Maior ameaça ao domínio do dólar vem da Rússia e tem potencial de fazer Washington tremer

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Foto Nações Unidas

Dados do FMI e do Banco Central da China

Segundo o FMI, cerca de 60% das reservas mundiais são em dólares, com China e Japão detendo a maior parte. O Brasil tem cerca de U$ 250 bi em papéis do Tesouro dos EUA, denominados em dólar. As reservas da Arábia Saudita, mais a reciclagem do dinheiro do petróleo saudita no sistema financeiro dos Estados Unidos explicam a bajulação de Washington aos ditadores sauditas, façam o que fizerem

A maior ameaça ao domínio do dólar

por Irina Slav, no Oilprice.com, traduzido pela AEPET

Exportadores de petróleo russos estão pressionando os comerciantes de commodities ocidentais a pagar pelo petróleo russo em euros e não em dólares, enquanto Washington prepara mais sanções contra a anexação da Crimeia em 2014 por Moscou, informou a Reuters na semana passada, citando sete fontes da indústria.

Embora possa ter sido uma surpresa para os traders, que, segundo a Reuters, não estavam muito contentes com isso, a decisão das empresas russas era de se esperar, já que o governo Trump busca uma política externa em que as sanções ganham proeminência.

Essa abordagem, no entanto, poderia minar o domínio do dólar americano como a moeda global do comércio de petróleo.

Os primeiros indícios desse enfraquecimento tornaram-se evidentes nesta primavera, quando a Rússia e o Irã lançaram um programa de intercâmbio de troca de petróleo por bens, buscando eliminar os pagamentos bilaterais em dólares e planejando mantê-lo por cinco anos.

Os parceiros de sanção discutiram esse tipo de acordo mais cedo, em 2014, quando o Irã ainda estava sob as sanções do Ocidente.

Mesmo depois que o notório acordo nuclear foi alcançado, os dois países decidiram ir adiante com seu acordo de permuta, e o acordo preliminar foi alcançado no ano passado.

Segundo ele, a Rússia receberia 100 mil bpd de petróleo iraniano em troca de US$ 45 bilhões em mercadorias russas.

Em março, o Irã proibiu pedidos de compra em dólares norte-americanos e disse que qualquer comerciante que usasse dólares em seus pedidos não teria permissão para conduzir o comércio de importação.

Um mês depois, Teerã anunciou que publicaria todos os seus relatórios financeiros oficiais em euros, em vez de dólares, em uma tentativa de encorajar a mudança de euro para dólares entre agências e empresas estatais.

Agora, os maiores produtores de petróleo da Rússia estão renegociando contratos de entrega de petróleo com comerciantes de commodities, e três deles, Rosneft, Gazprom Neft e Surgutneftegaz, aumentaram a especulação dos investidores ao insistirem que os comerciantes se comprometem a pagar multas a partir do ano que vem caso as sanções dos Estados Unidos perturbem as vendas e, como resultado, os compradores não consegam efetuar pagamentos.

Além disso, há discussões sobre o uso de euros e outras moedas em vez de dólares para garantir que os pagamentos não sejam interrompidos.

Faria todo o sentido para o vendedor de qualquer mercadoria garantir que eles recebam o pagamento por sua mercadoria.

Em um ambiente de sanções, procurar maneiras de contorná-las é o único comportamento lógico.

E a Rússia e o Irã não estão sozinhos nesse esforço de se distanciar do dólar.

A Venezuela, por exemplo, apostou na moeda digital como uma maneira de contornar as sanções de Washington que aumentaram a pressão criada pelo crash do preço do petróleo em 2014 e os anos de má gestão da PDVSA — ambos fatores que mergulharam a economia venezuelana em uma crise possivelmente irrecuperável.

Ainda hoje, a imprensa informou que Caracas apresentaria sua criptomoeda, a Petro, à Opep como uma unidade de conta para o comércio de petróleo no ano que vem.

“Usaremos a Petro na OPEP como uma moeda sólida e confiável para comercializar nosso petróleo bruto no mundo”, disse o ministro das Finanças, Manuel Quevedo.

A China também está promovendo abertamente sua moeda para o comércio de petróleo e demais mercadorias.

A internacionalização do yuan faz parte da iniciativa Nova Rota da Seda do presidente Xi e, dado o nível de consumo de petróleo da China, o comércio de petróleo é uma grande parte dessa política.

No início deste ano, a China lançou seu tão esperado contrato futuro de petróleo em yuan.

Enquanto o público em geral permanece cauteloso sobre a compra, alguns preveem que o yuan eventualmente substituirá o dólar como a moeda global do petróleo.

E poderia juntar-se ao euro enquanto a União Europeia sobreviver no longo prazo. Afinal, a Rússia e o Irã estão entre os maiores exportadores de petróleo do mundo.

São milhões de barris que podem ser negociados em euro e não em dólares.

Fonte: Oilprice.com

PS do Viomundo: O dólar como “moeda mundial” dá às autoridades norte-americanas não só toda a latitude para fazer barbaridades econômicas, como justifica a existência de 598 bases militares dos EUA em 40 países. Para uma visão geral, sugerimos The Deep State, de Mike Logfren.

Leia também:

O petróleo do pré-sal como novo ciclo colonial no Brasil


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Comentários

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Zé Maria

Daí a repetição na Imprensa-Empresa de tantos press releases do US State Department, chamando de Ditador o Presidente da Rússia que há pouco foi Reeleito com mais de 70% dos Votos.
Os Five Eyes pensa em fazer Esculhambação Primaveril na Rússia.
Mas são os Russos [e os Chineses] que vão fazer Primavera nos EUA.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Alian%C3%A7a_Cinco_Olhos

marcelo batista

USA , grandes arquitetos dos golpes de 64 e 2016

Julio Silveira

Alguem com um pouco mais de neuronios em atividade, com senso critico apurado, e bom poder de observação sem ser jovem demais, deve se lembrar que a iniciativa de procurar sair do Dolar, e com isso tentar sair da frente da arma do chantagista, terrorista, veio de Iraque de Saddan. O mesmo Saddan que chegou a ser parceiro yanke, e do seu ocidente, quando este esteve em guerra contra um Irã que recem havia saido de uma revolução em que substituiram um monarca tirano, o Xá Reza, parceiro dos yankes na subordinação de seu país, pelo regime dos Aiatolás. O mesmo Saddan que se tornou inimigo dos States por se recusar a seguir sua cartilha e passar ter arroubos de autonomia, independencia e soberania. Periodo em que inclusive ao lardo dos States buscou firmar parcerias comerciais com outros paises. Tendo o Brasil, naquele periodo, se beneficiado com muitos negocios, inclusive de vendas militares ao Iraque. Esse intenção de sair do jugo estadunidense, saindo do Dolar pode ter sido o fator determinante para o levar a morte sentenciada e executada, sob falsos argumentos, pelos yankes . Negocios findaram após as acusações forjadas que geraram a agressão aquele país com mudança de polo de poder, em que houve milhares de mortes de civis. Para ao fim se mostrar como apenas mais um instrumento de controle das principais reservas petroliferas Iraquianas pelo yankes, quando lá assumiram o controle ajudados por suas ferramentas Iranianas beneficiarias no esquema. Tomando, inclusive, o poder de determinar com quem esse país poderia fazer comércio, Brasil excluido. Com a Russia e hoje, também, a China, o negócio é mais embaixo. Esses paises sabem que precisa defenderem suas prerrogativas de estado soberano contra esse ambicioso e imperialista adversario de seus interesses.

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