Diana Assunção: USP sobe no ranking baseada em trabalho semi-escravo

Tempo de leitura: 3 min

por Luiz Carlos Azenha

Diana Assunção me chamou a atenção, via Facebook, para seu livro A Precarização tem Rosto de Mulher, sobre a luta das trabalhadoras da Universidade de São Paulo por melhores condições de trabalho. A abordagem é inovadora, pois destaca o protagonismo das próprias mulheres ao longo da luta social. Mulheres, majoritariamente negras, terceirizadas, que ganham de salário o que outros funcionários ganham de Vale Refeição.

É um tema atualíssimo: Márcio Pochmann trata disso em Nova Classe Média?, no qual argumenta:

Seja pelo nível de rendimento, seja pelo tipo de ocupação, seja pelo perfil e atributos pessoais, o grosso da população emergente não se encaixa em critérios sérios e objetivos que possam ser claramente identificados como classe média. Associam-se, sim, às características gerais das classes populares, que, por elevar o rendimento, ampliam imediatamente o padrão de consumo. Não há, nesse sentido, qualquer novidade, pois se trata de um fenômeno comum, uma vez que trabalhador não poupa, e sim gasta tudo o que ganha. Em grande medida, o segmento das classes populares em emergência apresenta-se despolitizado, individualista e aparentemente racional à medida que busca estabelecer a sociabilidade capitalista. (…) Percebe-se sinteticamente que a despolitizadora emergência de segmentos novos na base da pirâmide social resulta do despreparo de instituições democráticas atualmente existentes para envolver e canalizar ações de interesses para a classe trabalhadora ampliada. Isto é, o escasso papel estratégico e renovado do sindicalismo, das associações estudantis e de bairros, das comunidades e base, dos partidos políticos, entre outros.”

[Ouça aqui uma entrevista do Márcio sobre o assunto]

Ruy Braga, em A Política do Precariado, trata de um tema relacionado de forma mais ampla e corrosiva.

Clique abaixo para ouvir o debate que ele travou sobre o assunto na USP, com o André Singer (no qual Ruy faz uma releitura do sindicalismo lulista dos anos 80).

Não podemos nos esquecer de Infoproletários, da Boitempo, escrito em parceria por Ricardo Antunes e Ruy Braga, que trata da degradação real do trabalho virtual.

E nem mesmo das denúncias da presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, sobre o papel do próprio Banco Central no enfraquimento da categoria.

Paulo Kliass nos fala dos riscos para a atual legislação trabalhista o mesmo alerta do senador Paulo Paim.

Ana Tércia Sanches, por sua vez, denunciou a lei da terceirização generalizada e o Brasil de Fato elencou a ofensiva contra os direitos trabalhistas em 2013.

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Temos, portanto, um quadro generalizado de precarização das condições de trabalho, do uso das novas tecnologias de informação para sobrecarregar os trabalhadores, da terceirização e de outros golpes para reduzir direitos sociais. Enquanto isso, a coalizão dirigida pelo Partido dos Trabalhadores assiste a quase tudo, protestando aqui, atuando ali, às vezes inerte e às vezes, de forma dissimulada, colaborando com a lucratividade dos que financiam as campanhas do partido em detrimento dos trabalhadores que diz representar.

Fiquem com a boa entrevista da Diana, que é funcionária da Faculdade de Educação da USP e descreve uma aliança improvisada entre trabalhadoras de limpeza e estudantes para fortalecer a luta social delas. A USP tem subido no ranking das melhores do mundo, mas o que há escondido sob o tapete?

Clique na setinha cinza abaixo para ouvir a entrevista:

Mac Audio_recording

Leia também:

Mike Whitney: Uma campanha clandestina contra os direitos sociais na Europa 

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