brasil, sil, sil….

Yes we créu !!!

Por falar em bancos, aqui vai um artigo muito bom do blog "Projeto Nacional":

Por: Fernando Brito
O Estadão, hoje (04/10/2011), revela em editorial aquilo que, no fundo, está irritando o pensamento conservador brasileiro.
“A presidente Dilma Rousseff assumiu oficialmente o comando do Banco Central (BC) e a política de juros é agora decidida no Palácio do Planalto.”
A política de juros deveria ser decidida aonde?
Creio que o Estadão conhece alguns endereços, aqui e lá fora, onde ela já foi decidida.
Definir uma política de juros – o seu rumo, portanto – é definir um dos mais importantes eixos de uma política econômica para um país.
Pretende-se que o presidente da República esteja ausente desta definição? Que lave as mãos? Ou deveríamos ter um presidente do Banco Central eleito que nomeasse um presidente?
Definir uma política de juros não é o mesmo do que definir uma taxa de juros, esta sim uma atribuição do Banco Central, dentro da política que é traçada pelo Governo.
E a política do Governo é anti-recessiva, antidesemprego, anti-roda-presa. Porque é para isso que foi eleito este governo e não outro.
Mas o raciocínio do Estadão – e, por justiça, não apenas o dele – é o de que a soberania popular não alcança o campo da moeda, dos juros e, por extensão, o da economia.
O governo emana do povo e em seu nome será exercido, exceto em matéria de política monetária, no qual ele emana do “mercado” e em nome do mercado será exercido.
De fato, durante muitos anos foi assim. E nos levou ao que sabemos.

@lucasvazcosta

Trabalhar no Brasil não é negócio: quanto mais se trabalha, menos se ganha.

Professores, policiais/bombeiros militares e bancários são a prova viva disso.

    Fabio SP

    Veja quem parou de trabalhar e está rico: Lula, Serra, Pallocci, Zé Dirceu, Sarney…

Eduardo Diniz

O pior é que a diferença para os cargos comissionados não é tão grande. Confiram os dados do Dieese publicado em http://www.dieese.org.br/esp/empregoBancario07201… na página 12. Obervar que a média total (de todos os cargos) é de apenas R$ 2.330,25.

Remuneração média dos bancário admitidos da janeiro a março de 2011:
Diretores R$ 16.662,79; Gerentes R$ 5.605,17; Supervisores 5.422,93; Escriturários de serviços bancários R$ 1.479,32; Agentes, assistentes e auxiliares administrativos R$ 1.737,33; Outros 3.462,56; Média Total R$ 2.330,25.

    Edson

    Camarada Eduardo, estás enganado. Existe uma diferença brutal entre os cargos comissionados (alto escalão) e os demais, principalmente sobre os escriturários. Aliás é bom lembrar que no Banco do Brasil todos são escriturários e qdo possuem cargos comissionados vivem sob pressão de seus administradores que tendem a dar notas baixas nas avaliações semestrais visando seus descomissionamentos que depois de três avaliações baixas são descomissionados e pasmem o BB quer acabar com tal regra e busca descomissionar já na primeira avaliação… Este é o BB de Dilma e do PT.
    Voltando a carga das diferenças salariais, ressalta-se que a PLR dos comissionados são diferentes dos escriturários e neste caso os Diretores e demais cargos do alto escalão recebem o valor de um automóvel zero quilometro (40.000) . Buscam justificar suas responsabilidades…porém esquecem que todo mês já recebem um salário significativo e injusto com os demais para isso… e no dia a dia o RESULTADO CONTABIL do Banco são conquistados por TODOS indiferente do cargo e portanto, a PLR deveria ser distribuída igualitariamente a todos… na régua.

Fabio_Passos

A situação é ainda pior.

O real é uma das moedas mais valorizadas do mundo. Neste comparativo a taxa usada foi de 1 US$ = 1,70 Real. Há estudos que calculam o câmbio correto em 1 US$ = 2,90 Real. Mas vamos ser conservadores e usar a taxa que o ministro Guido Mantega considera razoável: 1 US$ = 2,60 Real.

Com esta taxa razoável – e não a taxa hipervalorizada – o piso do trabalhador brasileiro é de apenas US$ 481.

A comparação correta é: O piso do trabalhador brasileiro é menos da metade do piso dos uruguaios e um terço do piso dos Argentinos!

É uma pouca vergonha.

A banca abusa da mesquinharia. São organizações que não dão valor algum aos trabalhadores.
Promovem uma farra de salários nababescos para os altos executivos – que aliás não precisam fazer nada de exepcional para garantir gordos lucros em um país que pratica as mais altas taxas de juros do planeta – e ofende o trabalhador com um aumento de 0,56%.

Roberto Locatelli

Os banqueiros brasileiros conseguem ser piores patrões do que banqueiros de outros países…

    Fabio SP

    Impossível… Não se consegue comparar tanto "filhodaputismo" de ambos os lados.

Edson F. da Silva

Falar de piso salarial num país onde Educadores são total e vergonhosamente ignorados é chover no molhado.
As instituições financeiras são a pior das piores espécies. Os bancários viram crescer sua pauperização e, ao mesmo tempo, eles e todo o povo brasileiro assistiram a "bilionarização" dos banqueiros. Pobre país! ! !

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