Sem acordo com governo, centrais mantêm manifestações

Tempo de leitura: 3 min

Na quarta-feira  (21), milhares de trabalhadores pararam o trânsito na Via Anchieta, que liga São Paulo à baixada santista. Nesta quinta (22), o alvo será a Avenida Paulista. Os trabalhadores reivindicam a desoneração do pagamento de imposto de renda na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), o que aumentaria o poder de compra dos trabalhadores, fortalecendo o mercado interno. Ministro da Fazenda prometeu resposta em 15 dias.

por Najla Passos, em Carta Maior

Brasília – Terminou sem acordo a reunião dos representantes das centrais sindicais com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na tarde dessa quarta (21), para discutir a desoneração do pagamento de Imposto de Renda (IR) na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), reivindicação que levou milhares de metalúrgicos a pararem o trânsito na Via Anchieta, que liga São Paulo à baixada santista, durante a manhã.

Nesta quinta (22), portanto, as manifestações continuam. O novo alvo será na Avenida Paulista, coração financeiro de São Paulo. Bancários prometem atrasar a abertura das 43 agências da via. Também está previsto um ato em frente à sede do Banco Central. Na semana que vem, haverá manifestações em Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC). Na seguinte, de novo em São Paulo (SP) e Manaus (AM).

A desoneração do PLR, apresentada ao governo desde o ano passado, foi discutida em reunião com a presidenta Dilma Rousseff, há uma semana. Entretanto, o ministro disse que ainda não tinha uma posição sobre o pleito e prometeu dar uma resposta aos trabalhadores em 15 dias.

“Há um processo de negociação, que nós consideramos muito lento. Então, há também um processo de manifestações que começaram hoje e prosseguem amanhã. Nós vamos enfrentar essa discussão nas ruas, porque achamos que o governo está muito lerdo”, afirmou o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, ressaltou a importância da desoneração da PLR no processo de fortalecimento do mercado interno, que pressupõe mais renda do trabalhador.

“A forma de se colocar mais renda nos salários, por exemplo, é isentando o pagamento do imposto de renda na PLR, que foi criada justamente para incentivar a produção e, agora, de 20% a 30% do valor fica para o governo, em forma de Imposto de Renda. Esta proposta é para isso: mais dinheiro no salário para que os trabalhadores possam consumir e a economia possa crescer mais rapidamente”, explicou.

O presidente da Força Sindical acrescentou que os impactos da desoneração causaram controvérsias durante a reunião. O governo estimou em R$ 5 milhões, enquanto os trabalhadores, com base em cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), prevêem algo em torno de R$ 1,8 bilhões.

Outras reivindicações

O presidente da CUT disse que a central reivindicou também maior participação dos trabalhadores nas medidas que vem sendo tomadas pelo governo para estimular a indústria nacional. Entre elas, a desoneração da folha de pagamento para setores da indústria, principalmente os exportadores, que impactam diretamente na previdência social, historicamente tratada como deficitária pelo próprio governo.

Segundo ele, o ministro se comprometeu a baixar, até a próxima semana, um decreto criando uma comissão de trabalhadores, empresários e governo para acompanhar o impacto das medidas.

O presidente da Força Sindical disse que as centrais propuseram, ainda, que o governo eleve a exigência do percentual do chamado conteúdo local na produção de veículos. O deputado defende a elevação dos atuais 8% para 21% o conteúdo das peças.

O presidente da CUT acrescentou que é preciso discutir também o que é conteúdo local. “Hoje, se a montadora contrata uma empresa brasileira para fazer a propaganda dos veículos, isso é considerado conteúdo local. Nós queremos 60% só de peças e produtos”, esclareceu.

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Comentários

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CLP

Piada, agora trabalhador quer ser igual a patrão , não gosta de pagar imposto.Ate outro dia não existia PLR , alias, na industria automobilística, ele e obtido na venda dos mais caros e piores carros do mundo.Ou seja, e bom lembrar aquilo que só lembram quando a categoria e do funcionalismo:este tal PLR e pago pela SOCIEDADE como um todo, que compra os carros.O cara apoia o Lula e a Dilma pelos programas sociais.Afinal, enquanto ganha menos , que os outros paguem impostos para ele se beneficiar.Quando chega a vez dele de devolver algo para a sociedade, no holerite, pronto, la vem a grita com os impostos.O pior e a hipocrisia do "injetar dinheiro na economia".Ora, se formos pensar assim, não cobrem mais IR de ninguém, para "aquecer a economia"…

    Marcos

    Sai dessa.

    O maior beneficiário do pagamento de PLR é o patrão já que é uma forma de remunerar prestação de serviços sem encargos sociais.

    Seria melhor, então, pagar salário maior em vez de participação nos lucros. Mas, aí o patrão não quer, não é mesmo? Pois teria de pagar INSS, FGTS, etc. O que já não ocorre com a PLR.

    Agora, você dizer que é a sociedade quem paga a PLR? Tenha santa paciência. O PLR é fruto de um trabalho executado. É a paga pelo esforço dos trabalhadores, do qual o patrão obtém seu lucro. Nada mais justo do que repartir com os trabalhadores.

    E qual o problema de o trabalhador querer pagar menos imposto? É só patrão quem pode fazer – e faz – elisão fiscal? Eita povinho subserviente!

    E qual o galho de as Centrais Sindicais fazerem reivindicações? Trazer o Governo, a sociedade e os patrões para o debate? Ora, se o pleito for indevido, que seja indeferido, então. O que não se pode é proibir a reivindicação. Vivemos num país democrático, ou não?

    Ou você é pago para dizer na internet esse tipo de disparate (aproveitando para alfinetar Dilma e PT), ou está com crise de "Forrest Gump".

    Pelo amor de deus, é cada coisa que se lê na internet…

Fabio_Passos

O governo estimou em apenas R$ 5 milhões a arrecadação de IR sobre o PLR dos trabalhadores brasileiros?

Não pode ser verdade.
O governo está completamente perdido.
Evidente que o número do Dieese é mais correto.

Isto explica muita coisa. O governo subestima a rapa que promove na renda do trabalhador.
Vai ver o governo usou a dados de cobrança de impostos sobre a especulação financeira… e aí chegou nesta merreca.

O governo tira dos pobres para dar aos ricos.

Marcio H Silva

Eles poderiam isentar aposentado acima de 60 anos de pagar imposto de renda, ou pelo menos diminuir a alíquota.

pperez

A tatica do governo não convence mais nenhum trabalhador.
Ano passado alegando riscos no superavit primario,apertou o cerco nas negociações salariais concedendo somente o IPCA do periodo.
Mas… abriu as pernas para a Petrobras, cujos empregados tiveram ganho real acima da inflação.
Nada contra, apenas a constatação de um peso e duas medidas.
Este ano a coisa pode feder!

    Brasileira

    Não entendi nada do que vc escreveu, pperez, : os da Petrobras não são trabalhadores?

    pperez

    Certamente que são e tem todos os motivo para comemorar o resultado do Acordo coletivo do ano passado.
    O que observo é que a Petrobrás concedeu ganho real para eles dando assim, uma banana para a logica do governo das estatais limitarem os reajustes salariais dos trabalhadores à inflação ocorrida no periodo de 1 ano.
    Em função disso, este ano todas as categorias é que devem dar uma sonora banana ao governo. é isso!

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