15 de outubro de 2012
Onde estão os pacifistas?
Um ganhadora do Nobel da Paz sobre a degeneração do Nobel da Paz
por MAIREAD MAGUIRE, no Counterpunch
Belfast — Alfred Nobel era um visionário que acreditava em um mundo pacífico e desmilitarizado. Em seu testamento ele deixou o prêmio Nobel da Paz para aqueles que trabalhassem “pela fraternidade entre nações”, pela “abolição ou redução dos exércitos existentes”, pela “promoção ou disseminação de congressos da paz”.
Pelo testamento de Nobel o prêmio da Paz deveria ir para Campeões da paz, aqueles que trabalhassem para substituir o militarismo por uma ordem internacional baseada na lei e pela abolição das forças militares nacionais. A visão e o sonho de Nobel era substituir o poder do militarismo e das guerras pelo poder da lei.
Eu acredito que dar o Prêmio Nobel da Paz para a União Europeia não se enquadra na visão e espírito de Alfred Nobel, na visão de um mundo pacífico e desmilitarizado.
De várias formas, a União Europeia fez muito nos últimos sessenta anos por Paz e reconciliação entre nações, mas tristemente fez pouco pela desmilitarização da Europa. Enquanto a UE impõe severas medidas de austeridade a muitos países da União Europeia, simultaneamente apoia a crescente militarização da Europa com seu apoio à coalizão OTAN-Estados Unidos (culpada por crimes de guerra contra o Iraque, Afeganistão, etc.).
A UE continua a apoiar a política das armas nucleares dos Estados Unidos, estacionadas em seis estados europeus.
A UE apoia a venda de armas de estados europeus (Reino Unido, Alemanha, etc.) para países de todo o mundo.
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Em vez de defender os direitos humanos de países como a Palestina, a UE recompensou Israel, dando ao país status especial de comércio e grandes empréstimos (dinheiro do contribuinte europeu) para pesquisa militar e armas, permitindo assim que Israel continue suas políticas ilegais de ocupação e apartheid na Palestina.
Não posso apoiar a decisão de dar o prêmio da Paz para a União Europeia e apelo à Swedish Foundation Authority para que cobre o Comitê Nobel por dar, de novo, um prêmio político, em vez de apoiar as pessoas que tomam decisões corajosas, muitas delas arriscadas, no trabalho de afastar a família humana de relações internacionais baseadas no militarismo para as baseadas na resolução pacífica de conflitos.
Acredito que agora a reforma do comitê do Prêmio da Paz é necessária. Como é o caso de todos os outros comitês do prêmio Nobel, que são formados por especialistas em seus campos particulares de atuação, talvez também seja a hora de formar o comitê do Prêmio Nobel da Paz com pessoas experientes no campo do pacifismo e da lei internacional.
*Mairead Maguire é ganhadora do Nobel da Paz e co-fundadora do Peace People.
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