A um mês da posse de Haddad, Kassab promove rodízio nas Subprefeituras
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“É para nada informar”, acusa experiente conhecedor da máquina da Prefeitura
por Conceição Lemes
Desde 2002, a cidade de São Paulo é subdividida em 31 subprefeituras. São pequenos “municípios” distribuídos pelos 1.528 km2da capital. Para cada 30mil/400 mil habitantes, há uma“miniprefeitura”.
Criadas na gestão Marta Suplicy (PT-SP; 1º de janeiro de 2001 a 1º de janeiro de 2005), a intenção era que possibilitassem a descentralização da administração, para atender melhor às necessidades específicas de educação, saúde, obras, entre outras, de cada região.
Em 2005, José Serra (PSDB-SP), ao assumir a Prefeitura de São Paulo, voltou a centralizar tudo, enxugando as subprefeituras que passaram a ser meras zeladorias.
Para completar, em 2007, o prefeito Gilberto Kassab (na época DEM, hoje PSD) militarizou as subprefeituras, colocando à frente da maioria delas coronéis e tenentes-coronéis da reserva.
“A tarefa dos subprefeitos passou a ser principalmente a repressão aos vendedores ambulantes, no que são ótimos”, atenta um servidor que sonhece bem a máquina da Prefeitura, que, por motivos óbvios, pediu o anonimato. “Para gerenciar, péssimos”.
“As subprefeituras foram esvaziadas administrativa e politicamente”, explica. “Decisões sobre contratações de serviços que seriam de competência delas, entre as quais coleta de lixo, varrição de ruas, asfaltamento de ruas, foram centralizadas em algumas poucas secretarias.”
Desde janeiro de 2012, cada subprefeito passou ganha R$ 19.294,10, sem contar os vencimentos como oficiais da reserva da Polícia Militar (PM).
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Pois na semana passada, mais precisamente no dia 28 de novembro, o prefeito Gilberto Kassab exonerou: 15 subprefeitos, 15 chefes de gabinete de subprefeitos, três coordenadores de Administração e Finanças de Subprefeituras, um chefe de Assessoria Técnica de Obras e Serviços da Secretaria Municipal de Coordenação de Subprefeituras, um assessor especial do Gabinete do Secretário da Secretaria Municipal de Coordenação de Subprefeituras e o Secretário Adjunto da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social.
As exonerações passaram a valer no dia 30 de novembro.
Tudo isso está na Portaria 1212, de 28 de novembro, assinada pelo próprio prefeito, publicada no Diário Oficial da Cidade de São Paulo do dia 29 de novembro, página 57.

Curiosamente, no mesmo dia e página, só que nas colunas à direita, está a nomeação de 32 dos 36 exonerados para outras Subprefeituras. O ato foi assinado pelo próprio prefeito Gilberto Kassab.
A DANÇA DAS CADEIRAS: MUDANÇA DE POSTOS E REGIÕES
Para facilitar, fizemos a tabela abaixo. Observe as transferências e os rodízios de cargos. Sete subprefeitos continuaram no posto. Seis viraram chefe de gabinete de Subprefeitura. Outros sete passaram a subprefeitos. Detalhe: as mudanças não foram para a mesma região, mas para áreas diferentes, algumas em extremos opostos da capital.


“Uma dança das cadeiras para descoordenar as informações e fazer o empurra-empurra de responsabilidades”, denuncia Fábio Finx no Facebook. “É péssimo.”
Esta repórter questionou a Prefeitura sobre essas mudanças, já que ocorrem há exatamente um mês do final da gestão Kassab e início da de Fernando Haddad (PT-SP).
Via e-mail, a assessoria de imprensa da Secretaria de Coordenação das Subprefeituras respondeu:
A Secretaria de Coordenação promoveu uma readequação administrativa para reforçar e agilizar, junto às subprefeituras, os trabalhos de implantação e desenvolvimento das políticas públicas definidas pela atual gestão, que estão em andamento.
“No apagar das luzes, é piada”, rebate o servidor que pediu o anonimato. “Esse troca-troca é para nada informar e dificultar o governo de transição.”
“Na prática, inexistirá transição efetiva, pois quem mudou de Subprefeitura não tem conhecimento da real situação administrativa daquela para a qual o qual foi transferido”, afirma. “Esse esquema de transferências deve ter ocorrido em outros setores da Prefeitura.”
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