Mariana Gomes: Brasil deve rejeitar seu papel no imaginário racista e colonizador

Tempo de leitura: 2 min

Hasteamento da bandeira olímpica no Rio de Janeiro. (Foto Tânia Rêgo, Agência Brasil)

O jeitinho brasileiro nas Olimpíadas de Londres

por Mariana Selister Gomes*

O brasileiro, com seu sorriso e samba no pé, cativa o segurança britânico e, com seu jeitinho brasileiro, entra nas Olimpíadas de Londres.

Um britânico branco, detentor da vigilância, tenta humilhar o brasileiro negro que acaba por conquistá-lo com dança e sorriso.

Essa é a imagem que o Brasil ainda quer mostrar ao mundo?

Ainda vamos aceitar essa parte que nos cabe no imaginário internacional racista e colonizador?

Temos que mostrar nosso samba no pé e nosso sorriso com muito orgulho.

Mas esse povo que samba também trabalha e com seu árduo trabalho, principalmente dos brasileiros afrodescendentes, ajudou a construir inclusive a riqueza europeia.

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Temos que mostrar nosso samba como parte da nossa história e não como entretenimento para inglês ver.

Temos que mostrar nossos Renatos Sorrisos com toda a dignidade e grandeza que nós merecemos e não sendo corridos por seguranças europeus e tendo que cativar gringos com ginga para serem respeitados.

Já é chegada a hora de acrescentar a nossa capacidade de trabalho (técnico, científico, intelectual e artístico) à imagem de samba e de alegria.

Não queremos mais ser apenas o “bobo da corte” dos grandes centros mundiais.

As Olimpíadas são um importante momento de (des)(re)construção da imagem de um país no mundo.

Eu, que há alguns anos tenho pesquisado a imagem do Brasil, tenho esperança que a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e as Olimpíadas do Rio de 2016 sejam (ao menos) aproveitadas para reposicionar a imagem do nosso país.

Na amostra em Londres (ainda bem) não apresentaram mulheres dançando seminuas para alimentar o imaginário europeu de mulher brasileira como objeto sexual (que faz com que brasileiras imigrantes sofram com assédios, preconceitos e discriminações).

Ainda posso ter esperança…

Esperança…

Estamos cansados de ter esperança!

Precisamos de mais investimento (público e privado) sério, democrático e socializado, nas nossas crianças, nos/as nossos/as atletas, na nossa imagem…

Afinal “esse Brasil que canta e é feliz; é também um pouco de uma raça, que não tem medo de fumaça e não se entrega não”.

 *Doutoranda em Sociologia no Instituto Universitário de Lisboa, bolsista de doutorado pleno no exterior da CAPES/MEC/Brasil, criadora do  “Manifesto contra o preconceito às mulheres brasileiras em Portugal”

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