Eu observava a imagem que o Erick da Silva postou no Facebook (acima) quando me ocorreu que, na edição mais recente da revista britânica Economist uma charge tinha me chamado a atenção.
É esta:
Um homem (branco, é claro), vestido de guarda-costas, reluta em atender ao pedido de socorro, antes de mergulhar no antro de tubarões que é o Oriente Médio. A consciência dele — ah, quanta bondade ocidental — pede que ele mergulhe de cabeça.
É incrível como sobrevive a ideia do white man’s burden, o fardo que o homem branco teria de carregar para “civilizar” os ímpios.
Lembrei, também, de uma visita a um museu de Windhoek, a capital da Namíbia, quando buscávamos informações sobre o massacre dos herero praticado por colonizadores alemães, na virada do século 19 para o 20.
Obtivemos no museu fotos dos crânios que médicos alemães recolheram nos campos de concentração em que os herero morreram aos milhares (muito, muito antes de Auschwitz e Sobibor). Os crânios eram despachados para a Alemanha e abasteciam a pseudociência que sustentava a superioridade da civilização branca. Belíssima justificativa para matar e roubar as terras dos herero, que resistiam.
O livro Biography of Africa, que já recomendei anteriormente aqui, tem um belíssimo capítulo dedicado a descrever como os europeus brancos “inventaram” um discurso para a África que acabou assimilado pelos próprios africanos. O discurso do Dark Continent, o Continente Negro, entendido aí como um espaço incapaz de qualquer contribuição à Humanidade.
É curioso notar como aquele antigo discurso se transforma para atender às normas sociais do século 21, este multiculturalismo de fachada que continua ligado à ideia de superioridade do homem branco ocidental.
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Às vezes parece que o tempo nem passou.
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