Lúcia Rodrigues: “Telhada na Comissão de Direitos Humanos é acinte; além do histórico de mortes, ameaça jornalistas”
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Foto: Reprodução/Facebook
por Conceição Lemes
Nesta quarta-feira 13, às 15h30, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), reúne-se pela primeira vez nesta nova legislatura.
Os membros titulares são: Carlos Bezerra Jr, Coronel Telhada e Hélio Nishimoto, do PSDB; Bete Sahão e Marcia Lia, PT; André Soares, DEM; Adilson Rossi, PSB; Marta Costa, PSD; Raul Marcelo, PSOL, Luís Carlos Gondim, Solidariedade; e Clélia Gomes, PHS.
Na pauta, a eleição do presidente e vice-presidente para o biênio 2015-2016. O tucano Carlos Bezerra Jr deve ser ratificado para a presidência. A vice-presidência provavelmente ficará com Bete Sahão, do PT.
Mas a reunião pode esquentar devido à escolha do Coronel Telhada para integrar a Comissão.
A indicação formal do seu nome foi feita pelo líder do PSDB, o deputado estadual Carlão Pignatari, que, segundo o Estadão, já disse que vai manter o ex-comandante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) na Comissão.
Paulo Adriano Telhada, 63 anos, conhecido como Coronel Telhada, é o primeiro ex-integrante da Rota a ocupar uma cadeira na Comissão de Direitos Humanos da Alesp.
A Rota paulista é conhecida pela alta letalidade de suas operações. É o grupamento da Polícia Militar (PM) que mais mata no Estado de São Paulo. Do currículo de Telhada constam 36 mortes durante 32 anos de carreira militar.
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Seu nome na Comissão de Direitos Humanos encontra resistência não apenas no PT, PCdoB e PSOL.
Até setores do PSDB o rejeitam. Em nota conjunta, a Juventude Estadual do PSDB, o Tucanafro, a Diversidade Tucana e o PSDB Esquerda para Valer pedem à bancada de deputados estaduais que reveja a indicação “em respeito ao compromisso histórico do partido com os direitos humanos”
Telhada é conhecido ainda por intimidar e processar jornalistas.
Um dos casos mais conhecidos é o de André Caramante, ex-Folha de S. Paulo, atualmente na Record. Caramante é autor da reportagem: Ex-chefe da Rota vira político e prega a violência no Facebook, publicada na Folha em julho de 2012.
“Não tem cabimento o Telhada integrar a Comissão de Direitos Humanos da Alesp”, observa a jornalista Lúcia Rodrigues. “É um acinte à política de direitos humanos. Além do seu histórico de mortes, do qual ele se vangloria, Telhada ameaça jornalistas no exercício da profissão.”
Lúcia está sendo processada no cível e no criminal pelo ex-comandante da Rota pela reportagem Coronel Telhada contrata parente e financiadores de campanha para assessorá-lo na Câmara de São Paulo, veiculada na Rádio Brasil Atual.
A entrevista com Telhada acabou gerando a demissão de Lúcia da rádio.
Eu, Conceição Lemes, fiz para o Viomundo uma reportagem sobre a entrevista de Lúcia com Telhada e a demissão da jornalista.
Devido à nossa matéria, Telhada está processando também o Viomundo. O mesmo ocorre como Brasil de Fato, que a reproduziu.
Por exigência de Telhada os processos correm em segredo de Justiça.
PS do Viomundo: O Coronel Telhada não compareceu à reunião da Comissão de Direitos Humanos. Ela foi reagendada para a próxima quarta 20.
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