Depois de simulacro de jornalismo contra Manuela, PT acusa tucanos de terem transformado Cultura num “puxadinho” do reacionarismo

Tempo de leitura: 6 min

Da Redação

Foi um simulacro de jornalismo que revoltou internautas.

O Roda Viva, da TV Cultura, convidou até um coordenador de campanha de Jair Bolsonaro, Frederico D’Ávila, para gastar tempo com perguntas impertinentes.

O esgoto das caixas de comentários e robôs do twitter foi transformado em “perguntas”, impedindo a candidata ao Planalto Manuela D’Ávila, do PCdoB, de apresentar suas propostas de governo — era este, supostamente, o objetivo do programa.

Foram 62 interrupções na fala da candidata, contra 8 do entrevistado anterior, Ciro Gomes, do PDT, contou a assessoria da candidata.

“O Roda Viva virou uma confraria de antipetistas, desonestos intelectualmente e mentirosos que agridem qualquer pré-candidato ou pré-candidata de esquerda em vez de realizar entrevistas. Apesar de tudo isso e do machismo nojento da bancada, a Manuela arrasou”, escreveu o deputado federal do PSOL Jean Wyllys.

“Uma emissora educativa, bancada pelo Estado de São Paulo, não pode transformar um programa jornalístico em arapuca ideológica — seja lá contra quem for”, escreveu o jornalista Xico Sá no twitter.

“Misoginia associada à intolerância fascista. Vergonhoso o espetáculo que o Roda Viva promoveu ontem. O que era para ser uma entrevista, de interesse jornalístico, virou um show de ataques à Manuela D’Ávila”, escreveu a presidenta do PT, Gleisi Hoffmann.

O partido divulgou uma nota de solidariedade à candidata do PCdoB ao Planalto:

A deputada estadual Manuela d’Ávilla (PCdoB-RS) foi ao programa Roda Viva, na TV Cultura, na noite desta segunda-feira (25) para ser entrevistada como pré-candidata de seu partido à presidência.

A expectativa de importante parcela da audiência era de que uma bancada de jornalistas a confrontasse em relação as suas ideias e propostas para o Brasil.

Mas o que se viu foi um festival de horrores.

A pré-candidata do PCdoB foi atacada de forma virulenta durante todo debate.

Um desfile de machismo e misoginia da pior espécie, de causar repulsa em qualquer brasileira e brasileiro que esperava assistir a uma entrevista que discutisse os rumos do País.

Mesmo com tudo isso, Manuela d’Ávila foi certeira.

Conseguiu, a despeito das dezenas de interrupções e do péssimo jornalismo, apresentar suas ideias sobre o Brasil, defender o ex-presidente Lula da injusta perseguição e se apresentar aos espectadores.

Foi gigante. O PSDB, que administra o Estado de São Paulo há mais de 20 anos e é responsável pela gestão da TV Cultura, é o grande responsável por transformar o programa, respeitado em outros tempos como espaço de debate democrático, em um “puxadinho” dos tucanos e do reacionarismo mais retrógrado que existe na sociedade Brasileira.

Abaixo, o texto de Dayane Santos, no Vermelho, sobre o programa:

Manuela desmonta bancada do Roda Viva montada para descontruí-la

Há mais de 30 anos no ar e um dos mais tradicionais programas de entrevista da TV brasileira, o Roda Viva desta segunda-feira (25) subverteu a sua premissa “de ser um espaço plural para debater ideias”.

A pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D’Ávila, não se intimidou com as ironias e os ataques provocativos destilados por uma parte da bancada que não estava interessada em fazer perguntas, muito menos ouvir o que uma presidenciável tinha a dizer.

No primeiro bloco do programa apresentado e mediado pelo jornalista Ricardo Lessa, a pré-candidata foi questionada sobre qual seria o projeto que ela gostaria que passasse para a história associado ao seu nome.

Foi um raro momento em que a pré-candidata pôde falar sem ser interrompida abruptamente. Ela resgatou a sua trajetória política e as razões que a levaram a se filiar ao PCdoB.

“Há 20 anos quando eu me filiei ao meu partido, eu decidi entrar para o movimento estudantil e na política porque acreditava que aquele era o caminho para transformar o Brasil num país menos desigual e mais justo”, disse ela.

Respondendo a indagação de Lessa, Manuela disse que se for a presidente “que conseguir revogar a reforma trabalhista eu já serei alguém que terei contribuído para um Brasil mais justo”.

Daí por diante foi um bombardeio em que Manuela foi pouco questionada sobre suas propostas de país, mas indagada a falar sobre fatos históricos relacionados ao comunismo e relações internacionais.

“Não acho justo com o Brasil com tantos problemas a gente usando o tempo para debater outros países”, disparou.

Segura e habilidosa, Manuela não se abateu. Reafirmou que o projeto que seu partido tem é baseado nas particularidades brasileiras, e não um simples molde de uma experiência estrangeira em que o Brasil deveria se encaixar.

Reforçou a sua proposta de um projeto nacional de desenvolvimento que seja construído a partir de uma amplo debate com os diversos setores da sociedade.

Ao ser questionada sobre as conversas de lideranças do seu partido com outras legendas, no momento em que se discutem possíveis alianças para as eleições de outubro, Manuela disse que o PCdoB “não abre mão de vencer as eleições para tirar Temer do poder”.

“Para nós, o principal é tirar o Brasil das mãos de Temer e desse conjunto de candidaturas de ultra-direita e direita que tentam destruir o Brasil e o estado brasileiro”, frisou.

Neste sentindo, ela afirmou que o líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Orlando Silva (SP), tem conversado com outras siglas e pré-candidatos à eleições deste ano, como Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSol), para promover o ambiente de diálogo entre as forças políticas e impedir que um governo “de direita” seja detentor da vitória e comande o país nos próximos quatro anos.

“É preciso quebrar esse ambiente de ódio na política… É uma saída conjunta. Nosso projeto é promover o desenvolvimento do Brasil e combater as injustiças sociais”, completou, reforçando que ela e o PCdoB fizeram uma série de movimentos em busca da unidade do campo progressista para articular uma candidatura única, mas que esse movimento, na atual conjuntura, não se viabilizou.

Sobre as saídas para enfrentar a crise, Manuela destacou que o projeto do PCdoB para a retomada do crescimento econômico é garantir a retomada da capacidade de investimento do Estado e citou o Maranhão, governado por Flávio Dino (PCdoB), como exemplo de que é possível gerar riqueza com desenvolvimento social.

Ela frisou que ao assumir o governo, o Maranhão detinha um dos piores índices econômicos do país.

“O Maranhão é um dos melhores estados para investir. É considerado o segundo estado com melhor situação fiscal e paga mais de R$ 5.700 de salário por 40 horas para os professores. Portanto, decide desenvolver um conjunto de atividade e investimentos públicos para movimentar a economia”, lembrou.

Manuela destacou que os investimentos devem ser feitos no setor da indústria. Ela apontou que a atividade industrial com Temer retrocedeu ao nível de 1947.

“Nós precisamos de condições para que esse desenvolvimento aconteça, assim o povo vai viver dignamente”, afirmou.

Outro segmento prioritário para seu governo, caso seja eleita presidente da República, é a educação, principalmente a destinada ao público infantil.

Ainda no primeiro bloco, Frederico D’Ávila, diretor da Sociedade Rural Brasileira e um dos responsáveis pelo programa de Jair Bolsonaro (PSL), repetiu o discurso fake news das redes sociais, afirmando em forma de pergunta que o fascismo é “de esquerda” e que a CLT foi baseada em uma lei de Mussolini.

Por Manuela defender os direitos trabalhistas e ser contra a reforma de Temer, Frederico tentou construir uma tese mirabolante para dizer que ela e a esquerda defendem a CLT e, portanto, o fascismo.

“Tu entendes de regimes antidemocráticos sendo coordenador do Bolsonaro. Ele defende um país sem democracia, de torturadores… Todo mundo sabe que o fascismo foi um movimento de direita”, desmontou Manuela, deixando Frederico visivelmente incomodado, quase não se contendo na cadeira.

Lula

Boa parte do terceiro e quarto bloco foram dedicados a falar sobre o ex-presidente Lula.

Com a bandeira de defesa dos direitos da mulher e de combate ao machismo como uma das bases de sua campanha, um dos jornalistas tentou criar uma suposta rusga ao perguntar se ela considerava machista uma declaração feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em discurso disse que a pré-candidata é “bonita”.

Manuela afirmou que, de fato, é uma manifestação de machismo da fala de Lula e que é parte de um comportamento não exclusivo, mas ainda predominante na cultura brasileira e no mundo.

Manuela reafirmou a sua defesa ao direito de Lula ser candidato e voltou a denunciar que o ex-presidente foi condenado sem provas.

“Lula está preso porque lidera as pesquisas eleitorais”, rebateu.

“Todos nós sabemos que Lula só está preso porque ele está em primeiro lugar nas pesquisas eleitorais e podia voltar a ser presidente. Talvez fosse a pessoa para unir todo o campo político em nome do desenvolvimento do Brasil”, destacou.

A contundência de Manuela incomodou parte da bancada.

Joel Pinheiro da Fonseca, economista de Marina Silva, interrompeu Manuela para tecer suas opiniões, como se ele fosse o entrevistado.

“Minha defesa do Lula é assim porque eu decidi defender não o que era mais fácil, mas o que é certo”, afirmou Manuela, reforçando que o processo contra Lula foi feito sem provas e por um juiz parcial.

“Não tinha. Juiz não é Deus. Quando juiz quer fazer política, tem que tirar a toga”, lembrou.

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Comentários

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osvaldo lescreck filho

Um programa que teve augusto nunes como seu “comandante” dispensa argumentos pejorativos. É a própria cloaca…

Julio Silveira

Tucanos e Bolsonaro tudo a mesma sopa entreguista e traira.

Dios Félix

Kkkkk, pq foi ao programa então?
Agora fica se vitimizando, a comunistinha sentiu na pelo o que Jair Bolsonaro vem sentido durante muitos anos, se não tem peito e coragem não entre na luta meu bem. Mas isso vcs sabem fazer bem, culpar e acusar a direita de todos os males do mundo (quando digo direira, não falo do psdb que é um adendo da esquerda).
Senta e chora coleguinha, kkkk

    Viviane

    Ah é, Bolsonaro tem tanto “peito e coragem” que nem comparece às entrevistas – mas manda assessor para fustigar os adversários por ele…

Márcio Gaspar

Realmente a decadência do jornalismo brasileiro é profunda e sem volta. O Estadão no seu caderno 2 se rivalizava com a Folha com o seu Ilustrada na disputa para ver quem produzia conteúdos com intelectuais de peso, escrevendo nos espaços de seus cadernos voltados para o leitor pensante. Tínhamos um Milton Santos que escrevia na Folha, no espaço Ilustrada, discussões de política, sociedade e cidadania com uma profundidade intelectual para referências bibliográficas às teses de Mestrado e Doutorado. Parece que toda aquela profusão de ideias pré Lula se desmanchou quando o Lula e o PT se fizeram governos. Num piscar de olhos a Folha perdeu aquela maquiagem de jornal esquerdista, que nunca foi, e mostrou realmente a quem servia. O Estadão sempre foi o que é, um jornal conservador, mas que ainda poderíamos dizer que mantinha uma linha mais pensante, se é que podemos assim dizer. Agora qualquer ser que se destaca nas redes sociais por micagens estereotipadas, têm espaços para discursar baboseiras sem que ao menos possam ser contestados ou colocados em descrédito, não vou dizer contra argumentação, pois esses seres não tem nem argumentação, pois não há construção lógica em seus discursos para serem desconstruída, só há bobagens em suas falas com frases curtas de efeito que rodam a internet no discurso da pós verdade. Muito diferente dos tempos em que os intelectuais eram entrevistados e respondiam qualquer pergunta provocativa ou contra argumentativa com uma bagagem de conhecimento avassaladora. Se você quiser assistir um Roda Viva, hoje morta, você terá que ir no youtube e buscar entrevistas de intelectuais como Milton Santos, Florestan Fernandes, Edgar Morin, etc etc Hoje tem esses adolescentes adultos filho do diretor de redação ou amigo do filho do diretor ou aquele ferrenho “antiesquerdistas” “antipetista” puxa saco para agradar patrão. É a geração Kataguri.. É o tempo dos idiotas. Desculpe a sinceridade.

L’Amie

Essa moça tem mais tutano que muito marmanjo e seu caráter tem boa imagem. Ela e todos da esquerda, numa escala diferenciada , ao serem convidados para estas armadilhas, devem manter a serenidade e focar o objetivo proposto. Canalhas surgem no caminho tal qual espinheiros e pedras surgem em nossas vidas. Lula e Dilma tiveram 12 anos para se livrarem disto, principalmente da gLobo; contudo, foram insanamente republicanos. Tivessem atacado o adversário de forma adequada, correta, honesta e justa, nada disto estaria acontecendo. Espero que tenham aprendido a lição, pois a chance é única. Na Turquia, Erdogan ouviu o lado certo, agiu com vigor e assumiu o caminho do Nacionalismos Legítimo. Nada de novos joaquins, rosas, carmens etc

    Martha Aulete

    O PT é um simulacro. O PT é uma esquerdalha. O PT é antro de todo tipo de charlatanismo. Profissional.

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