Lincoln Secco: Está em andamento um golpe midiático-eleitoral

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Está em Curso um Grande Golpe Midiático-Eleitoral

por Lincoln Secco, especial para o Viomundo

Por mais que as Jornadas de Junho tenham aberto novo ciclo político no Brasil e permitido tanto uma renovação geracional do protesto de esquerda quanto uma ressurreição de espectros da direita, a decisão dos eleitores ainda guarda uma memória institucional que não é alterada no curto prazo.

A estreita margem de distância entre Dilma e Aécio reflete parte dos ventos de junho porque subiram ligeiramente os votos nulos, as abstenções e o voto em outras forças políticas, especialmente a candidatura alternativa da Direita: Marina Silva.

Isso significa que se o PT vencer enfrentará um país muito mais dividido. Fenômeno que já é visível na Venezuela e na Argentina. Em condições políticas “normais” ainda assim, Dilma mantem vantagem. Por qual razão?

Para que ela seja derrotada não basta que não deva mais governar, é preciso que haja quem governe em seu lugar.

Ou seja, a oposição teria que ter duas qualidades que não possui: popularidade e programa alternativo. Na verdade a oposição tem programa, mas ele é impublicável: são as “medidas impopulares” de Aécio Neves.

Uma provável vitória de Dilma se dará por pequena margem de diferença de votos. No entanto, a luta política não se resume aos programas, aos apoios consolidados e à orientação ideológica do eleitorado.

Como numa guerra (Clausewitz), a destreza do comando, o objetivo político e o apoio popular se conjugam ainda com duas outras variáveis: o jogo das probabilidades e a força do acaso.

O acaso está sendo provocado. Previsivelmente, toda a grande imprensa articulou a enésima denúncia às vésperas de uma eleição. Mas dessa vez, com a possibilidade concreta de derrotar o PT, está em curso um gigantesco golpe midiático-eleitoral.

Na fase das escaramuças, começaram as demissões de jornalistas, o terrorismo eleitoral, a intimidação nas ruas e a manipulação sofisticada de pesquisas. Na fase de guerra aberta, veremos as armas de destruição em massa que a Direita usará ou não.

A campanha petista percebeu isso e adotou um tom de combate, desmontando a candidatura Aécio em suas três linhas de defesa mais frágeis: uma história pessoal que o incapacita ao governo de um país; o programa econômico do seu partido e a corrupção encouraçada de impunidade.

Mas para vencer, o PT precisará montar um verdadeiro contra–golpe de base popular. Se terá um resto de força ideológica para isso, não sabemos. Mas se perder, todo o “continente latino-americano” sofrerá um retrocesso político de dimensões inimagináveis.

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Comentários

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Mário SF Alves

“Como numa guerra (Clausewitz), a destreza do comando, o objetivo político e o apoio popular se conjugam ainda com duas outras variáveis: o jogo das probabilidades e a força do acaso.”
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Taí, gostei disso.
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Mas, Viomundo, a vacina foi mostrada ontem no programa elitoral da candidata presidenta Dilma. Portanto, com perdão do tom imperativo: divulguem-no. Divulguem-no aos quatro cantos deste imenso, potencialmente riquíssimo e tão espoliado e vilipendiado querido País. Divulguem-no e discutam-no. É disso que se trata.

Saudações democráticas.

Francisco

O PT cochilou.

Andei sabendo que o Ministro da Justiça e o Ministro das Comunicações (os incompetentes) ainda estão em território nacional…

Sidnei Brito

Midiático-eleitoral só não. Faltou acrescentar o componente jurídico, afinal, nestes anos 2000, as togas substituíram as fardas na América Latina.
E está na hora de os intelectuais e boa parte da esquerda analisar mais criticamente o que significou junho de 2013.
A leitura daquele movimento está mais para a feita por José Paulo de Andrade do que a encampada por Luciana Genro.
Os que assistiram até o fim o debate presidencial do primeiro turno na Band talvez entendam o que eu quero dizer.

Urbano

Por acaso, eles acreditam que não terão de encarar o povo como das vezes anteriores? O povo vai se deixar ser solapado pelo enésimo golpe fascista, e ainda mais de braços cruzados, como tantas outras vezes? Em nome da decência e do humanismo, acabaram com a farra do boi, mas agora em nome dessa mesma decência e humanismo precisamos, de uma vez por todas, acabar com a farra dos burros bandidos. O que se tem feito até então é um desgaste enorme das mais diversas energias, unicamente para nos destruirmos. Acordemos de uma vez por todas, pois o que precisamos verdadeiramente, dentro de uma condição mais humana possível, é nos unirmos em torno de um ideal cada vez mais primoroso para o futuro do nosso país e, por conseguinte, de todo o orbe terrestre. Sinceramente… não consigo ver nada melhor do que isso…

    Mário SF Alves

    “…a farra do boi…”
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    É precisamente disso que se trata, prezado Urbano.

    No Brasil, digo, especialmente no Brasil, a hipocrisia atingiu limites inimagináveis. Para alguns ambientalistas radicais ingênuos e/ou fundamentalistas, adeptos do darwinismo social, seres humanos valem menos do que um boi ou uma galinha.
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    Falta-lhes a noção de proporcionalidade; falta-lhes o conhecimento das especificidades – inclusive passado histórico de exclusão social – que regem ou caracterizam determinadas comunidades humanas, e que sem o qual – ingenuamente ou conscientemente – faz-se “tábula rasa” de qualquer coisa ou entidade. Em decorrẽncia disso, na maioria dos casos, transformam-se em papagaios de pirata, impassíveis caixas de ressonância a repetirem e a carimbarem: meritocracia, meritocracia, meritocracia. E daí é que não se entende mesmo a real natureza do processo e do problema afeto à Humanidade.

    Aliás, por falar em meritocracia, temos agora um papagaio a repetir isso. Devia a bem da verdade corrigir o discurso para: meriTIOcracia, a meritonepotismocracia, e por aí vai.

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    Segue uma discussão sobre o tema darwinismo social e que mostra bem a traição do discurso quando se sai retoricamente de uma ponta do radicalismo antissocial e caem na outra, sem, contudo, jamais tocar ou enxergar o âmago da questão. Mas, fazer o quê? Neoliberalismo, quero dizer, a ideologia neoliberal é, em essẽncia, isso mesmo.

    Se vocẽ estiver de tempo, vale a pena refletir a respeito. O endereço é: http://lei-natural.blogspot.com.br/2011/10/em-defesa-do-darwinismo-social.html

Fabio Hideki

Frases que ouvi ontem, almoçando com a classe média raivosa:
“A imprensa é a favor do PT, esconde muitos outros escândalos”
“Votei no alckmin, porque é o único que constrói metrô ”
“Na época do FHC, mim reais comprava muita coisa. Hoje não vale nada”
“Tem que tirar o pt pra ver se muda”

E para fechar: “eu li na veja”

PS: os autores das frases são formados.

    Lucia

    Mais do que isso: além de formados, são “informados”. Tipo “informados” como quer o FHC, “informam-se” via PIG. Fazem parte dos “grotões” das elites “informadas” e “formadas” brasileiras.

    Sidnei Brito

    Em 27 de dezembro de 2006, capa da revista CartaCapital estampava: “É o fim dos grotões, enquanto só nas classes A e B há quem vote de cabresto”. Em belo texto daquele número, assim expressou-se o jornalista Mino Carta:

    (…) O vetusto voto de cabresto, destinado pelos donos do poder ao povo dos grotões, onde quer que os houvesse, mostrou valer, este ano [2006], só mesmo nos rincões das classes A e B, onde a mídia ainda chega, sobretudo em São Paulo, o estado mais rico, ou menos pobre, e mais reacionário da Federação.” [Edição nº 425].

    Gabriel Braga

    A pior,sem dúvida,é a da Veja…

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