À sombra do Pinheirinho

Tempo de leitura: 2 min

por Luiz Carlos Azenha

Visita em dois tempos.

No primeiro, estávamos na Vila da Paz, uma comunidade de cerca de 2 mil habitantes em Itaquera, perto de onde está sendo construído o Itaquerão. Os moradores estavam em polvorosa. Sabem que serão removidos, por causa das obras que serão feitas no entorno do futuro estádio do Corinthians.

Nem precisei puxar conversa. A primeira palavra que veio das duas líderes comunitárias que discutiam a provável remoção foi Pinheirinho!

Ah, é o terror de quem mora precariamente na periferia de São Paulo: o Pinheirinho… Ser jogado para fora de casa, pela polícia, com bombas e cães. Perder tudo.

E tem alguém ajudando vocês?

— O padre.

Algum vereador?

— Não.

Algum partido?

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— Não.

E o que é que vocês querem?

— Pagar prestação no programa Minha Casa, Minha Vida.

Segundo tempo, numa comunidade bem próxima, também ameaçada de expulsão. Os moradores insistem, insistem, insistem, até que uma equipe de televisão concorda em acompanhá-los para registrar o protesto.

Quando a equipe chega lá, é proibida por um grupo de militantes — que não são moradores do bairro — de filmar.

Os moradores ficam chateados, queriam aparecer na TV com suas demandas.

Mas os militantes, que não se identificam, dizem que é preciso acordar previamente com eles antes de registrar qualquer reunião.

Os líderes comunitários ficam visivelmente chateados.

A sorte do Partido dos Trabalhadores é que alguns partidos à esquerda dele são tão politicamente ineptos e tratam o “povo” de forma tão infantil que jamais vão conseguir eleger um vereador, o que dizer fazer revolução. Revolução, em Itaquera, é o Minha Casa, Minha Vida.

Perguntei às duas líderes daquela primeira comunidade, especificamente, sobre o PT: “O Lula arranjou o dinheiro para fazer o estádio, mas se esqueceu de nós”.

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