Acusada de sumir com processo diz que não sabe que foi condenada

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A ex-agente do Fisco mora bem, “de favor” com a mãe — diz funcionário do prédio

por Luiz Carlos Azenha

Cristina Maris Meinick Ribeiro foi condenada em janeiro deste ano a 4 anos e 11 meses de prisão por beneficiar empresas devedoras de impostos quando era agente administrativa da Receita Federal no Rio de Janeiro.

As empresas que segundo o MP foram beneficiadas por ela — através de fraude eletrônica no sistema do Fisco — são a Forjas, Mundial e P&P Porciúncula.

O dono e funcionários da Forjas foram condenados em processo distinto. Cristina também foi acusada de sumir com dois processos relativos à Globopar, empresa controladora da TV Globo, multada em mais de R$ 600 milhões pela Receita.

A sentença também determinou a perda do cargo, da qual Cristina havia se aposentado por invalidez. Ela responde a outros 14 processos, juntamente com donos, gerentes e funcionários de empresas que teria beneficiado, segundo denúncia do repórter TC publicada no Viomundo.

Os donos da Globo, no entanto, foram poupados até mesmo de testemunhar na Justiça. A emissora diz que já pagou o que devia ao Fisco, que só soube da condenação de Cristina em julho deste ano e que não foi beneficiada pelo sumiço dos processos — foram recompostos e seguiram sua tramitação.

A adesão da Globopar ao Refis, o Programa de Recuperação Fiscal da Receita, teria sanado o problema que originou os processos, extinguindo a necessidade da abertura de ação penal sugerida por funcionário da Receita — ele escreveu que, em tese, houve crime.

O crime, segundo o funcionário, teria origem numa operação simulada nas ilhas Virgens Britânicas, através da qual a Globo evitou o pagamento de impostos na compra dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002.

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Cristina, a agente condenada, mora na avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, num apartamento avaliado hoje em R$ 4 milhões.

O imóvel está em nome da mãe, com a qual ela mora. Em breves conversas telefônicas, ela disse não saber da condenação, negou ter sumido com o processo da Globopar e disse que não foi presa — nos arquivos eletrônicos do Supremo Tribunal Federal (STF) consta habeas corpus concedido a ela em 18 de setembro de 2007. Os documentos registram que o MPF conseguiu a prisão preventiva da funcionária pública em 12 de julho de 2007.

Ouça abaixo um trecho de nossa conversa (checamos nome e CPF, para ter certeza de que não se tratava de um erro de identificação):

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