“Diretor da ANS manobra para não depor à Câmara sobre ligação com planos”
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Ivan Valente: “O senhor Elano não queria que a avaliação do seu caso Comissão de Ética da Presidência da República acontecesse sob o impacto da audiência pública na Comissão de de Defesa do Consumidor, onde será muito mais questionado”
por Conceição Lemes
Em 10 de agosto, o Viomundo publicou a reportagem Padilha quer na ANS ex-funcionário de plano de saúde.
A ANS é a Agência Nacional de Saúde Suplementar. Tem como missão a defesa do interesse dos usuários de planos de saúde e a regulação das relações entre operadoras e consumidores.
O ex-funcionário de planos de saúde é o advogado Elano Rodrigues Figueiredo. Em sabatina no Senado, ele teve o seu nome aprovado por unanimidade para o cargo de diretor da ANS. Em 30 de julho, sua nomeação pela presidenta Dilma Rousseff saiu no Diário Oficial da União.
Figueiredo, porém, omitiu do currículo enviado à presidenta e na sabatina no Senado uma informação crucial. A de que foi diretor-jurídico da Hapvida, empresa que atua no Nordeste vendendo planos para as chamadas classes C e D, além de ter trabalhado como advogado da Unimed.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), propôs à Comissão de Defesa do Consumidor (CDC) da Câmara dos Deputados que o novo diretor da ANS fosse ouvido em audiência pública. O seu requerimento foi aprovado por unanimidade, e a oitiva marcada para 4 de setembro, quarta-feira da semana passada.
Mas, acabou sendo cancelada no dia anterior. O presidente da CDC, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), participou diretamente da manobra, tomando uma decisão unilateral.
“Na véspera, o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor me consultou sobre o adiamento. Alegou que o senhor Elano havia solicitado que a oitiva acontecesse após a análise do seu caso na Comissão de Ética Pública da Presidência”, expõe Ivan Valente. “Não concordei, pois, quando aprovamos o requerimento para audiência, pedimos que ela fosse marcada o mais rapidamente possível.”
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“O senhor Elano faltou com a verdade ao Senado, omitindo a informação de que já atuou no mercado privado de saúde”, argumenta Valente. “Um fato grave que envolve uma pessoa nomeada para diretoria de uma agência reguladora de planos de saúde.”

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A Comissão de Ética Pública da Presidência da República deve analisar o caso de Elano na sua reunião mensal, que acontece nesta segunda-feira 16, em Brasília. O depoimento à Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados foi remarcado para o dia 18.
“A reunião na Comissão de Ética da Presidência é fechada, a da Comissão de Defesa do Direito do Consumidor, aberta. O senhor Elano manobrou para não depor à Câmara sobre a ligação que tinha com planos de saúde”, diz Ivan Valente. “Ele não queria que a avaliação na Comissão de Ética da Presidência acontecesse sob o impacto da nossa audiência pública. Ele não quer vir depor aqui e responder nossas perguntas, porque aqui ele será muito mais questionado.”
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