Financial Times: Brasil propõe resgate internacional da Europa

Tempo de leitura: 2 min

September 14, 2011 7:09 pm

Dilma diz que o Brasil vai apoiar resgate da zona do euro

por Joe Leahy em São Paulo, no Financial Times

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, deu seu apoio às propostas de um “esforço internacional” para ajudar a resgatar a Europa de sua crise da dívida.

Embora ela não tenha proposto uma solução envolvendo apenas as nações emergentes dos BRICs, que além do Brasil incluem a Rússia, Índia e China, afirmou que se a Europa conseguisse apresentar uma estrutura viável para um pacote de resgate, seu governo daria apoio.

“O Brasil sempre está disposto a participar de qualquer tentativa internacional”, disse a sra. Rousseff a repórteres em Brasília.

Qualquer tentativa do Brasil de coordenar a resposta dos BRICs para a crise da dívida europeia marcaria um significativo passo na tentativa do país de aumentar sua influência em assuntos mundiais.

O ministro da Fazenda Guido Mantega citou a ideia inicialmente na terça-feira, quando disse que autoridades sênior das nações BRICs se encontrariam na próxima quinta-feira em Washington para discutir um possível plano de resgate da Europa. Embora ele não tenha dado detalhes, o jornal Valor Econômico noticiou que o plano poderia envolver a compra de papéis soberanos europeus, provavelmente da Alemanha.

A sra. Rousseff disse que o problema é que no momento não há um plano internacional de resgate para a zona do euro.

Ela pediu a políticos da zona do euro que parem com suas disputas e produzam um plano conjunto para resolver seus problemas. “É necessário, no caso da zona do euro, acelerar os planos de resgate”.

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Mas qualquer plano para usar os 350 bilhões de dolares das reservas internacionais do Brasil para ajudar a zona do euro poderiam causar controvérsia dentro e fora do país.

A Índia expressou surpresa com a iniciativa na quarta-feira, com R. Gopalan, uma autoridade sênior do ministério das Finanças, dizendo que “a ideia foi jogada pelo ministro da Fazenda do Brasil”.

Também parece improvável que a China vá seguir uma agenda multilateral para a Europa. O primeiro-ministro Wen Jiabao sugeriu, em discurso no Forum Econômico Mundial que se realiza na China, que qualquer apoio à zona do euro dependeria de a União Europeia reconhecer seu país como economia de mercado.

Economistas dizem que qualquer plano para investir uma quantidade substancial das reservas internacionais do Brasil em dívida europeia seria difícil de vender politicamente em casa.

O Brasil precisa encontrar primeiro seu próprio caminho para atravessar a crise internacional, com a economia sob a pressão de inflação alta, redução de crescimento econômico, fortalecimento da moeda e juros internos altos.

Embora a previsão para a economia do Brasil continue positiva, com a expectativa de crescimento entre 3 e 4% este ano, isso será menos que os 7,5% de crescimento registrados em 2010.

Enquanto isso, o governo está sob pressão para reduzir os juros — os mais altos entre as grandes economias — ainda que a inflação esteja acima da meta oficial de 6,5%, mais ou menos 2 pontos percentuais.

“Esta crise é uma oportunidade para o Brasil aumentar sua fatia do comércio internacional e para crescer mais que outros, com isso se tornando mais influente, mas isso vai depender da gente fazer as coisas certas [domesticamente]”, disse Márcio Gomes Pinto Garcia, um professor de economia da PUC do Rio de Janeiro.

Additional reporting by James Lamont in New Delhi

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