por Tadeu Breda, da Rede Brasil Atual
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como “vergonha” a decisão da Rede Globo de cancelar o debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, que seria realizado amanhã (4). “Fernando Haddad é o único candidato que apresentou o programa de governo. E veja que engraçado: em todas as campanhas que o PT estava à frente das pesquisas, tinha debate na Globo e na Record. Agora não tem mais debate”, comparou durante comício ao lado do ex-ministro da Educação em São Mateus, na zona leste da capital.
“Quando fui candidato, em 2006, colocaram uma cadeira vazia porque não fui ao debate, estão lembrados? Agora que o Haddad está louco por um debatezinho na Globo, está doido por um debatezinho na Record, nenhuma delas está fazendo debate”, continuou o ex-presidente, fazendo referência ao bordão do apresentador televisivo Boris Casoy. “É uma vergonha que a cidade mais importante do Brasil, a mais rica deste país, a que tem mais população, não tenha debate na TV.”
Os dois principais debates entre os candidatos à prefeitura paulistana deveriam ter ocorrido ao longo desta semana, mas foram cancelados por diferentes motivos. No caso da Record, a emissora argumentou que Celso Russomanno (PRB), até agora líder nas pesquisas, não poderia comparecer devido ao nascimento da filha, e que José Serra havia rejeitado o convite, versão desmentida pelo tucano.
Já a Globo anunciou a decisão depois que o candidato do PRTB, Levy Fidelix, obteve liminar garantindo a presença dele e do postulante do PSOL, Carlos Giannazi, pois ambos partidos possuem representação na Câmara Municipal. A emissora manifestou que com oito candidatos ficaria inviável encaixar um debate com duração máxima de duas horas em sua programação.
Lula estranhou a linha de argumentação da empresa da família Marinho. “O pretexto é que tem partido nanico, mas ninguém neste país pode ser condenado por ser pequeno. As pessoas precisam de TV para ficarem grandes”, contestou enquanto segurava a mão de Fernando Haddad. “O dado concreto é que eles não querem que essa pessoa aqui mostre a competência que tem. Essa é a verdade. E isso tem de ficar registrado porque fará parte da história do Brasil.”
Um pouco mais cedo, em conversa com jornalistas, o candidato petista voltou a cobrar de Celso Russomanno a realização de um debate transmitido pela internet. Para o ex-ministro da Educação, o o representante do PRB está mal informado ao afirmar que a legislação eleitoral não permite o embate virtual e que o PT está querendo mudar as regras do jogo. “Eu convidei ele para um debate e ele não aceitou. Pela quarta vez”, disse o petista, lembrando que seu adversário faltou aos encontros promovidos pelo UOL e pela Igreja Católica, além de ter dado “um jeito” de cancelar o debate da Record.
“Temos de nos encontrar para esclarecer as dúvidas. Ele não conhece o sistema de transporte de São Paulo. Não é por mal: ele não tem familiaridade com o assunto”, afirmou Haddad, novamente em referência à proposta do adversário de cobrar a tarifa de transporte público de acordo com a distância percorrida, o que, diz, acabaria por penalizar os moradores da periferia. “Estou sempre aberto a debater, sobretudo quando alguém está em dúvida, como ele. Está um pouco perdido, o que é natural para uma pessoa que está sem equipe”, provocou. “Quem sabe no segundo turno, quando estiver mais bem assessorado, ele desista da proposta de cobrar mais de quem mora longe e menos de quem mora perto.”
Nota da Globo, publicada pelo Estadão:
As regras para realização de debates na TV Globo são bem conhecidas pelos candidatos, nesta e em eleições passadas. Sempre limitamos o número de participantes a no máximo seis, procurando acordo com os menos competitivos. Quando este acordo é alcançado, há o debate. Se, depois do acordo, algum candidato falta, a cadeira fica vazia. Se não há acordo, não há debate. Em 2008, em São Paulo, também não houve debate, pelos mesmos motivos. São regras antigas, que não deveriam causar estranheza a quem já participou de tantas eleições, com regulamentos idênticos.
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