‘Repressão na USP: Monumento a Mortos e Cassados’
por Conceição Lemes
Em função da reportagem USP homenageia vítimas da “Revolução de 1964″?, contatei a Petrobras. A Gerência de Imprensa enviou-me este posicionamento:
A Petrobras possui contrato com a Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP) para o projeto ‘A Repressão na USP: Monumento em Homenagem a Mortos e Cassados’, que prevê a construção de monumento em homenagem às vítimas do regime militar (1964-1985) pertencentes à comunidade da USP. É importante esclarecer que a placa exposta na obra não faz parte das contrapartidas do projeto.
Aparentemente o projeto patrocinado pela Petrobras não é o que consta na placa. Revejam a foto. Ou será que a Petrobras contratou uma coisa e a USP está fazendo outra?
Essa placa me obriga a fazer mais perguntas:
1) Quem é o responsável pela feitura da placa?
2) Como foi contratado o projeto? E a sua execução?
3) Na placa são citadas Petrobras, Scopus, Dezoito Arquitetura e Coordenadoria do Espaço Físico (Coesf). A Petrobras vai financiar o projeto, qual o papel dos demais?
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4) Normalmente obras desse porte em órgãos públicos exigem licitação. Será que nessa foi preciso? Que tipo de contrato foi feito?
NaMaria, do NaMariaNews, uma das maiores especialistas em Diário Oficial do Estado de São Paulo, arregaçou as mangas para nos ajudar a desvendar esse mistério. Não encontrou nenhuma ocorrência no DO para essa obra. Pelo menos entre as licitações feitas pela FUSP, Coesf e USP, a menos que tenha um lapso do DO. Mas há outros negócios interessantes.
5) A Petrobras fez o contrato com a Fundação de Apoio à Universidade de São Paulo (FUSP), que, curiosamente, está fazendo o sistema de semáforos de São Paulo, entre outras obras. O que a FUSP entende de engenharia de tráfego? A FUSP, segundo NaMariaNews, é a FDE [Fundação para o Desenvolvimento da Educação] da USP e executa projetos de toda natureza.
“O interessante é que a Petrobras é mencionada no site da FUSP como a maior fonte de recursos para projetos da USP”, observa NaMaria. “Foram 87 milhões de reais de 2006 a 2010, sem contar a Petrobras Rede Temática que deu mais de 38 milhões. A terceira é a Finep [Financiadora de Estudos e Projetos].”
Portanto, a Petrobras tem plena consciência dos projetos que patrocina.
6) Assina como engenheiro responsável pela obra Dirceu Camargo Filho, que aparece na internet como dono da Scopus (CNPJ 49723802/0001-19). Por que o dono é que assina como engenheiro responsável por um monumento?
7) Será que a Scopus vai fazer a obra e a Dezoito Arquitetura o “desenho”?
8) Não há na internet nenhuma referência relevante à Dezoito Arquitetura. Mas numa busca no Facebook encontrei-a aqui. Seu poder de fogo: até o momento 14 pessoas curtiram-na no Facebook. Do seu portfólio constam várias lojas de shopping, como de sandálias de borracha, lingerie, roupas femininas, e restaurante fino.
“O que um escritório de design de boutiques tem a ver com um monumento em homenagem às vítimas da ditadura?”, questiona NaNaMaria, que sem duvidar da comprovada competência da Dezoito, acrescenta. “Será um monumento light, estilo ditabranda?”
9) De acordo com a placa, o monumento ficará em R$ 89 mil. Qual a viagem desse dinheiro? A Petrobras repassou para a FUSP, que repassou para quem? Como a FUSP contratou as empresas executoras? Qual o número do contrato? Quem é o gestor?
Com a palavra o reitor da USP, João Grandino Rodas, e os demais envolvidos na obra.A Petrobras já deu uma resposta.
PS do Viomundo: Alunos e professores, por favor, continuem nos mandando imagens da obra até a sua finalização. É importante acompanharmos este momento histórico.
Para ler, USP homenageia vítimas da “Revolução de 1964″?, clique aqui
E aqui para saber a reação da ministra Maria do Rosário no twiiter
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