Carlos Zarattini: Mais metrô, menos embromação

Tempo de leitura: 5 min

por Carlos Zarattini, na Folha de S. Paulo

Os deputados Pedro Tobias e Cauê Macris tentaram usar este espaço, em 16/4 (Por que o PT torce contra o metrô de SP?; está abaixo), para defender a atuação do governo do Estado no transporte metropolitano, em particular metrô e CPTM. Para isso, atacaram as gestões do PT na cidade de São Paulo e no governo federal.

É lamentável que não tenham respondido com propostas ao verdadeiro “apagão no transporte” que se verifica nos últimos anos na cidade e na região metropolitana.

Não defenderam o governo Kassab (talvez porque o PSDB se sinta incomodado ao seu lado) e não se pronunciaram sobre as inúmeras questões jurídicas que hoje envolvem essas empresas. Não é pouca coisa. Desde o escândalo da Alstom, falcatruas não param de acontecer.

Para citar: o buraco do metrô em Pinheiros (com sete mortos), causado pelas necessidades de contenção de custos; a licitação da linha 5, em que o presidente do metrô foi afastado pela Justiça e as empresas indiciadas sob a acusação de conluio; as ações de empreiteiras reivindicando mais pagamentos pelas obras da linha 4; e a nomeação de um presidente com condenação na Justiça.

Tudo tem levado essas empresas para as páginas policiais.

E não é só. A falta de planejamento é notória. Em 2011, dos R$ 4,5 bilhões previstos para investimentos na expansão do metrô, o governo Alckmin executou só R$ 1,2 bilhão, deixando de aplicar 73% dos recursos estipulados no Orçamento.

A CPTM teve tratamento igual. Houve corte de investimentos na compra de trens, de R$ 684 milhões em 2010 para R$ 260 milhões em 2011 (corte de 56%), mesmo com recursos avalizados pelo governo federal.

Resultado: congestionamentos, acidentes, paralisações e até mortes.

Não há falta de recursos federais. Nos governos Lula e Dilma, São Paulo obteve autorização e a União afiançou R$ 21,2 bilhões em empréstimos subsidiados, no período de 2007 a 2012, para investimentos em transporte e mobilidade, sendo R$ 14 bilhões somente para modernização e expansão do Metrô e CPTM.

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Estão previstos R$ 400 milhões do orçamento da União para a linha 18-bronze do metrô, a fundo perdido. O trecho sul do Rodoanel, grande vitrine de publicidade do ex-governador Serra, recebeu R$ 1,2 bilhão do governo Lula. Agora, o governo Alckmin recebe R$ 1,7 bilhão de repasse do governo Dilma para a construção do trecho norte. O Expresso Tiradentes teve mais de R$ 90 milhões liberados.

À imprensa, o secretário Jurandir Fernandes acusa as prefeituras, em particular a de São Paulo, de não fazer corredores de ônibus para aliviar o metrô e a CPTM. Tem razão.

Aliás, poderia ter explicado também porque não construiu corredores metropolitanos, de sua responsabilidade. Ele reconhece também que não foi prevista a ampliação do sistema elétrico para atender o aumento do número de passageiros. Só falta lembrar que os responsáveis foram os governos tucanos.

Agora, Alckmin promete 200 km de metrô até 2018, apesar de, em 17 anos, os governos do PSDB terem construído só 25 km. Mais um anúncio eleitoral e apetitoso para as empreiteiras. Afinal, novas linhas de metrô sempre foram o sonho do paulistano que sofre com congestionamentos e más condições nos ônibus.

O transporte público tem que ser mais barato e rápido, um sistema integrado operacional e tarifariamente. Para isso, deve ser prioridade tanto do Estado quanto da prefeitura.

Infelizmente, não é o que faz o PSDB. No lugar do debate transparente dos problemas enfrentados pelos paulistas, os tucanos partem para a desqualificação da discussão. Sinal da sua incapacidade de lidar com os desafios da cidade e do Estado.

Carlos Zarattini, 51, é deputado federal (PT-SP). Foi secretário municipal de Transportes (gestão Marta)

O artigo a que se refere Carlos Zarattini, no início do seu artigo, é este, também publicado na Folha de S. Paulo:

Pedro Tobias e Cauê Macris: Por que o PT torce contra o metrô de SP?

Em 2011, o metrô cresceu 5,4 km e ganhou quatro estações; investimentos só acontecem nesse ritmo em dois lugares do mundo: São Paulo e China

Somente sob a lógica da chicana eleitoral é possível enquadrar o conjunto de absurdos escritos por Carlos Zarattini (“Apagão no transporte de São Paulo”, em 10 de abril) sobre o sistema metroferroviário de São Paulo, o melhor e mais confiável do país.

O deputado federal petista critica quem investe e trabalha todos os dias por um transporte cada vez melhor para os paulistas. E o faz, em nome do seu partido, com a hipocrisia de quem cobra, mas não assume responsabilidades.

Em 2000, na campanha à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy prometeu que investiria no Metrô paulista. Mas não entregou nem sequer um centavo durante seu mandato. Detalhe: o secretário municipal dos Transportes de Marta era justamente Zarattini, afastado do cargo após sofrer acusações de um empresário de ônibus simpatizante de seu próprio partido.

No governo federal, o descaso da turma de Zarattini tem sido ainda maior com a população de São Paulo, pois nem o metrô nem a CPTM contaram com recursos da União em suas obras nos últimos nove anos e meio de administração do PT.

Recentemente, a máquina de propaganda do PT percorreu diversas capitais do país anunciando investimentos em metrô. Ao todo, foram prometidos R$ 5 bilhões para Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Fortaleza e Salvador. A região metropolitana de São Paulo, quase um quinto do PIB brasileiro, ficou de fora. Você, morador de São Paulo, não foi contemplado.

Zarattini também se diz preocupado com o ritmo de construção do metrô de São Paulo. Mas qual ritmo Zarattini sugere que nós, paulistas, adotemos? A velocidade de construção do metrô de Salvador, que, sob os cuidados dos governos federal e estadual do PT, enterrou R$ 1 bilhão nos últimos 12 anos sem ter transportado um único passageiro?

Ou a velocidade do trem-bala do governo federal que, mesmo sem construir um único centímetro de trilho entre Rio e São Paulo, já jogou no lixo assustadores R$ 600 milhões em projetos contratados na Itália, que nunca serão usados por terem um traçado inadequado?

Com esses recursos, aliás, seria possível comprar 25 trens para o metrô de São Paulo, que transportariam 1 milhão de passageiros ao dia.

Prioridade do governador Geraldo Alckmin e de seus antecessores, o metrô e os trens de São Paulo passam por um ambicioso e bem-sucedido plano de expansão e de integração. De 1995 até 2012, cerca de 4 milhões de passageiros -Porto Alegre e Salvador somadas- deixaram de usar meios de transporte poluentes, como carros, ônibus e lotações, para se locomoverem por trilhos.

Só em 2011, a rede de metrô cresceu 5,4 km e ganhou quatro novas estações. Atualmente temos quatro linhas em obras simultâneas. Serão 100 km de extensão até o fim de 2014, com acréscimo de 30 km, além de mais de 40 km já contratados para entrega em 2015 e 2016.

Investimentos em transporte sobre trilhos só acontecem nesse ritmo e volume em dois lugares do mundo: em São Paulo e na China.

Desde 2007, já foram entregues 33 trens para o metrô e 68 trens para a CPTM. O metrô ganhou a linha 4-amarela, uma das mais modernas do mundo. Na CPTM, houve redução de tempo de espera em todas as linhas. Na linha 10-turquesa, por exemplo, o intervalo médio entre trens no horário de pico foi de oito para cinto minutos no trecho entre Rio Grande da Serra e o Brás. A linha 12-safira passou de oito para seis minutos nos últimos cinco anos.

O transporte de São Paulo precisa, sim, de investimentos gigantescos. Até hoje, eles foram feitos pelo governo do Estado, com ajuda da Prefeitura. Três em cada quatro passageiros do transporte sobre trilhos em todo o país são de São Paulo. Avançamos muito, mesmo com a torcida contra feita pelo PT.

PEDRO TOBIAS, 65, é deputado estadual e presidente do PSDB-SP
CAUÊ MACRIS, 29, é vice-líder do PSDB na Assembleia Legislativa

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