Sylvia Palma: Police diz que vai processar presidenta da Sabesp

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Presentes à sessão viram a reportagem do Viomundo sobre o vazamento de áudio

Após ser xingado de ‘vagabundo’, vereador irá processar Andrea Matarazzo e presidente da Sabesp

Em mais uma sessão, Dilma Pena voltou a negar racionamento e diz que bônus ‘deu certo’

Por Sylvia Palma, especial para o Viomundo

O vereador José Police Neto (PSD) informou que irá processar por difamação o vereador Andrea Matarazzo (PSDB) e a presidente da Sabesp, Dilma Pena, após ter sido chamado de “vagabundo”.

 Nesta quarta-feira (15), durante mais uma reunião da CPI da Sabesp na Câmara Municipal, Neto mostrou os jornais em que o colega e a executiva chamam a CPI de “teatrinho”.

“Minha filha me perguntou hoje de manhã se sou muito sem vergonha. Secretária Dilma, a senhora é muito sem-vergonha? Ministro Andrea, o senhor é vagabundo? Tenho certeza que não, que a senhora tem caráter, mas infelizmente a fala de vocês dois é arma dos fracos e não comporta desculpa. O que me trouxe a esta Casa foi minha educação. Jamais passei nos meus 42 anos um momento tão constrangedor”, declarou Neto.

O vereador falou por dez minutos após o presidente da comissão declarar os trabalhos abertos e encarou Matarazzo e Dilma, que estavam sentados na plenária.

“Me preocupo com a CPI, com a Casa, com a repercussão negativa que este episódio pode trazer. Discutíamos o problema da água e passamos a discutir racionamento ético, e esse não se esgota com a chuva”, conforme Neto.

A conversa entre Dilma e Matarazzo foi registrada pelo sistema de som, que estava aberto para ajustes da TV Câmara, no último dia 8, em uma das sessões da CPI. Matarazzo diz que “Police é vagabundo” e Dilma que “Ele é muito sem vergonha. A gente ajudou ele tanto e ele jogou os pés no nosso peito”.

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A presidente se pronunciou e disse estar constrangida com o vazamento do áudio.

“Estou pessoalmente bastante constrangida. Sempre defendi a ética na política pública e resultados para sociedade. A conversa que tive particular e fora do período institucional desta Casa com um amigo de longa data me constrange profundamente. Foi um comentário infeliz. Em nenhum momento eu quis ou tive a intenção de macular a missão desta casa e muito menos a pessoa institucional e pessoal de cada um, manifesto aqui o meu constrangimento com essa matéria”, afirmou.

O vereador Andrea Matarazzo sentou-se novamente ao lado de Dilma e pediu para se pronunciar sobre a conversa, o que foi negado.

Em depoimento à CPI que apura se a Sabesp está cumprindo o contrato de fornecimento de água, Dilma voltou a negar que exista racionamento em qualquer parte do Estado e afirmou que é feita apenas uma diminuição de pressão noturna da água, o que pode gerar uma falta em algumas regiões.

“Nenhum bairro de São Paulo sofre com a falta de água por mais de 12 horas. Nós não temos racionamento. As casas das periferias não têm armazenamento e são as mais afetadas com a diminuição da pressão, mas controlamos isso 24 horas por dia”.

Dilma afirmou ainda que a Sabesp irá intensificar a captação de água do Sistema Guarapiranga e já iniciou as obras para o uso do segundo volume morto do Sistema Cantareira. Questionada mais de uma vez pelos vereadores se o racionamento foi negado por questão eleitoral, ela garantiu que o sistema de bônus na conta foi mais eficiente e teve adesão de 80% da população.

“Eu divido este problema, esta crise, com o governo do Estado, com os conselheiros do colegiado, superintendentes, administradores e toda a população. Se a falta de chuva continuar, ainda teremos mais de 106 milhões de metros cúbicos de água para usar do Cantareira com toda a cautela”, segundo Dilma.

Por meio de nota, o vereador Andrea Matarazzo (PSDB) afirma que está indignado com gravações e vazamentos de conversas privadas. De acordo com o político, a conversa entre ele e a presidente da Sabesp era um diálogo particular.

“Quero aqui me desculpar publicamente por um comentário feito privadamente em um momento de irritação”, afirmou em nota.

Nabil Bonduki, do Partido dos Trabalhadores, informou que não irá processar Dilma e Matarazzo, mas lamenta que eles não tenham levado o trabalho da Câmara Municipal com seriedade. Ele classificou de algo muito grave o que fizeram contra o Police e os termos usados durante a conversa.

A presidente da Sabesp foi depor acompanhada de mais de 50 funcionários da companhia. O presidente da CPI, vereador Laércio Benko (PHS), comunicou que o ex-governador de São Paulo, José Serra, será o próximo convidado.

O promotor José Eduardo Ismael Lutti foi ouvido brevemente e afirmou que a Sabesp não tem nenhum planejamento caso o regime de chuvas continue como o de 2013 e apenas administra o que resta de água nos reservatórios do Estado.

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