Jakobskind: Centro Simon Wiesenthal passou dos limites

Tempo de leitura: 3 min

CENTRO SIMON WIESENTHAL vs. CARLOS LATUFF

Cartunista brasileiro acusado de antissemitismo

por Mário Augusto Jakobskind, no Observatório da Imprensa, sugestão de Urariano Mota  

O Centro Simon Wiesenthal, organização que leva o nome de um célebre caçador de nazistas, passou dos limites em matéria de credibilidade ao divulgar uma lista de 10 pessoas e entidades consideradas mais antissemitas do mundo. O terceiro da lista é o chargista brasileiro Carlos Latuff.

Este centro e outros segmentos sionistas misturam alhos com bugalhos ao acusarem de antissemita todos os que criticam as ações de Israel contra os palestinos. Latuff é um militante dos movimentos sociais e sempre manifestou solidariedade com a causa palestina.

Ser solidário com os palestinos e denunciar a política extremista do governo israelense não significa antissemitismo, como querem os defensores da política truculenta de Israel. Na verdade, o atual sionismo se nutre do antissemitismo e, para este segmento, quem critica a política de Israel é antissemita. O Centro Simon Wiesenthal segue essa lógica, que deve ser combatida com todo o rigor, e ainda por cima promove a política de Israel.

Crítico da truculência

Por essas e outras, as manifestações de solidariedade a Carlos Latuff vêm crescendo. O cineasta Silvio Tendler – que há poucos dias tinha sido obrigado a depor numa delegacia do Rio de Janeiro atendendo a uma intimação do presidente do Clube Militar, general da reserva Renato Cesar Tibau da Costa – conhecendo Latuff, ficou indignado com o posicionamento do Centro Simon Wiesenthal e escreveu uma carta solidarizando-se com ele. Várias pessoas, entre os quais Eduardo Galeano, Anita Leocádia Prestes, Emir Sader, entre outros, subscreveram a carta de solidariedade a Latuff escrita por Tendler.

Stella Calloni, conhecida jornalista argentina, quando informada da existência da carta que se transformou em abaixo-assinado, fez questão de dar seu apoio e lembrou que um grupo de argentinos – entre os quais o Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Perez Esquivel – que haviam organizado uma manifestação em favor dos palestinos também ganharam a absurda acusação de antissemitas.

Stella Calloni não conhece pessoalmente Carlos Latuff, como boa parte dos signatários, mas disse que fazia questão de subscrever o texto porque tinha vivido a mesma experiência, apenas não sendo ainda citada pelo Centro Simon Wiesenthal.

Na verdade, Latuff não poderia ser antissemita até porque é de origem semita, do ramo libanês, e o fato de ser um crítico da truculência de sucessivos governos de Israel – sobretudo o atual, de Benyamin Netanyahu – não poderia ser motivo para ser difamado de forma absurda como foi.

Latuff apareceu numa lista junto com partidos de extrema direita da Ucrânia, Hungria, Grécia e até integrantes de uma torcida de um clube de futebol londrino. Entre os dez maiores antissemitas, na visão do Centro Wiesenthal, encontra-se também o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, que tem recebido em várias oportunidades religiosos judeus iranianos críticos do sionismo, o que é pouco divulgado. Mas esta é outra história, que valeria ser aprofundada pelas editorias internacionais dos meios de comunicação brasileiros, que até agora foram incapazes disso, limitando-se a repetir declarações mal traduzidas (pelas agências internacionais de notícias) do próprio acusado, um crítico da política do Estado de Israel.

Apoios à carta

Como afirma Sílvio Tendler em sua carta de solidariedade a Latuff, “suas charges não são mais antissemitas que um artigo de Ury Avnery, Amira Haas ou de Gideon Levy, todos judeus, israelenses”.

Na verdade, a direita de Israel se tornou um grande foco de antissemitismo, e não os críticos da sua política expansionista e genocida. Esta é uma discussão que deveria também ocupar as páginas internacionais dos meios de comunicação, geralmente tão complacentes com as ações guerreiras do governo israelense.

E o que dizer do ex-chanceler Avigdor Lieberman, que acabou renunciando ao cargo ao ser acusado de ter protegido um empresário para evitar que sofresse as consequências de atos de corrupção? É também por isso que se deve entender a indignação de Sílvio Tendler e de seus seguidores no apoio ao cartunista Carlos Latuff. Sua carta de solidariedade acabou se transformando em abaixo-assinado que circula nas redes sociais.

Para ler, na íntegra, a carta de Sílvio Tendler, clique AQUI.

[Além de Silvio Tendler até o momento subscrevem o abaixo assinado, entre outros, Eduardo Galeano, Emir Sader, Eric Nepomuceno, Anita Leocádia Prestes, Stella Calloni, Bruno Altman, Max Altman, Urariano Mota, Fetera Flores (coletivo de base da Federación de Trabajadores de la Energía de la República Argentina, en CTA), Aurora Tumanischwili Penelón (Argentina), Igor Calvo (Miilitante del FNRP – Honduras)]

Mário Augusto Jakobskind é jornalista.

Leia também:

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Kasrils:”O que Israel faz com os palestinos é pior que o apartheid”

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Comentários

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damastor dagobé

impressionante esse sistema de ‘pregar pra convertidos” dos tais “blogs progressistas”..onde esperam chegar com isso???? qualquer coisa mininmanete polemica ou discordante é imadiatamente censurada..enfim se precisasse de mais provas que o credo da esquerda é um tipo dos mais rançosos de religião dogmatica e farisaica…

Prego

Por que Israel é tão paparicado (e protegido) pelas potências ocidentais? Os analistas piguentos do ocidente nada falam sobre isso.

Bonifa

Passou de todos os limites. Esta organização foi contaminada pelo nazismo que dizia ser contra, se transformou em vampira também, nazista também, e ainda tenta fazer com que o povo judeu se confunda com vampiros? Breve, estaremos obrigados a defender os judeus, hoje atacados pelo sionismo tanto quanto foram atacados pelo nazismo.

Jair de Souza

Ao ler o comentário do tal Cláudio Régis a gente se dá conta de até que ponto pode chegar o cinismo de uma pessoa quando pretende defender o indefendível. O “raciocínio” por ele apregoado equivale a absolver ao ladrão que invada sua casa, expulse a você e sua família e passe a ocupá-la como se dele fosse. O culpado neste caso deveriam ser os seus (de você) demais familiares, se não aceitarem que você, sua esposa e filhos mudem-se todos para a casa de um deles. Reconheçamos, é preciso ser muito cara-dura para defender uma coisa assim. No entanto, é isso mesmo que os sionistas defendem!

Urbano

Credibilidade… (rsrsrsrs)

Cláudio Régis

Há mais truculência por parte das nações arabes do que de Israel, se não vejamos, por que os palestinos são tratados como cidadãos de quinta categoria, mantidos em campos de refugiados, quando deveriam ser tratados como cidadãos de primeira classe por seus patrícios? O mundo se volta contra Israel e ainda dizem que os os judeus dominam o mundo, onde?. Se cada nação arabe absorvesse 150 mil palestinos e deixassem aquela diminuta terra para os judeus que sempre moraram ali, o mundo teria paz.

    Julio Silveira

    Essa tua lógica é barbara… mas de barbarie mesmo.

    abolicionista

    Nossa, isso é ignorância ou cinismo?

    ROBERTO SALVINO

    Cláudio Régis,

    Teu contra ponto é mal intencionado, asqueroso, nojento e cínico. Ou você pretende convencer algum débil mental? É mesma lógica de que todo alemão é nazista.

    xacal

    Se tropeçar e cair de quatro, não levanta nunca mais…

    Jose Mario HRP

    Quanto cinismo e desonestidade intelectual.
    Mas Deus te ama, ele consegue amar até coisas como esse sujeito!

Jose Mario HRP

Viva Latuff!
Viva a Palestina Livre!

Luciano Herlon

A questão é simples!!
Falou mal de Israel, com ou sem razão? Pronto, você é um antisemita! E não adiante discutir, por que a tatica deles é essa, eles querem desacreditar todo mundo para manter o regime de exeção contra os palestinos.

J Souza

Não há limites para a política genocida de Israel!
Sua estratégia é disseminar o ódio no Oriente Médio para conseguir mais alguns hectares de terra (“santa”!?)…

Roberto Locatelli

Excelente vídeo de militantes judeus contra o sionismo.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=o4UpBi1p50c

Edemar Motta

Apesar de perfeitamente consciente de meu ninguemsismo, gostaria de assinar essa carta.

    Conceição Lemes

    Edmar, consultarei o Urariano a respeito. abs

    Maxwell

    Somos dois!

    Geysa Guimarães

    Edemar Motta:
    “Ninguenzismo” foi ótimo!

sergio

Não sou famoso mas me inclui aí por favor.

    renato

    Sergio, se for incluído, peça para eles me incluirem!
    Obrigado!

Yacov

Quando os muçulmanos condenam à morte autores que zombam de Allah, os civilizados ocidentais se indignam, até com razão, eu acho, e taxam os islamitas de bárbaros e tal, estigmatizando todo um povo. Mas quando os israelenses condenam um artista de anti-semita, porque ousou criticar o comportamento belicista do povo escolhido por Deus (??) ninguém, isto é, a GRANDE MÍDIA CORPORATIVISTA MUNDIAL, não fala nada, porque?? Acham normal essa aberração??? Essa grande mídia venal é que é uma aberração. FORA ISRAEL!!!! FORA PiG MUNDIAL!!

NO PASSARÁN!! VIVA GENOÍNO!! VIVA ZÈ DIRCEU!! VIVA A LIBERDADE, A DEMOCRACIA E A LEGALIDADE!! VIVA LULA!! VIVA DILMA!! VIVA O PT!! VIVA O BRASIL!! ABAIXO A DITADURA DO STF E MÍDIA LACAIOS & SEUS ASSECLAS!! CPI DA PRIVATARIA TUCANA, JÁ!! LEI DE MÍDIAS, JÁ!! “O BRASIL PARA TODOS não passa na gLOBo – O que passa na gloBO é um braZil-Zil-Zil para TOLOS”

Laurindo

Bom, se ser crítico em relação às ações colonialistas de Israel, se não concordar com as linhas gerais do sionismo, se sentir profunda tristeza pela situação do povo palestino, se torcer para que os criadores do estado de Israel em terras palestinas estejam ardendo na quint’essência do inferno por causa disso, é ser antissemita, então, inscrevo-me nessa categoria, na qual deve ser inscrita também a grande maioria do bom e pacífico povo brasileiro.

Jair de Souza

Mário Augusto Jakobskind é mais um exemplo de dignidade nesta questão. Embora seja de ascendência judaica, ele entende muito bem que o compromisso maior de um ser humano deve ser com a própria humanidade e não com interesses tribais elitistas. O mesmo poderíamos dizer de Sílvio Tendler. Não há porque renegar das tradições culturais herdadas dos familiares, mas isto nada tem a ver com defender interesses tribais racistas em detrimento de outros povos como fazem os sionistas.

É por haver gente como Jakobskind e Tendler que eu acredito que algum dia a maldição do sionismo será derrotada no seio da própria comunidade judaica.

Expresso também minha mais sincera solidariedade a Carlos Latuff perante a agressão do centro nazisionista Simon Wiesenthal.

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