Metroviários: Culpa pelo tumulto não é do usuário; é dos trens do propinoduto
Tempo de leitura: 5 minAcima, reprodução de denúncias do site do Sindicato dos Metroviários de São Paulo feitas ANTES do tumulto de ontem. Abaixo, a nota do Sindicato divulgada no início da tarde desta quarta-feira, 5.
MAIS SUFOCO NO METRÔ. TREM DO PROPINODUTO É A CAUSA
Nota oficial do Sindicato dos Metroviários sobre as falhas e acontecimentos ocorridos na terça-feira, dia 4 de fevereiro de 2014
Os metrovários lamentam profundamente o sufoco que passaram os usuários e funcionários na noite de ontem.
Sob condições adversas, nos dedicamos diariamente para garantir o funcionamento do Metrô. No entanto, mais uma vez, um trem “reformado” (a maldita frota K) apresentou problemas de porta causando uma reação em cadeia. Os trens parados dentro dos túneis com o ar condicionado desligado gerou uma situação insuportável.
Os trabalhadores do Metrô já haviam denunciado ao Ministério Público os problemas dos trens reformados pela iniciativa privada. Os “trens do Propinoduto”. Exigimos, também, uma solução técnica para o ar condicionado dos trens para que não desliguem dentro do túnel.
Alertávamos para a possibilidade de situações como esta ocorrerem, mas infelizmente, nada foi feito. Diante do caos de ontem voltaremos a procurar o MP buscando soluções.
Nós entendemos o desespero e a revolta dos usuários. Mas, em momento como os de ontem é necessário seguir as orientações dos funcionários das estações, que tentam minimizar para que não aconteçam consequências mais graves.
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Os metroviários sempre estarão presentes para ajudar. Infelizmente não nos é dada condições suficientes para atuar. O Metrô está saturado e somos poucos para um público de 5 milhões de usuários.
Neste quadro, não ajuda em nada, as declarações do Secretário Jurandir Fernandes, que numa tática diversionista, culpabiliza “grupos organizados” pelo caos. A culpa não é do usuário. Ir por esse caminho é fugir da solução e da responsabilidade com o público.
Os problema são:
1- As falhas dos trens do propinoduto. Não é coincidência que o trem K-07, que abriu falha ontem, é o mesmo que descarrilhou em agosto do ano passado, que ao retornar a operação, falhou por abrir a porta do lado contrário.
Denunciamos que as principais consequências do propinoduto são as péssimas condições dos trens reformados. A empresa privada que ganhou concorrência, a base de propina, oferece um péssimo serviço. Como já havíamos denunciado, essa frota, com apenas 7 trens, somou 696 falhas num período de 30 dias. Sendo mais de 300 somente no K07. Trem citado nessa ocorrência.
2- Poucos trens no horário de pico. Além das falhas durante a operação, como as de ontem. Os trens do propinoduto param para manutenção com mais frequência. O que causa uma redução de carros nos horários de pico.
3- O ar condicionado. Exigimos solução técnica para o ar condicionado que não tem fonte alternativa de energia. Quando a via tem que ser desenergizada, por qualquer problema, o ar condicionado desliga também.
4- CBTC. O investimento vultuoso nesse novo sistema de sinalização de via, funciona mal e com risco para o usuário.
5- Porta plataforma. Em um sistema carregado como o Metrô de São Paulo são necessárias as portas nas plataformas. Elas servem para minimizar as interferências como a queda de objetos na via e em situações como a presente impossibilidade de entrada na via. Até hoje não houve uma explicação plausível sobre o contrato que iniciou a implantação das portas nas plataformas. Aquelas que viraram monumento na estação Vila Matilde.
6- Superlotação por falta de expansão da malha metroferroviária.
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Após confusão, circulação de trens da Linha 3 do Metrô é interrompida
Problema em trem paralisou o serviço em 10 estações às 18h19 desta terça-feira, 4; passageiros abriram portas de 7 composições. Seguranças da companhia chegaram a agredir usuários na Sé e secretário estadual falou em ação de ‘grupos organizados’
04 de fevereiro de 2014 | 19h 54
Bárbara Ferreira Santos, Bruno Ribeiro, Laura Maia de Castro, Mônica Reolom, Rebecca Silva e Victor Vieira – O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO – Uma falha nas portas de um dos trens da Linha 3-Vermelha do Metrô paralisou o ramal em dez das 18 estações, das 18h19 até 23h22. Por causa do calor e da superlotação, usuários que esperavam mais de 20 minutos para seguir viagem acionaram os botões de emergência para abertura de portas de sete composições diferentes. Houve tumulto e pânico entre os passageiros. Os trens circularam apenas entre as Estações Corinthians-Itaquera e Tatuapé.
Na confusão, seguranças do Metrô agrediram passageiros na Estação Sé. Houve tumulto e depredação na plataforma. Reforço policial foi solicitado pela direção da empresa. Milhares de usuários tiveram de caminhar pelos corredores estreitos ao lado dos trilhos. Ao redor das Estações Marechal Deodoro, Santa Cecília, República e Anhangabaú era possível ver passageiros chorando e passando mal. Na Sé, passageiros foram socorridos pelos bombeiros. “Foi muita gente espremida na multidão”, disse um segurança do Metrô.
O auxiliar administrativo Mauro André de Souza Pereira, de 29 anos, tentava voltar para casa do trabalho, quando enfrentou a pane. “Na Marechal Deodoro, o trem ficou parado por uns 40 minutos. Quando saiu, antes de chegar à Estação Santa Cecília, parou de novo. Tudo fechado. Comecei a transpirar, a ter problema de pressão, foi horrível”, contou.
Pereira disse que chegou às 18h à Estação Barra Funda e esperou por 35 minutos para embarcar. Segundo ele, o trem em que estava parou duas vezes até chegar a Santa Cecília. Sem ar-condicionado e com a circulação paralisada, os passageiros quebraram o lacre de emergência e saíram do trem.
Na Estação Anhangabaú, Nataly Castro também relatou a confusão entre os usuários. “Estava tão cheio que já tinham vetado o acesso dos passageiros na linha porque não tinha lugar na plataforma. Não tinha mesmo. Já na Sé, eles diziam que havia um problema na República. Os seguranças tiveram de sair da estação, porque as pessoas estavam agressivas, ficaram nervosas”, afirmou.
A Estação Sé teve a situação mais tensa. Segundo passageiros, seguranças da empresa tentaram restabelecer a operação ao fazer os usuários voltarem para um dos trens parados ali, que vinha do Anhangabaú. Foi quando os passageiros que passavam mal se recusaram e houve briga.
A estação teve placas indicativas e vidros quebrados. Passageiros chutaram as latarias e as janelas do trem. Em meio à briga, mulheres tentavam subir as escadas superlotadas. O acesso às plataformas da Linha 1-Azul teve de ser fechado.
À noite, ao Jornal da Globo, o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, acusou a ação de “grupos organizados”. “Havia pessoas gritando palavras de ordem em meio ao tumulto”, disse. Segundo ele, tudo vai ser apurado.
Frota K. O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres, disse que o trem que provocou a pane é o veículo K-07. A composição faz parte de um lote de trens reformados a partir de 2008 pelo Metrô cujos contratos foram cancelados na segunda-feira, 3, pelo Ministério Público Estadual, que considerou a reforma “danosa” ao Estado, uma vez que os trens vêm apresentando problemas.
O Metrô foi questionado sobre o trem K-07 e não respondeu até 23h30. Em nota, a empresa disse que o problema no primeiro carro foi na Sé e se resolveu em 8 minutos, mas “alguns usuários permaneceram nas passarelas de emergência”.
Linha 4. O caos na Linha 3 foi a segunda falha ontem no sistema. À tarde, uma pane elétrica havia afetado o serviço da Linha 4-Amarela (Luz-Butantã), provocando o fechamento das Estações Luz e República. A ViaQuatro afirmou que houve uma falha elétrica externa.
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