Franklin Martins: “Governo tem que liderar debate sobre telecomunicações”

Tempo de leitura: 3 min
“Marco regulatório é absolutamente indispensável” | Foto: Cristiano Sant´Anna/Conexões Globais

“Marco regulatório é absolutamente indispensável” | Foto: Cristiano Sant´Anna/Conexões Globais

por Samir Oliveira, no Sul21

Ex-ministro da Comunicação Social durante os governos do ex-presidente Lula, o jornalista Franklin Martins esteve em Porto Alegre neste sábado (25) para participar de um painel do evento Conexões Globais, na Casa de Cultura Mário Quintana. Antes do debate, ele concedeu uma entrevista coletiva à imprensa na qual afirmou que o governo federal precisa liderar o debate sobre o novo marco regulatório para telecomunicações no país.

“Isso precisa da liderança do governo, porque trata-se de concessões públicas. O governo tem que liderar esse debate. Acredito que em algum momento isso acontecerá”, disse. Quando terminou o segundo mandato de Lula, Franklin Martins deixou em seu ministério um projeto de marco regulatório praticamente finalizado, que acabou não sendo encaminhado pelo governo da presidente Dilma Rousseff.

Ativistas do movimento pela democratização da comunicação não poupam críticas ao Palácio do Planalto e afirmam que há um retrocesso nas políticas públicas para a área em relação ao governo Lula – que realizou a primeira Conferência Nacional de Comunicação. Confrontado com estas questões, Franklin optou por não criticar frontalmente o atual governo.

“Ninguém vai arrancar de mim uma palavra contra o atual governo. O governo Lula deixou uma contribuição. Não era um projeto pronto, mas tinha 95% das questões equacionadas. Lula e eu achávamos que é um tema relevantíssimo para a democracia e para a economia brasileira. Espero que o governo vá encaminhar essa questão”, comentou.

Ao ser perguntado se estava feliz com a política de comunicação do atual governo, o ex-ministro limitou-se a dizer que está feliz “com o governo”. E acrescentou que possui uma relação de amizade com a presidente Dilma Rousseff, com quem, segundo ele, conversa todos os meses. “Os adversários do governo querem estabelecer o tempo todo algum tipo de divisão entre o que foi o outro governo e o que é este. Converso todo mês com a presidente. Todo mês ela me chama e a gente conversa. Quando eu tenho críticas, faço a ela, não farei de público porque tenho um lado”, explicou.

“Todas as concessões possuem marco regulatório, menos comunicação”, observa Franklin

Na conversa com jornalistas em Porto Alegre, o ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins observou que todas as áreas do serviço público delegadas à iniciativa privada são regidas por um arcabouço legal e regulatório, menos as telecomunicações. “Todos os serviços explorados em regime de concessão pública no Brasil têm um marco regulatório, menos a radiodifusão, porque ela se recusa a discutir e acusa qualquer tentativa séria de estabelecer algum tipo de regulação como atentado à liberdade de imprensa. É um discurso que não cola mais”, criticou.

Ele entende que é “absolutamente indispensável” que o país aprove um marco regulatório para o setor. “É preciso haver mais pluralidade nas telecomunicações. Não temos leis, vivemos em um cipoal de gambiarras, nosso código geral de telecomunicações tem 51 anos”, apontou.

Franklin Martins disse que o espectro eletromagnético é público e precisa ser repartido de acordo com regras bastante claras. “O Brasil é um dos poucos países importantes do mundo que não tem um marco regulatório para telecomunicações, que são concessões públicas. O espectro eletromagnético pertence ao Estado, é público, escasso, finito e tem que ter regras para ele ser repartido”, defendeu.

Questionado sobre o avanço que outros países da América do Sul têm obtido nesta área – como Argentina, Uruguai, Venezuela, Equador e Bolívia, que possuem uma ley de medios –, o ex-ministro disse que o Brasil sempre foi “mais lento”.

“Nós custamos muito a formar maiorias. Isso sempre valeu na nossa história. Não somos um potro fogoso que galopa, dá meia volta, relincha e dá coices como os argentinos. Somos um elefante. Temos sempre três pés no chão e levantamos apenas um de cada vez”, comparou.

Após a entrevista – antes de se dirigir à palestra –, Franklin conversou brevemente com o governador Tarso Genro (PT), que estava na Casa de Cultura Mário Quintana. O petista havia participado de um painel sobre o futuro dos estados democráticos na era da informação.

Leia também:

Tarso Genro e a grande mídia: “Tomate não é uma concessão pública”


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Comentários

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lucas

excelente artigo https://noticiaspetrobras.com.br/

Santayana: Compra da GVT pela Telefónica, irresponsável entrega do mercado nacional « Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Franklin Martins: “Governo tem que liderar debate sobre telecomunicações” […]

Criador da WWW elogia projeto brasileiro do Marco Civil – Viomundo – O que você não vê na mídia

[…] Franklin Martins: “Governo tem que liderar debate sobre telecomunicações” […]

Jose Mario HRP

Franklin “Lei dos Médios” neles !!!!

Regina Braga

A CUT está entrando na causa…pode ficar tranquilo Ministro Franklin.Na hibernação do Bernardo as coisas vão acontecer.Triste está o Caneta ficou sem carga.

Valmont

“Todos os serviços explorados em regime de concessão pública no Brasil têm um marco regulatório, menos a radiodifusão, porque ela se recusa a discutir e acusa qualquer tentativa séria de estabelecer algum tipo de regulação como atentado à liberdade de imprensa. É um discurso que não cola mais.”

Segundo o trecho, a radiodifusão se recusa a discutir e acusa…
Como bem salientou o Jornalista Rodrigo Vianna, precisamos dar nomes aos bois. E dar-lhes cara também. Quem é que se recusa a discutir?
Quem é que acusa?
O povo precisa ver as caras desse monstro chamado RADIODIFUSÃO! Esses caras têm nome e sobrenome (ao menos sobrenome, como diz PHA), mas a opressão que eles exercem impede a todos de pronunciá-los em público. São só marinhos, frias, mesquitas e civitas as caras desse monstro opressor? Ou existe ainda muitas outras caras escondidas no Congresso Nacional e nas oligarquias regionais?
Eles precisam ser expostos à luz do dia. Só assim o povo poderá ver com os próprios olhos, que as belas faces exibidas nas telas dessa mídia monopolista, ocultam as faces tétricas da ditadura e da opressão.

Franklin: Globo finge que não é concessão | Conversa Afiada

[…] com seus interesses.Leia a íntegra da matéria do Sul 21 com Franklin Martins, que me chegou via Viomundo.Em tempo preliminar: a “Globo” do título é do ansioso blogueiro, já que se trata do […]

Jcm

Após 8 anos de governo, o Lula deixa o rabo de foguete pra Dilma e acha que foi um avanço em relação ao governo dela? Brincadeira né? Os dois governos não tiveram é CORAGEM pra enfrentar o problema; por quê? RABO PRESO! Simples assim!

renato

Por que demora tanto! Uma regulamentação, e mais uma coisa resolvida.
Temos muitos problemas a resolver, e este é o que emperra os outros.
Nada a ver?.. Ah! desculpem falha na comunicação,falha de informação,
Falha na transmissão, falha na recepção.
Falha na boa vontade, na Verdade.
Mas com certeza, acerto na Mentira, na malvadez, na corrupção,
na usurpação.
Na comunicação…… –.. –..-. .-. –… .´-

Valcir Barsanulfo

Um Projeto de Lei de iniciativa popular cairia bem nesse momento, já que o executivo com seu preposto (im)Bernardo não se move.
O (im)Bernardo está mais para olho de vidro, está no lugar mas não mexe.

Julio Silveira

Coitado do Fraklin, as pessoas que tem poder de mudar não tem interesse, fala para paredes.

Malafuia

FORA DE PAUTA

Relutei mas não resisti:
Roberto Civita, presidente do Grupo Abril, morre em São Paulo aos 76 anos

DE SÃO PAULO

Atualizado em 27/05/2013 às 00h57.

O empresário Roberto Civita morreu na noite deste domingo (26) em São Paulo, aos 76 anos, devido à falência de múltiplos órgãos. Presidente do conselho de administração do Grupo Abril, uma das maiores empresas brasileiras de comunicação, ele estava internado no hospital Sírio-Libanês havia três meses para a correção de um aneurisma abdominal”.

“Morreu sem derrubar a Dilma”: será que esta vai ser a manchete da próxima capa da Veja? Mas se for, logo abaixo eles colocarão o complemento: “mas nós que ficamos não vamos desistir”.

Sem dúvida, o Brasil ficou mais leve. Que Deus o tenha!

    renato

    Que o seu Deus o Tenha!

Eduardo Raio X

Com esse ministro das comunicações que temos atualmente??? Duvido deu ô dó!

Marco

Sr.Franklin.Concordo inteiramente ao respeito da regulação da ¨media¨e aplaudo seu projeto,quando Ministro.Gostaria contudo de comentar a insistência que algumas revistas e blogs tem,em exigir dos internautas não poliglotas,comunicarem-se com eles,em idioma não nacional.Sei que meus comentários são modestos,embora quisesse que não o fossem ,.nem gozem da reverência à notoriedade,que pudessem facilitar a comunicação em idioma pátrio,já que não estamos em um país de língua inglesa.Um abraço e parabéns pela suas iniciativas com relação a regulação da ¨media¨acusada pela direita,como censura.O que nos censura,é o monólogo sem o direito ao contraditório.

Marcio H Silva

Vamos entender desde 1962. Como com minhas palavras fica difícil, a lembrança falha, achei um texto bem esclarecedor na internet.
O Código Brasileiro de Telecomunicações, erigido com a Lei N° 4.117 de
27 de agosto de 1962, organizou o setor telecomunicações até o surgimento da LGT em 1997.
http://www.sociologia.ufsc.br/npms/fabiano_brito_santos.pdf

Christiano Almeida

Com estas breves assertivas, revela-se, de pronto, um homem de retidão de carater. Não é nada, não é nada, mas, uma das estrelas do Governo Lula. Urruuuuuu!

Fabio Passos

Fora paulo bernardo!
Boneco das teles… e pau-mandado da globo!

Democratizar a midia e questao capital.
E dever do governo combater o monopolio que estas oligarquias decrepitas detem.

Franklin Martins foi preciso:
“O Brasil é um dos poucos países importantes do mundo que não tem um marco regulatório para telecomunicações, que são concessões públicas. O espectro eletromagnético pertence ao Estado, é público, escasso, finito e tem que ter regras para ele ser repartido”

pedro – bahia

E a admiração dos jornalões pelo Joaquim Barbosa parece que chega ao fim. Seria efeitos do “mensalão, o do PT”?

http://oglobo.globo.com/pais/joaquim-barbosa-as-taras-antropologicas-8502725

Jose Mario HRP

Fico triste pelos funcionários, mas acho que o império desses pilantras está indo pra Cucuia!
http://revistaforum.com.br/blogdorovai/2013/05/15/editora-abril-teria-plano-para-demitir-mil-pessoas-ate-setembro/

Franklin: mídia “finge” que não é concessão pública. | TIJOLAÇO | “A política, sem polêmica, é a arma das elites.”

[…] a íntegra da matéria do Sul 21 com Franklin Martins, que me chegou via Viomundo. TweetARTIGOS RELACIONADOSGrandes empresas, pequenos […]

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