Elite branca da indústria aplaude Bolsonaro, que defende piadas sobre negros; veja você mesmo

Tempo de leitura: 3 min

Elite da indústria aplaude Bolsonaro e vaia Ciro por criticar reforma trabalhista

Alckmin defende reforma tributária que alivia empresários citando Trump. Militar da reserva não apresenta propostas, mas levanta plateia com frases de efeito contra o “politicamente correto”

Afonso Benites, no El Pais

Em encontro com a elite dos industriais do Brasil em Brasília, dois dos protagonistas desta eleição presidencial se depararam com tratamentos distintos.

Enquanto o pré-candidato de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) foi aplaudido ao menos seis vezes ao dizer frases de efeitos — contra a “ideologia de gênero” e contra o “politicamente correto”, que incluía a defesa de fazer piadas contra minorias sociais — e quase não apresentou propostas detalhadas para o setor, Ciro Gomes (PDT) acabou vaiado ao defender uma nova reforma trabalhista para substituir as regras aprovadas sob Michel Temer.

A plateia era formada, em sua imensa maioria, por homens, de classe alta, brancos. Quase 2.000 pessoas.

Líder nas pesquisas em cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso, como concorrente do PT, Bolsonaro evitou o tempo inteiro em entrar em temas econômicos.

Disse ser “humilde” por não entender do assunto e buscar o suporte de quem saiba.

Por essa razão, não respondeu diretamente a nenhuma das três perguntas feitas pelos empresários que o assistiam durante evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Não aprofundou nem qual seria sua reforma da Previdência, que ele diz ser necessária. “Talvez o Paulo Guedes fosse o mais preparado para responder”, disse em dado momento do encontro.

O economista Guedes é o consultor econômico do parlamentar e seu eventual ministro da Fazenda.

Ainda assim, Bolsonaro não precisou mais do que superficialidades para ser aplaudido.

Uma das vezes foi quando reforçou o seu discurso de que parte de seu primeiro escalão será ocupado por militares.

“Vou botar generais nos ministérios, sim. Qual o problema? Os anteriores botavam terroristas e corruptos e ninguém falava nada”.

Em outro momento, foi quando defendia não levar ideologia para as negociações com o Congresso.

“Não quero botar um busto do Che Guevara no Palácio do Planalto”.

Também disse que contará com o apoio dos evangélicos, que são contra a “ideologia de gênero”, e atrairá a bancada ruralista ao qualificar de “terrorista” o MST (Movimento dos Sem Terra).

“Hoje estão tirando nossa alegria de viver, não podemos mais contar piadas de afrodescendentes, de cearenses, de goianos”, disse Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal por injúria e incitação ao racismo.

Ciro Gomes e Alckmin

Já o candidato Ciro Gomes teve apupos a ele desferidos. Ocorreram no momento em que o pedetista revelou que tem um acordo com as centrais sindicais que, se eleito presidente, ele apresentará uma nova proposta de reforma trabalhista.

O seu projeto seria discutido com representantes dos patrões, empregados e de universidades.

“Meu compromisso com as centrais sindicais é trazer essa bola de volta ao meio de campo”. Após ser vaiado, ele disse: “É assim que vai ser. Ponto final”. Mais vaias, que provocaram uma nova reação do pré-candidato. “Se quiserem presidente fraco, escolham um desses que ficam de conversa fiada aqui com vocês”.

O empresariado foi um dos grandes fiadores da reforma trabalhista apresentada pelo Governo Michel Temer e aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado.

Era natural que fosse contrário a mudar a lei como foi promulgada.

Ao ser questionado sobre o que achou das vaias, Ciro disse que as via com maior naturalidade e lembrou que também foi aplaudido.

“Quando se é vaiado defendendo os trabalhadores, parece que é um prêmio. E nem quero fazer disso um prêmio”, afirmou aos jornalistas ao final do evento.

De fato, em outras quatro ocasiões, Ciro acabou aplaudido – entre elas quando defendeu que o Judiciário e o Ministério Público têm de “voltarem para seus quadrados” e deixarem de influenciarem na política e quando prometeu manter incentivos fiscais permanentes para o setor industrial.

Seja como for, o pré-candidato do PDT foi o único dos seis que passaram pelo palco da CNI que teve a reação negativa do público.

O público se manifestou favoravelmente também a Geraldo Alckmin (PSDB), que propôs a criação de um imposto único (unificando IPI, ICMS, ISS e outros) além da redução do imposto de renda para pessoa jurídica (citou a reforma tributária de Donald Trump como exemplo), e para Álvaro Dias (PODE), quando ele citou que pretende intensificar as relações multilaterais do país.

Quando os oradores foram Marina Silva (REDE) e Henrique Meirelles (MDB) quase nenhuma reação foi notada.

Algo que os seis pré-candidatos tiveram em comum foi a de não se debruçarem sobre as propostas apresentadas pela CNI.

Antes de iniciar o diálogo com os pré-candidatos, a entidade elaborou um documento com 43 propostas para os concorrentes.

Tudo citado muito brevemente por todos. Essa foi a segunda maratona de entrevistas das quais os presidenciáveis participaram em Brasília.

Ao longo desse mês, todos deverão se dedicar às convenções partidárias, nas quais serão seladas as alianças e coligações para a disputa ao Planalto.

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Comentários

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lulipe

O desespero chegou e é melhor JAIR se acostumando.O mito vem aí….

Planeta animal

Difícil ver tanto preconceito e partidarismo numa reportagem só. Nojo destas mídias vendidas.

    lia

    volvé a tus “mídias nojentas” (e mais que vendidas)!!!
    gorilón!!!

Julio Silveira

O Bolso ignaro demonstrar publicamente toda sua arrogante ignorancia não me surpreende, afinal ele cresceu e propera assim principalmente no seu nicho de iguais. Mas, pior, é ter certeza de muitas da suas conscientes vitimas não tem consciencia de que sempre foram e serão suas vitimas, e também lhes dão apoio.
Mas enfim a canalhice, a sordidez e a hipocrisia tem sido o fio condutor da sociedade brasileira fazendo vitimas terem relações afetivas com seus algozes numa verdadeira sindrome de estocolmo, e São Paulo está aí que não me deixa mentir.

ALZIRO

Nada haver essa matéria ,eu leio é dou risada ,o dor de cotovelo da esquerda ,não vão me fazer mudar de ideia ,meu voto é Bolsonaro como o da milha familia e meus amigos .

    Gersier

    Do poeta Tim Maia : “Aqui prostituta se apaixona, cafetão tem ciúme, traficante se vicia e pobre é de direita.”
    Não sei se vc é pobre. Se for…
    Não sei se vc é rico. Se for…
    Não sei se vc é branco ou preto. Se for…
    De uma coisa tenho certeza, vc gosta de um pasto gramíneo.

Cintia Menezes

Homens brancos, ricos ou de classe media, heteros, com ensino superior e que odeiam tudo e todos que nao sao iguais a eles. Acho que esse é o mercado + investidores internacionais.
Bolsonaro nao sabe de P. nenhuma, talvez saiba só marchar e mais nada, nunca procurou estudar e se preparar mais. Parou no tempo, ainda está nos anos oitenta onde essas piadas preconceituosas eram normais.
Só sera uma marionete na mao de algum general ou de outro politico mais esperto que ele.
A Dilma tambem nao era muito esperta e nem tinha experiencia administrativa no executivo e deu no que deu, caiu porque só fez ca.gada na economia. A ultima ca.gada dela foi por o Joaquim Levy no ministerio da fazenda. É duro dizer isso, é !
O mais preparado é o Lula que se cercou de pessoas competentes e que é um politico brilhante embora nao tenha estudo. Se a Dilma o ouvisse talvez nao teria caido. o MDB é um partido de larápios, vao roubar em qualquer governo. Sempre roubaram e sempre roubarão.
Esses empresarios querem que o peao trabalhe em troca de um prato de comida. Sao uns chupins.

    De Souza

    Já experimentou fazer o concurso dos Agulhas Negras ?

    Julio Silveira

    Rsrsrs, eleitor do Bolso Ignaro a gente reconhece assim, Rsrsrs. De Souza, primeiro que não é o concurso dos Agulhas Negras, é para as Agulhas Negras. Segundo, as Agulhas Negras para grande parte de seu alunos nem precisou concurso bastou ser filho de algum militar ou até ex militar graduado para ganhar acesso através da reserva de mercado que existem nessas instituições militares de ensino, que detem preferencias para os descendentes dos oriundos dessa classe, como uma instituição do imperio para manter o poder de pai para filho vindo dos privilegiados ancestrais. Mas esse não é um vicio exclusivamente militar é um vicio do Brasil mantido do imperio para sustentar Oligarquias que se interrelacionam de forma corrupta no topo para se manterem poderosas repartindo entre si as oportunidades que o povo constroi com suor.

    lulipe

    Posso garantir que ele estudou bem mais do que o presidiário. É melhor JAIR se acostumando…

    Julio Silveira

    Diferente de vc golpista coxinha, se teu Bolso Ignaro ganhar eleição justa saberei aceitar e me resignar, para esperar a proxima eleição para buscar retirá-lo de lá, se ele não me surpreender. Ou até mesmo não retirá-lo, se ao contrario ele me surpreender positivamente, o que acho pouco provavel por tudo que ele tem demostrado com sua ostensiva ignorancia sobre todos os assuntos que terá que se envolver, do trato com pessoas ao trato administrativo.
    Para mim, maior que eu é meu país e a democracia sem golpes é para mim sem duvida o melhor meio de extinguir coxinhas imbecis desnacionalizados como vc, por isso sou opositor de golpes que só colocam lacraias do teu feitio no poder

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