CPI não vota convocação de jornalista da Veja

Tempo de leitura: 3 min

por Luiz Carlos Azenha

O senador Fernando Collor (PTB-AL) disse, em reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito Mista que investiga a quadrilha de Carlinhos Cachoeira, que foi no dia 2 de março deste ano, uma sexta-feira, que os procuradores Alexandre Camanho de Assis, Daniel de Rezende Salgado e Léa Batista de Oliveira submeteram a dois repórteres da revista Veja, Gustavo Ribeiro e Rodrigo Rangel, a íntegra dos inquéritos que resultaram das operações Vegas e Monte Carlo, que corriam sob segredo de Justiça.

Collor identificou Alexandre como o braço direito do procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

O senador disse esperar que a informação levasse a CPI a aprovar os requerimentos que pedem a convocação do diretor da revista em Brasília, Policarpo Jr., e do proprietário da Editora Abril, Roberto Civita, para depor.

Collor disse que Roberto Gurgel é “uma peça apodrecida” dentro da Procuradoria Geral da República, “um criminoso, um prevaricador, um chantagista”.

Segundo o senador petebista, “no coração desta organização criminosa [a de Carlinhos Cachoeira] estão a Editora Abril e a PGR”.

Os requerimentos para convocação do diretor de Veja em Brasília, Policarpo Jr., e do proprietário da editora Abril não entraram na pauta de hoje da CPI, como se esperava.

“Não podemos ficar protelando aqui com um discurso de proteção da mídia”, afirmou o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR), autor de um dos requerimentos, depois de dizer que a convocação não representará ameaça à liberdade de imprensa.

“Não estou pedindo condenação, nem dizendo que ele cometeu crimes”, disse o deputado em relação ao diretor da revista.

“Eu me preocupei, presidente, porque enquanto as vozes vem do esgoto da política, eu não me preocupo”, afirmou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), em seguida. Segundo ele, convocar jornalistas representa “restrição, coação”.

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Segundo Miro, a convocação de Policarpo Jr. seria o primeiro passo em direção a um estado policial.

“É assim que começam certos movimentos”, disse Miro Teixeira, depois de fazer um alerta a todos os jornalistas e aos meios de comunicação.

Para Miro, os jornalistas precisam entender “que esse é o primeiro e que outros virão atrás”. Ele disse que, aberto o precedente em nível federal, até mesmo prefeitos poderiam passar a coagir jornalistas.

A intervenção de Miro Teixeira veio em resposta ao discurso do líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, que falou antes de Collor e Rosinha. Miro se disse surpreso com a manifestação da liderança petista.

Tatto, em sua fala, havia afirmado que o jornalista Policarpo Jr. participou ou foi citado em 73 conversas telefônicas grampeadas legalmente envolvendo os integrantes da quadrilha de Carlinhos Cachoeira. “Este jornalista, o nome dele vem aparecendo em todos os momentos da investigação”, disse o líder petista.

Depois de se referir à gravação clandestina, em vídeo, de autoridades do governo nos corredores do Hotel Naoum, em Brasília, onde residia o ex-ministro José Dirceu — que resultou em reportagem da revista Veja –, Tatto disse que Policarpo Jr. “na minha opinião atravessou o Rubicão”, ou seja, teria ido além da mera apuração jornalística.

Tatto disse que o jornalista “começa a envergonhar a categoria” e teria “usado a sua inteligência, a sua profissão e a revista Veja” para se aliar ao crime organizado.

Dizendo acreditar que “no momento adequado” a CPI vai convocar Policarpo Jr., o líder do PT na Câmara afirmou: “Que nós não tenhamos medo”.

O vídeo abaixo foi dica extraída do Conversa Afiada:

PS do Viomundo: A decisão mais importante da sessão administrativa da CPI foi reconvocar Carlinhos Cachoeira para depor.

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