Narciso Fernandes: “É mentira que estamos participando da investigação do acidente do Metrô”
Tempo de leitura: 2 minpor Conceição Lemes
Nessa manhã, por volta das 9h50 dois trens do Metrô de São Paulo colidiram na Linha Vermelha, entre as estações Penha e Carrão. Segundo o Corpo de Bombeiros, o acidente deixou 49 pessoas feridas, duas delas em estado grave.
O técnico em Comunicações Cleyton Vitor Lima, 28 anos, estava no trem que bateu. Ele mora em São Miguel Paulista, Zona Leste da capital. Como faz todos os dias, subiu na estação Arthur Alvim com destino Marechal Deodoro, no centro.
“Desde Arthur Alvin eles já estavam informando que o metrô estava com velocidade reduzida devido a uma falha entre as estações Tatuapé e Carrão”, conta-nos Cleyton, já em casa, pois perdeu o dia de trabalho. “Normalmente, eu faço o trajeto Arthur Alvin-Marechal Deodoro entre 40 minutos. Hoje, entre Arthur Alvim e a Penha/Carrão levei mais de 40 minutos.”
“Na hora em que bateu, deu um tranco. Fomos arremessados pra frente, depois para trás. Como as portas não abriram, muitos entraram em desespero. Algumas pessoas acabaram pisoteadas”, continua Cleyton, que não se feriu. “Aparentemente, o trem da frente estava parado. Por que o meu não parou antes do choque?”
“Na verdade, houve uma falha no sistema automático de sinalização do metrô”, afirma Narciso Fernandes Soares, diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo. “Em vez de parar, acelerou.”
Narciso explica. O sistema de sinalização comunica qual a distância entre os trens. O limite seguro entre eles é 150 metros. Quando se aproxima dos 150 metros, automaticamente o metrô começa a andar mais devagar. Caso atinja os 150 metros, ele para.
Hoje, especificamente, aconteceu exatamente o contrário. Em vez de a composição zerar a velocidade, acelerou, indo para cima do que estava parado à frente. Aí, o motorneiro acionou o freio manual de emergência, provocando o solavanco que jogou muita gente no chão, contra os ferros.
“Se não houvesse operador de trem, certamente o acidente teria bem mais grave, pois não teria ninguém para acionar o sistema de emergência”, avisa Narciso. “A Linha 4, Amarela, circula sem operadores.”
O trem que levou a batida estava vazio, parado, na altura do viaduto da rua Antonio de Barros, quase chegando na estação Carrão. Não tinha passageiros, porque estava transitando do pátio Itaquera para a Linha Azul, Norte-Sul, que era o seu destino.
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“Como havia outro trem na frente, na estação Carrão, ele parou”, explica Narciso. “Só que o sistema de sinalização falhou, e o que vinha atrás, colidiu.”
Mas essa falha aconteceu por que, já que é um sistema automatizado?
Esta é uma pergunta para a qual o Sindicato dos Metroviários de São Paulo ainda não tem resposta e está cobrando da empresa.
“O Secretário dos Transportes Metropolitanos de São Paulo [Jurandir Fernandes] deu entrevistas hoje à imprensa, dizendo que nós estamos participando da perícia e das investigações sobre o acidente. É mentira! Nós não estamos participando nem fomos chamados. A empresa não deixa a gente participar. A gente fica sabendo do que está acontecendo apenas através de funcionários .”
Contatamos a assessoria de imprensa do Metrô duas vezes por telefone e uma por e-mail, para saber se o Sindicato irá ou não participar. Até a publicação desta matéria, não obtivemos retorno.
PS do Viomundo: A participação do Sindicato é fundamental para garantir transparência à investigação. Afinal, o Metrô de São Paulo padece de sério sucateamento. Faltam investimentos, manutenção.
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