Fátima Oliveira: A Saúde da Mulher na encruzilhada

Tempo de leitura: 3 min

Dilema brasileiro: A Saúde da Mulher na encruzilhada

No puxa-encolhe, o vaso da confiabilidade se quebrou

por Fátima Oliveira, no Jornal OTEMPO
Médica – [email protected] @oliveirafatima_

Como espaço de concertação e definição de rumos, chegou a hora da 2ª Conferência Nacional de Saúde e Direitos da Mulher, um pouco mais de um quarto de século após a primeira (10 a 13.10.1986). Viajei? Há uma frase, esqueci a autoria, que uso muito: “A Terra nos foi dada em usufruto, e é um dever legá-la saudável para as gerações futuras”. O mesmo vale para direitos conquistados. É covardia perdê-los sem chiar.

Há quase um ano, vivenciamos descaminhos na saúde da mulher. É fato: há um bode fedido numa sala qualquer do Ministério da Saúde a empestear tudo! Há uma disputa política, não bem conduzida pelo governo, desde o anúncio da Rede Cegonha (28.3.2011), que ferveu com a edição da MP 557/11 (26.12.2011). Eis a encruzilhada!

Há controvérsias de relevante interesse público, numa conjuntura em que os canais de democracia participativa foram obstruídos, numa arrogante demonstração de complexo de Incrível Hulk, motivo número um de termos chegado a uma encruzilhada profundamente dolorosa. Explico-me.

É de domínio público que, tal qual a minha personagem Dona Lô, “sou uma mulher com Dilma”; em segundo, suei nas discussões online para que o ministro da Saúde fosse Alexandre Padilha, uma aposta diante de outras cartas, velhas conhecidas (Ai, meus sais!). Sem arrependimentos da opção Padilha, apesar do desassossego político que ele nos dá. Por ser dinâmico, com todas as trepeças, apostar nele foi correto – “pero”, nunca imaginamos retrocessos -, considerando que, num governo de coalizão nacional, a regra é disputar cotidianamente.

As forças políticas da atenção integral à saúde da mulher tiveram voz e vez nas gestões Humberto Costa (1.1.2003/8.7.2005), que elaborou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Pnaism); Saraiva Felipe (8.7.2005/31.3.2006) e Agenor Álvares (31.3.2006/16.3.2007). E começaram a perder espaço na gestão José Gomes Temporão (16.3.2007/31.3.2010), que deu um “chega pra lá” na visibilidade política da área técnica da Saúde da Mulher, sem verbalizar recuos; na prática, a Saúde da Mulher hibernou e não encontrou oposição à altura, nem no governo, pois a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) emudeceram no processo que as desemponderou!

A bordo de um erro político monumental, chegamos – ativistas, SPM e Seppir – à gestão Padilha (1.1.2011) estilhaçadas o suficiente para que a Saúde da Mulher ficasse ao bel-prazer de personalismos de matizes fundamentalistas aboletados no MS, que, sob a ótica conservadora, reconstruíram a primazia do ministério na saúde da mulher, um “nicho tripartite”, de três ministérios (Saúde, Mulher e Seppir), como sabiamente foi se definindo no governo Lula!

Reagimos aos retrocessos da Rede Cegonha, a visão de saúde materno-infantil; e à “joia da coroa”: a MP 557/2011, que conferia personalidade civil ao nascituro, materializando o desmanche dos alicerces da Pnaism! No puxa-encolhe, o vaso da confiabilidade se quebrou. Confiança não se remenda, gesta-se uma nova.

Há um novo contexto político. Cabe ao “batalhão da mata”, as “prendas do Rosário” – às ministras da Mulher, Eleonora Menicucci, e da Igualdade Racial, Luiza Bairros – sangrar nos cacos: exigindo uma concertação, não para monitorar políticas de saúde, mas para defini-las em pé de igualdade com o MS, à luz da diretriz nacional em vigor, a Pnaism, que é laica e republicana, na qual cabem as necessidades de todas as brasileiras!

Leia também:

Articulação de Mulheres Negras Brasileiras contra a MP 557


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Comentários

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Morvan

Boa noite.

Ora o artigo de Fátima Oliveira aponta retrocesso do Padilha ora aponta retrocesso desde Temporão. Sem entrar no [verdadeiro] mérito da questão, que é onde se deu o retrocesso ou sob qual o comando (se do Presidente Lula ou da Presidente Dilma), está bastante incongruente, pois onde claramente houve decisões a toque de caixa foi no Governo Dilma. É isso que eu aponto nos meus questionamentos.
Agora, ademais toda a discussão, considero extemporâneo discutir quebra de confiança. Ela já não existe desde o "kit AntiHomofobia", quando o Governo cedeu e cedeu feio aos ditames da bancada medieval. Ali, Dilma já mostrou sua estratégia articulatória. A famigerada MP do Vaticano, vulgo MP577, foi só o coroamento do caminho a ser trilhado…

Jurema Werneck afirmou, sobre a MP do Vaticano: “O governo Dilma está chocando o ovo da serpente” (http://www.viomundo.com.br/denuncias/jurema-werneck-o-governo-dilma-esta-chocando-o-ovo-da-serpente.html). Eu diria que Dilma não está chocando o ovo da serpente. Ela já está contando os votos [das serpentes]. O problema é que não dá para confiar na bancada medieval: no final, ela vai escolher alguém dos seus. E aí o PT, Dilma a tiracolo, virão atrás dos ot., digo, da militância. É nestas horas que a militância vale alguma coisa.
Voto no PT desde 1989. Se, em 2014, aparecer candidato não atrelado a porcaria de religião nenhuma (claro que há outras questões, além da religião), que defenda o Estado laico, conquistado com o suor e muitas vidas humanas, pensarei seriamente em uma alternativa. O meu voto em Dilma pode até acontecer, por falta de opção menos ruim. Mas não é automático. Jamais o fora.

:-)

Morvan, Usuário Linux #433640.

    Ana Beatriz

    Morvan, seguindo. Mas com assunto novo. E o que Crivela vai pescar no Governo Dilma? Os caras ganharam um Ministério, o da Pesca. Foi emtroco de quê? Você atina? Será que vão dar um sossego á ministra Eleonora agora que estão montado numa mina d eouro? É que todo min istério é uma mina d eouro, por menor que ele seja. Tem gente achando que ganharam um cala boca

    Morvan

    Boa noite.

    Ana Beatriz, muito bem observado. Inclusive, o PIG hoje, através de um dos seus canais mais sabujos (IG), fazia ironia sobre o Ministério ser da quota da casa e ter sido "cedido" para amainar as tensões entre a bancada medieval e o Governo.
    Deve ter uma ponta de efeito "Anti-Gilberto-Carvalho". Só tem.

    :-)

    Morvan, Usuário Linux #433640.

Fátima Oliveira

Caríssim@s comentaristas,
Agradeço a todas as pessoas que contribuíram com comentários. Todas as opiniões são bem-vindas porque demonstram preocupação com o assunto. Sobre as diferentes visões que apareceram em alguns comentários, sem problemas. Cada pessoa é livre para analisar e opinar como desejar.
No entanto temos um problema emergencial que é retomar a prática adotada no Governo Lula: decisões sobre saúde da mulher são, igualmente, da competência de 3 ministérios: Saúde, Mulher e Igualdade Racial. Também não aceitamos perder direitos conquistados, que é a diretriz nacional para a saúde da mulher, a PNAISM (Política nacional de Atenção Integral á Saúde da Mulher). Enfim, para o debate ser mais produtivo e propositivo gostaria que comentássemos sobre as questões elencadas.

    beattrice

    Isso responde claramente a dúvida que restou e expus abaixo.
    Então o retrocesso não se dá exclusivamente de temporão a padilha, há um retrocesso de Lula a Dilma,
    pois claramente os outros dois ministérios se tornaram "subordinados" ao da Saúde.
    E isso me parece evidente é de responsabilidade da chefia ou seja da presidencia de Dilma.

    Alice Matos

    Cara Beattrice: Releia, pois o que está escrito não permite afirmar o que você afirmou. Fátima Oliveira escreveu claramente em seu comentário: "No entanto temos um problema emergencial que é retomar a prática adotada no Governo Lula: decisões sobre saúde da mulher são, igualmente, da competência de 3 ministérios: Saúde, Mulher e Igualdade Racial".
    Ela tambéme screveu em seu artigo: " E começaram a perder espaço na gestão José Gomes Temporão (16.3.2007/31.3.2010), que deu um “chega pra lá” na visibilidade política da área técnica da Saúde da Mulher, sem verbalizar recuos; na prática, a Saúde da Mulher hibernou e não encontrou oposição à altura, nem no governo, pois a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) emudeceram no processo que as desemponderou!".
    De modo que não é possível inferir inverdades no que está dito. Quem não tem interesse de confundir e sabe ler só pode afirmar que os problemas são da gestão Padilha, que se aproveitando da fragilidade política dos interessados na área dela se apoderou.

    beattrice

    Se anteriormente a
    "prática adotada no Governo Lula: decisões sobre saúde da mulher são, igualmente, da competência de 3 ministérios: Saúde, Mulher e Igualdade Racial",
    claramente deixou de ser adotada no governo Dilma, tanto que as ministras não foram consultadas quando da MP 557, parece óbvio que houve um retrocesso no debate democrático na área.

    Tanto que durante a gestão Temporão se não houve debate, tampouco houve medidas concretas desastrosas como esta, ou houve?
    Neste caso, quem responde, queiram os ainda confiantes em Dilma ou não, é a presidência que nao coordena paritariamente as decisoes, pois em última instancia é o árbitro no regime presidencialista.

    Marcelo

    Alto aí!!!!
    "Hibernou" mas não degringolou como agora, então tem uma diferença aí sim.

Rita T. Bandeira

Em minha opinião a análise da situação está feita e bem feita. E é triste. A autora do artigo colocou propostas que a seu ver encaminham os problemas no rumo de serem resolvidos. O que precisamos é opinar sobre os encaminhamentos. Acho que está corretíssimo dizer que as ministras têm de se virar. Também estou de acordo com a proposta de 2ª Conferência Nacional de Saúde e Direitos da Mulher, como uma forma de impedir abusos.

JOSE DANTAS

E a dos homens? E a nova ministra? Não ia chegar e botar ordem na casa?

Gilda Arruda

Beatricce, além de criticar todo mundo, o que você sugere para resolver o problema? Vc acha que a proposta de 2ª Conferência Nacional de Saúde e Direitos da Mulher, feita por Fátima Oliveira faz sentido? Por último, onde você estava quando todas essas coisas aconteceram? E por que vc não fez nada? Ou fez? Se fez, conte aqui pra nós.
Não sou uma pessao daquelas que batem no peito e diz que faz política ou que analisa poilítica, mas acho que a sua postura criticista não ajuda muito se não estiver embasada numa prática política cotidiana. Tenho curiosidade de saber o que realmenbte vc faz além de tocar fogo em todo mundo na internet. Não dê uma de Padilha (que se emoputeceu quando perguntada a sua religião) e ficar fazendo beicinhos.

    Ana Beatriz

    Chamou pro destempero. Vai com calma. Isso aqui é um debate, embora nem todo mundo entenda e se comporte como se estivesse num Tribunal da Santa Inquisição. Eu também gostaria de ler mais comentários sobre a atitude de Fátima de chamara as duas ministras à ação, aliás ao protagonismo e também sobre essa coisa da 2ª Conferência Nacional de Saúde e Direitos da Mulher, como um espaço de concertação, de acertar o passo, sobretudo no interior do governo, ou seja, colocar um cabrestinho no Padilha e em sua turma fundamentalista.

    beattrice

    É uma atitude reincidente e até coerente com a absoluta falta de respeito com o interlocutor e de argumentos para o debate, nada a se surpreender.

    beattrice

    Ana, quando se observa a extensão da movimentação da bancada fundamentalista no Congresso fica claro que constitui um processo amplo, orquestrado e que dificilmente será equiibrado a menos que os diferentes setores abracem a causa do estado laico, e com veemencia.

    beattrice

    Acredito e compartilho do debate de propostas e idéias, os dilmistas e as padilhetes insistem no debate pessoal e na desqualificação do interlocutor.
    Patético. Mas compreensível, diante da absoluta falta de argumentos.

Alberto

Fátima Oliveira é uma mulher corajosa. Admiro a coragem dela. Com ela não tem nhenhemnhem. Vai lá cutuca e deixa sangrar. Ela chutou o pau da barraca aqui.
Colocou a resolução do imbroglio no colo das duas ministras feministas do governo, Eleonora e Luiza (Foi um TOMA QUE O FILHO É TEU!) como um dever moral delas ir à luta e quebrar o pau.
Fátima Oliveira foi clara ao dizer que todo mundo tem culpa no cartório na situação em que chegamos: ativistas, SPM e SEPPIR porque, primeiramente, se submeteram ao autoritarismo do Temporão.
Por fim, Ministério da Saúde e SPM e SEPPIR, se não estou enganado, fazem parte do mesmo governo. São igualmente interessados e responsáveis pela Saúde da Mulher, pois que se entendam!
Eu acho que a presidenta Dilma colocou Eleonora na SPM foi justamente para resolver isso, ou não?

    beattrice

    Pois nessa nova correlação de forças ficará definitivamente esclarecida a responsabilidade da presidencia e de dona Dilma em todo o episódio da MP 557, já que, em última instância queiram ou não será o árbitro da hierarquia entre o MS e a SPM.

Edna

A bola agora está com as ministras. Muito bem!

LULA VESCOVI

O brabo é que daqui a pouco começa a campanha eleitoral e todos esse comentaristas progressistas farão um trabalho hercúleo para achar diferenças de fundo entre os candidatos do PT e os outros.Esquecerão,convenientemente,suas agudas críticas a esse governo e tentarão influenciar os incautos a eleger petistas.Sempre pensando no mal menor
e para fugir do diabo que é o PSDB.Chega disso,o PT já foi,vamos atrás de outras alternativas de esquerda.PSOL.PSTU,PCB ou o que for.Chega de alimentar traíras.

Mariella

A verdadeira discriminação é contra as mães
"A verdadeira discriminação não é contra as mulheres, mas contra as mães. Hoje as mulheres conseguem crescer nos postos de trabalho, mas são penalizadas e discriminadas quando pedem tempo e espaço para estar do lado dos bebês". Foi o que disse Constanza Miriano. Como apresentação escreveu no seu blog http://costanzamiriano.wordpress.com/about/ “Costanza Miriano é esposa e mãe de quatro seres que de forma otimista e descuidada definiria crianças, duas de raça masculina e duas femininas, foi graduada em Literatura Clássica, mas atualmente estuda os quadros negros”."Aspirante dona de casa, é hoje jornalista da RAI, em rede nacional "."Não há muito mais a acrescentar ao seu currículo, exceto que corri diversas maratonas, que depois foi útil para gerenciar uma grande família. "Case e seja submissa" é seu primeiro livro"
Em uma sala cheia de pessoas, Constanza Miriano explicou as razões e os conteúdos do seu escrito: "Se casar seja submissa – Prática extrema para mulheres sem medo", publicado pela Vallecchi.Este é um livro que está criando grandes discussões em redações e gerações, admirado e criticado por jornalistas que cobrem a cultura. Foi muito vendido, 20.000 exemplares já esgotados, um número que para a autora do seu primeiro livro é um sucesso absoluto.A tese é altamente controversa. Miriano tenta explicar de uma forma leve, irônica, inteligente. Com tons graciosos e femininos, mas com identidade e valores fortes.Usando a forma literária de 'cartas para suas amigas”, a autora usa histórias reais para contar a idéia cristã de ser uma feliz mulher, esposa e mãe.São as mulheres que falam, mas o objetivo do livro é o de desafiar o homem a voltar para si, renovando as suas responsabilidades de homem e de chefe da família.
Disse Miriano, que a melhor maneira de convencer o marido a desempenhar um papel integral como pai e marido é o de confiar nele, de mostrar o lado mais sábio, paciente e submisso da mulher.Quando a mulher faz isso, o homem não resiste. "E não é uma tática hipócrita – disse Miriano – mas a bela natureza do gênio feminino"."Só redescobrindo a verdadeira natureza de homens e de mulheres, os filhos vão compreender e amarão a família e a procriação", acrescentou Miriano.A parte mais engraçada da noite foi quando se aproximaram diversos maridos de mulheres que tinham lido o livro da Miriano, todos felizmente reconciliados e contentes de poder viver com mulheres confiadas e colaboradoras. http://www.amazon.it/s/ref=nb_sb_noss?__mk_it_IT=

    Laura Antunes

    Mariella poderia traduzir teu comentário? Não se aborreça com a minha burrice, mas eu só quero entender o que tem a ver do teu comentário com o texto aqui em discussão.

beattrice

Escapa-me um detalhe da explanação:
o movimento feminista algum dia confiou no padilha???
Sinto, mas se confiou precisa reavaliar critérios,
fatos como os que se sucedem nesta gestão não são fruto
de um cometa ou um meteoro que despenca dos céus,
o senhor Torquemada, muitissimo bem definido pelo Morvan,
é o que sempre foi, o retrato do retrocesso, o elogio ao medievo,
e não somente na saúde da mulher, mas em tudo o que se vê em outras áreas críticas do MS.
Se não bastasse, ainda insiste em presidir o CNS o que é absolutamente anti-ético e imoral
posto ser este o órgão imediato fiscalizador de suas ações e diretrizes.
No mais,
faço minhas as palavras do Gerson e do próprio Morvan, se me permitem,
o vaso quebrou nas mãos de uma mulher,
a responsabilidade por tudo é de dona Dilma, do bem e do mal.

    Mari

    Amiga Beatricce, você conhece os outros dois que eram ministeriáveis junto com Padilha? Ai, ai… Dos males, o menor querida! Por tal razão, por conhecer nas entranhas as outras duas peças, Fátima Oliveira diz:
    "Sem arrependimentos da opção Padilha, apesar do desassossego político que ele nos dá. Por ser dinâmico, com todas as trepeças, apostar nele foi correto – “pero”, nunca imaginamos retrocessos -, considerando que, num governo de coalizão nacional, a regra é disputar cotidianamente".
    Sectarismos à parte, tirar o PMDB do Ministério da Saúde, em si já foi um ganho. O Temporão era o quê?
    Mas no frigir dos ovos, na época da montagem do ministério de Dilma a luta não foi fácil para expurgar o PMDB de lá. Temporão queria ficar. O PMDB não queria sair…

    beattrice

    Sinceramente,
    o Brasil já poderia até adotar como codinome "dos males o menor".
    Impressionante o número de vezes, de situações e eleições em que a militância e os eleitores progressistas se veem no "dever" de apoiar dos males o "menor".
    Só para exemplificar, um caso citado recentemente em outro post do VIOMUNDO,
    o momento em que o PT aceitou o apoio do PSDB em SP contra Maluf, um absurdo que fala por si.
    Talvez seja o momento de se dar um basta a este tipo de conciliação
    que vem se mostrando o que de fato é: um engodo e um prejuízo igual ou maior a longo prazo,
    pois além de redundar em retrocessos ainda desmobiliza os que militam,
    que demoram a acusar o golpe e reagir à altura.
    Para citar a articulista:
    "estilhaçadas o suficiente para que a Saúde da Mulher ficasse ao bel-prazer de personalismos de matizes fundamentalistas aboletados no MS, que, sob a ótica conservadora, reconstruíram a primazia do ministério na saúde da mulher"

    José Carlos

    E quem eram os outros dois?

    Ana Beatriz

    Vai no blog Saúde com Dilma que encontrarás a história toda rsrsrsrsrsr

    Morvan

    Boa noite.

    Beattrice, boa pergunta.
    Quem confiou neste senhor, e porque o fazia?
    Até agora, o sr. Torquemada está se mostrando um ótimo tocador congregacionaista militante. Ministro da Saúde é outra coisa. Mas está sendo conveniente para Dilma Vana Solange Roussef, para os zoroástricos e para o PIG, como um todo. Por isso que não está ameaçado.
    Parafraseando o Gerson Carneiro, querida Beattrice, o vaso quebrou nas mãos de uma mulher. Isto é terrível. As decorrências da quebra de confiança serão propagadas, tenha certeza. Os fundamentalistas do poder patriarcal vão utilizar, de alguma forma, este fato. Ah, vão.

    :-)

    Morvan, Usuário Linux #433640.

    JULIO/Contagem-MG

    A saude das mulheres, era boa mesmo no governo FHC, que saudades !!!!

Daniela V.

A leitura de Fátima Oliveira sobre a Saúde da Mulher no Ministério da Saúde de Lula para cá é impecável, justa e corresponde à verdade dos fatos. E acerta ao dizer que a gestão Temporão "não encontrou oposição à altura, nem no governo, pois a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) emudeceram no processo que as desemponderou!".
Grita uma verdade que dói: A bordo de um erro político monumental, chegamos – ativistas, SPM e Seppir – à gestão Padilha (1.1.2011) estilhaçadas o suficiente para que a Saúde da Mulher ficasse ao bel-prazer de personalismos de matizes fundamentalistas aboletados no MS, que, sob a ótica conservadora, reconstruíram a primazia do ministério na saúde da mulher, um “nicho tripartite”, de três ministérios (Saúde, Mulher e Seppir), como sabiamente foi se definindo no governo Lula!

Mari

Caro amigo Morvan, não dou um derréis em defesa do Temporão. Ele pintou e bordou com a saúde da mulher. Escute Fátima Oliveira, ela já disse aqui e hoje repetiu a verdade verdadeira sobre o moço: E começaram a perder espaço na gestão José Gomes Temporão (16.3.2007/31.3.2010), que deu um “chega pra lá” na visibilidade política da área técnica da Saúde da Mulher, sem verbalizar recuos; na prática, a Saúde da Mulher hibernou e não encontrou oposição à altura, nem no governo, pois a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) emudeceram no processo que as desemponderou!

    Morvan

    Boa tarde.

    Grande Mari.
    Se você não der um "derreis" por ele eu também não o farei. Mari, já vi vários relatos aqui sobre o Temporão e vi fatos que não foram relatados pela Fátima Oliveira, fatos estes que lhe dão razão. Só não concordo, e não se trata de "bater o pé", é com a questão do problema que há tempos discuto: os ministros são prepostos (a caixa baixa em ministro é intencional). As ações, os retrocessos, tanto do Temporão como deste ministrinho confessional são, na verdade, retrocessos de Lula e agora de Dilma.

    Obrigado pelo retorno.

    #Edit: removido comentário retorno Laura Antunes.

    :-)

    Morvan, Usuário Linux #433640.

    beattrice

    Mari, qual sua análise do fato de que se com Temporão não houve avanços tampouco com ele se registrou retrocessos da magnitude ora observados, e não me refiro somente à área da saúde da mulher.
    Diferença entre padilha e temporão?
    Ou entre Lula e Dilma?

Laura Antunes

Para MORVANse desencantar com Temporão, na boa!

"Eu, que não me calo diante das derrotas, esperneio sempre, na época escrevi um artigo: Saudações a quem tem coragem! (O TEMPO, 29 de maio de 2007), que vou ler para você e acho interessante para que leitores do Viomundo nos conheçam um pouco melhor:
Mazé inscreveu um feito histórico inesquecível com a ousadia que só as pessoas visionárias, comprometidas com os direitos humanos, são detentoras, que foi transformar as ideias filosóficas e políticas do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que hibernavam há quase duas décadas, na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – um conjunto de ações enfocando os pontos nevrálgicos da desatenção, capazes de, se devidamente coordenadas e implementadas, mudar a face cruel do descaso da saúde pública em nosso país. http://www.viomundo.com.br/entrevistas/fatima-oli

    Morvan

    Boa tarde.

    Laura Antunes, já o fiz. Após o seu relato e o de outras pessoas ativistas, vi o quanto ainda precisamos lutar para ter uma Pasta da Saúde que atenda aos anseios dos brasileiros, e, no caso específico da saúde da brasileira, mulher, e, quando negra, mais perversamente tratada, é luta inglória e légua tirana.
    Só estou, por outro lado, tentando focar a questão sobre a origem do problema: quem manda, quem determina as ações e quem implementa.
    Observação: achei legal o modo como você escreveu.

    :-)

    Morvan, Usuário Linux #433640.

Laura Antunes

Viomundo — Já ouvi várias ativistas dizerem que a Área Técnica de Saúde da Mulher foi sendo esvaziada ao longo da gestão do ex-ministro Temporão. Isso aconteceu realmente? Por quê?

Fátima Oliveira — O por que deve ter muitas respostas. Eu não sei todas. Nem as hipotéticas. E nem mesmo sei se as que ouvi falar são as reais.

Só o ex-ministro Temporão pode falar realmente os seus motivos de desprestigiar, ao esvaziar, a Área Técnica de Saúde da Mulher. Mas há de tudo um pouco, desde vaidade pessoal a disputa ideológica e por verbas. E, como sabemos, o Ministério da Saúde é um ministério bem forrado de recursos, embora digam que o dinheiro pra saúde é pouco. Não é pouco, pode não dar pra tudo o que precisamos na atenção à saúde, mas que a grana é muita, é!

Fátima Oliveira: Ministério da Saúde adoça a boca do Vaticano
por Conceição Lemes http://www.viomundo.com.br/entrevistas/fatima-oli

Morvan

Bom dia.

Salvo com o intuito de justificar um erro descomunal, o que acho improvável, dada a sua honestidade intelectual, a pessoa a quem eu muito admiro (Fátima Oliveira) está profundamente equivocada.
Ao citar o Temporão como um retrocesso, Fátima Oliveira está desconsiderando (reitero desconsiderando, pois confio na sua honestidade, como já afirmei) o fato de sermos um Sistema de Governo Presidencialista. Tudo o que está acontecendo o está pela mão de uma mulher (a Presidente Dilma Solange, a Sensora, a do carnaval carola); no Governo Lula, se houve recuos, estes foram tão imperceptíveis – talvez por não terem sido repercutidos, como estão a ser no Governo Solange Roussef ou que não tiveram qualquer menção dos movimentos feministas.
Temporão, Fátima Oliveira, enfrentou uma ferrenha igreja (todas aquelas %4#tas, não importa o nome), os Bolsonaros, o bispinho de Guarulhos, o escambal. Não patrocinou a desonestíssima MP557, não fez a campanha anti-DST mais carola da história do Brasil. O ministrinho da çaúde (Sic!) atual está fazendo direitinho o que querem Dilma, a Presidente censora, e a madre santa ($#@riu) igreja. Então, qual é mesmo o retrocesso?

Desculpem o meu "francês com sotaque", mas não podemos compactuar com esta leitura, mesmo da grande Fátima Oliveira.

:-)

Morvan, Usuário Linux #433640.

    Tetê

    Amigo Morvan, equivocado sobre Temporão está você. Lembre-se Fátima Oliveira é do ramo e conhece cada palmo desse chão. Se informe mais e melhor.

    Morvan

    Boa tarde.

    Obrigado pelo "Amigo Morvan" e pelo retorno, claro. Seguirei seu conselho: me informarei mais e melhor.
    Mas não estamos debatendo o principal, acho: "quem manda e quem faz".

    :-)

    Morvan, Usuário Linux #433640.

    Yole

    Morvan querido é um bom debate, mas Temporão, como disse a Fátima, não recuou no discurso, é verdade, mas na prática acabou com a Área Técnica de Saúde da Mulher, que antes, desde Humberto Costa, teve uma visibilidade política enorme, também bancada pelos ministros de saúde do governo Lula. Ele, Temporão, chegou, tal qual um pavão, e a primeira providência foi demitir a coordenadora da saúde da mulher, a que procedeu todos os avanços, claro que com o aval dos ministros, a Dra, Maria José Oliveira Araújo, e calou a Saúde da Mulher para sempre, sem ter se esforçado muito para implementar o que era da sua obrigação. E a última cartada foi uma semana antes de entregar o cargo ter feito uma portaria defin ido o Instituto Fernandes Filgueiras da Fio Cruz, instituição onde ele trabalha, como cocoordenadora da Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, coisa que pelo que me consta o Padilha não revogou. Tudo isso que estou contando está publicado no VI O MUNDO.

    Morvan

    Boa tarde.

    Yole, este fato me escapava. Esta Portaria à qual você se refere. Ponto. Temporão também fez das suas. Permanece uma questão bastante desconfortável: quem determina as políticas para a saúde (tanto no sentido genérico como no específico às mulheres)?
    Porque a Presidente Dilma não a revoga?

    :-)

    Morvan, Usuário Linux #433640.

    Yole

    Portaria do MS sobre a Área Técnica de Saúde da Mulher gera polêmica
    por Conceição Lemes

    Em 21 de dezembro de 2010, o então ministro da Saúde, José Gomes Temporão, assinou a portaria 4.159, que está causando polêmica.

    Ela estabelece o Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz) como Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, para atuar como órgão auxiliar do Ministério da Saúde no desenvolvimento, coordenação e avaliação das ações integradas para a saúde da mulher, da criança e do adolescente no Brasil.

    Pela portaria, cabem ao IFF as seguintes http://www.viomundo.com.br/denuncias/portaria-do-

Alberto

Uma análise firme e desapaixonada. E aponta saída.
Gosto muito de Fátima chamara as ministras Eleonora e Luiza Bairros de "Batalhão da Mata" e "Prenda do Rosário". Acho perfeito. São alegorias que cabem bem no perfil de ambos.

BOI DE LÁGRIMAS
Raimundo Makarra

Sabiá
Já mostrou seu canto
Enfrentou cantor do boi da pindoba
Ê boi…
Chegou prenda do Rosário
Beirada nunca viu tanto brilho e clarim

Chiador,
levantou maioba
Chão tremeu, quem fez?
Foi Maracanã…
Ê boi, chegou
Batalhão da mata,
Enfrenta o contrário no cordão
Ê boi…
http://letras.terra.com.br/alcione/523055/

Gerson Carneiro

O triste é que o vaso se quebrou exatamente quando esteve nas mãos de uma… mulher.

    Daniela V.

    É todo um processo, pela leitura que fiz do artigo da Fátima Oliveira. Ela analisa e dá a saída que é quando diz que as duas ministras têm de colcoar o trem nos trilhos: saúde da mulher se desenhou no Governo Lula como úm tema tripartite, que diz respeito igualmente ao Ministério da Saúde, da Mulher e da Igualdade Racial e isso tem de voltar a ser assim mesmo. E mais, ela propõe uma lugar oficial para issos e dar: 2ª Conferência Nacional de Saúde e Direitos da Mulher, um pouco mais de um quarto de século após a primeira (10 a 13.10.1986

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