“Se está incomodado, não use a Linha Amarela”
por Antonio Capellari, via e-mail
Esta é a frase que ouvi de uma segurança da linha Amarela do metrô, gerenciada pelos consórcios de empreiteiras Via Amarela e Linha Amarela
Desde a sua inauguração, utilizo a linha Amarela do metrô em trajeto Paulista-Butantã, o que me traz certo conhecimento a respeito dos problemas estruturais e de gestão que a linha possui.
Tive a infeliz experiência de conhecer bem de perto o modo de operar daqueles que foram responsáveis pelo “buraco de Pinheiros” de 2007, o esquecido soterramento e conseqüente morte de sete pessoas nas escavações do metrô na Rua Capri, em Pinheiros, zona oeste da capital paulista.
Em 28/07/2011, noite do “apagão” ocorrido na cidade, fiquei preso durante quarenta minutos no trem da linha Amarela, entre as estações Butantã e Pinheiros; mas não foi “apenas” isto. Quando cheguei à estação Butantã, estava com as luzes apagadas e não havia possibilidade de acesso às plataformas. Quando houve o reestabelecimento da energia, as catracas foram liberadas, mas não foi verificado se havia condições de movimentação dos trens. Uma composição parou e abriu as portas. As portas foram fechadas e o trem ali permaneceu, ficando quinze minutos parado na estação com as pessoas em espera.
Quando, finalmente, ele seguiu viagem, em menos de três minutos, parou entre as estações citadas, embaixo do Rio Pinheiros. Havia dois seguranças (não vemos funcionários operacionais na linha Amarela, diga-se de passagem) tentando contornar a situação. Acionei o botão de segurança do trem e os dois funcionários se dirigiram a mim para “acalmar” (em dupla?). Quando, finalmente, o trem chegou à estação Pinheiros, um funcionário entrou, conversou com os colegas, viu sobre um banco a cobertura de plástico do botão de segurança, pegou com uma das mãos e ficou “analisando”. No entanto, a eficiente assessoria de imprensa divulgou aos jornais que os trens foram evacuados com sucesso.
Quem desembarca na Paulista utiliza duas rampas de acesso à linha Amarela, uma delas com esteira rolante e outra para caminhar; o mesmo acontece com aquele que desce na Paulista e acessa a linha Verde.
A questão é que a esteira rolante para o acesso à linha Amarela sempre está parada, o que obriga o usuário a seguir caminhando. Terça-feira, 27/09/2011, uma senhora com criança de colo teve que descer uma das longas rampas a pé contando apenas com a boa vontade dos usuários em não atropelá-la e com a falta de vontade dos gestores da linha em gastar alguns trocados para a energia elétrica.
Mas as coisas tendem a piorar: ontem, 29/09/2011, havia apenas uma rampa de acesso, uma vez que a outra foi delimitada para o acesso da linha Amarela à linha Verde, ou seja, sistema 3×1 (sic). Não apenas isto: o fluxo de pessoas é tão grande que chega-se a gastar entre dez e doze minutos apenas para chegar às plataformas.
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Hoje, 30/09/11, às 8h45min, fiz o meu trajeto, como de hábito; ao descer a rampa, a segurança da linha Amarela de nome Priscila empurrou-me para que ela passasse. Reclamei de seu gesto e ela dirigiu-me as seguintes palavras: “Se está incomodado, não use a Linha Amarela”.
Não tive dúvidas em dizer-lhe que aquilo é uma concessão pública e que o serviço prestado é ruim, em um tom alto o suficiente para chamar a atenção para a minha própria proteção. Ela disse para eu ficar quieto e eu repliquei, dizendo-lhe para não me mandar calar a boca, pois não tinha poder de polícia (e nem mesmo a polícia pode fazê-lo). Dirigi-me à plataforma e a segurança Priscila ficou próxima. Suspeitando de que se tratava de uma medida intimidatória e de assédio, caminhei e dirigi-me a diversas entradas de passageiros diferentes, sempre seguida pela segurança, acompanhada por outro, de nome Santos Marcos (sic). Tudo está registrado pelas câmeras do metrô.
Deste modo, saio do silêncio, em função de pessoas que suspeito não possuir capacidade gestora, intimidando cidadãos, sob os bons olhos de quem se omite em fiscalizar.
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