Adriano Diogo: Ataque a exposição de fotos tem cara de atentado político

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Fotos: acervo do FotoProtestoSP

Deputado cobra apuração de ataque à exposição fotográfica sobre protestos em São Paulo

por Lúcia Rodrigues, especial para a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo

Nesta terça-feira 26, o deputado estadual  Adriano Diogo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo, protocola na Secretaria de Segurança Pública pedido para investigação do ataque à exposição fotográfica realizada no muro do Cemitério do Araçá, zona oeste da capital,  sobre as manifestações de junho.

Na madrugada da terça-feira passada, 19 de novembro, o muro do Araçá foi pichado e as fotos destruídas.

O parlamentar também pretende se reunir com o secretário Fernando Grella para cobrar celeridade na investigação. “Vejo com muita preocupação mais esse ataque. Primeiro, atacaram a intervenção artística no ossário municipal, agora picham a exposição com vivas à PM e morte aos comunas… Isso é uma coisa gravíssima”, ressalta Adriano, que também preside a Comissão Estadual da Verdade.

Para ele, os dois ataques estão interligados. “Há fortes indícios de que os dois atentados têm relação. Não é uma atitude isolada, individual, tem todas as características de um atentado político. Quero que o governador Geraldo Alckmin se envolva pessoalmente nessa apuração”, frisa.

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Direita

Para o fotógrafo Fernando Costa Netto, um dos idealizadores da exposição FotoProtestoSP, que reuniu o trabalho de 26 profissionais que cobriram os protestos que ocorreram em São Paulo a partir de junho, o ataque à mostra foi praticado por representantes da direita.

“Isso está bem claro. Há pichações elogiando a PM e pedindo a morte dos comunistas.” A assinatura deixada pelos extremistas, White Bloc, reforça as convicções de Fernando. Foi a partir dela que ele buscou mais informações sobre o grupo, que mantém uma página no Facebook. “Conversei com um deles, pedi uma entrevista, mas o cara deu risada e disse que estão se organizando e buscando gente em todo o país”, revela.

Apesar da destruição promovida, a exposição fotográfica que é, segundo ele, a maior do Brasil a céu aberto, com 55 metros de painel, serviu para as pessoas refletirem sobre a intolerância.

“Abrimos um canal de discussão. Essa exposição nasceu da rua e pela rua. Não vamos parar. Agora vamos organizar outras intervenções sobre mobilidade urbana, saúde, educação…”, antecipa.

Trevas

“É um típico ato fascista. Tudo leva a crer que foi mais uma manifestação de intolerância. Eles agem no subterrâneo…”, afirma o artista plástico Celso Sim, autor da intervenção Penetrável Genet, que teve parte das esculturas depredadas durante o ataque ao ossário do Cemitério do Araçá, na madrugada d dia 3 de novembro.

A obra produzida em parceira com Anna Ferrari está abrigada no mesmo local onde foram depositados os restos mortais da Vala de Perus, descoberta no início dos anos 90, na capital paulista. No local, foram enterrados vários corpos de ativistas políticos que combateram a ditadura.

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