Altamiro Borges: Na Venezuela, mídia aposta em fraude e guerra civil
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quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Mídia já lamenta derrota na Venezuela
Por Altamiro Borges, em seu blog
A mídia brasileira bem que tentou vender a ideia de que a eleição na Venezuela estava indefinida. Com base em pesquisas manipuladas, ela saudou o crescimento da candidatura do ricaço Henrique Capriles, apresentado como “jovem”, “dinâmico” e outras bajulações, e garantiu que o presidente Hugo Chávez, sempre tratado como “ditador” e “populista”, estava em queda. Agora, na reta final do pleito – que ocorre neste domingo (7) –, ela é forçada a reconhecer que estava mentindo e já dá como certa a vitória do líder bolivariano.
Em seu editorial de ontem, o Estadão jogou a toalha. Após atacar o “caudilho” e elogiar o “hiperativo” direitista, o jornalão afirma que “a aposta mais segura ainda é na vitória de Chávez. O mais confiável dos levantamentos deu-lhe 10 pontos de vantagem na semana passada. Dos seis institutos empenhados em colher as intenções de votos dos 19 milhões de eleitores dessa nação polarizada até a medula, apenas um registrou empate técnico entre os contendores, com vantagem mínima para Capriles”.
O discurso dos golpistas derrotados
Apesar da confissão da derrota, o Estadão já adota o discurso dos golpistas venezuelanos de questionar o resultado das urnas. “Como ficará o país, no terceiro mandato de um governante autocrático sob o risco de uma recidiva do câncer que o acometeu? (…) O cenário é de instabilidade política, sejam quais forem os números proclamados pela autoridade eleitoral”. O jornalão conservador, que apoiou o fracassado golpe de abril de 2002, afirma na maior caradura que o líder bolivariano pode levar o país “a uma guerra civil”.
A Folha, em editorial no domingo, também já havia lamentado a derrota do seu candidato. “Capriles cresce nas pesquisas, mas Chávez intensifica a campanha em seu estilo autoritário e é o favorito”. Para a famiglia Frias, a vitória do bolivariano deriva do “abandono de qualquer resquício de responsabilidade fiscal para irrigar com verbas públicas os projetos sociais. As ‘misiones’, como são conhecidas tais iniciativas, transformaram-se, pelas mãos do marqueteiro petista João Santana, no maior trunfo da campanha presidencial”.
2.131.332 razões para reeleger Chávez
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Os argumentos da mídia “privada” contra Chávez são patéticos. Revelam todo seu elitismo e reacionarismo. Para ela, os programas sociais, que reduziram drasticamente a miséria na Venezuela, representam “gastança pública” e “populismo” – o mesmo argumento da oposição demotucana no Brasil. A mídia rentista preferia o período em que os recursos da petroleira PDVSA enriqueciam a elite burguesa que reside em Miami. Daí a sua aposta no ricaço Henrique Capriles, que também é dono de veículos de comunicação.
Até Clóvis Rossi, ácido crítico dos governos de esquerda a América Latina, reconhece que “há exatamente 2.131.332 razões para acreditar que Hugo Chávez tende a ser re-reeleito presidente. É o número de pessoas que deixaram a pobreza nos 13 anos de reinado deste militar de 58 anos, caudilho por excelência. Quando Chávez ganhou sua primeira eleição, em 1998, a Venezuela tinha 11.212.273 pessoas em situação de pobreza, das quais 4.523.392 eram extremamente pobres. Em 2011, os números caíram para 9.080.941 e 2.450.621”.
A famiglia Frias, que emprega o jornalista Clóvis Rossi, parece que não enxerga estas mudanças sociais!
PS do Viomundo: Eduardo Guimarães, em mensagem, estranha a sobrevivência de Hugo Chávez. Pelos cálculos do Merval Pereira, o Chávez já deveria estar morto. Depois o Cloaca diz tratar-se de máfia midiática e afirmam que ele está exagerando.
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