A “venda” dos crachás da UFPR para o Santander

Tempo de leitura: 2 min

Servidores repudiam ‘parceria’ da UFPR com Santander que transforma crachás em cartões do banco privado

01 quarta-feira fev 2012

por Fernando César Oliveira, no Mobiliza UFPR

Os servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Paraná aprovaram esta semana uma moção de repúdio à parceria que o reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, firmou com o banco privado espanhol Santander.

A parceria prevê que os crachás funcionais de técnicos e de professores, além das carteiras estudantis dos alunos, possam vir a ser utilizados como cartões de débito do Santander.

“Exigimos o cancelamento imediato dessa operação, através da qual a UFPR pode ceder ao Santander uma carteira de mais de 40 mil potenciais clientes, o que é inadmissível”, diz trecho da moção de repúdio, aprovada por unanimidade em assembleia na última terça-feira (31).

A moção aponta ainda que a medida não foi aprovada por nenhum dos conselhos que administram a universidade.

Alguns servidores presentes à assembleia revelaram que funcionários do Santander já fizeram contato por telefone e e-mail oferecendo serviços do banco.

O portal da UFPR publicou a primeira informação acerca do negócio apenas no último dia 5 de janeiro. “Os novos cartões, desenvolvidos em parceria com o Banco Santander, terão chips que permitirão o acesso às instalações da universidade, além de poderem ser usados também como cartões de débito bancário”, diz trecho da reportagem. Ainda conforme o mesmo texto, os novos crachás seriam entregues no próximo mês de março.

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O blog MobilizaUFPR.org obteve cópias de publicações sobre o caso feitas pela Pró-Reitoria de Administração (PRA) da UFPR ao longo de 2011 no “Diário Oficial” da União.

Em 25 de abril de 2011, um aviso de chamamento público previa a “contratação de empresa para confecção e doação de cartões de identificação para uso interno da comunidade universitária (crachás), com chip de memória que possibilite monitoramento de informações, incluindo sistema de gerenciamento dos cartões e equipamentos (catracas)”.

Menos de dois meses depois, em 14 de junho, outra publicação da UFPR no “Diário Oficial” revela que o banco Santander foi o único participante da licitação, e discrimina as quantidades de cartões a serem produzidos: 2,2 mil para os docentes ativos; 3,5 mil para técnicos administrativos; 32, 5 mil para alunos discentes, 2 mil para funcionários contratados, 1,5 mil para visitantes; e outros 1,7 mil para funcionários e visitantes. Somados, esses itens totalizam 43,4 mil cartões.

A partir do segundo ano, estão previstos outros mil novos cartões para servidores, 6 mil para alunos ingressantes e 1,2 mil para funcionários novos e visitantes.

Além dos cartões, o Santander doaria 20 mil cordões para utilização no pescoço e 20 catracas.

A seguir, a íntegra da moção aprovada pelos servidores da UFPR:

Moção de repúdio – Santander aqui não!

Os servidores técnico-administrativos da UFPR, reunidos em assembleia, repudiam a parceria entre a universidade e o banco Santander. Esta parceria será para a confecção de crachás funcionais e estudantis que “podem ser usados como cartões de débito” da instituição privada espanhola.

Tal convênio foi feito sem nenhum debate nas instâncias da UFPR, nem mesmo em seus conselhos superiores, o que coloca diversas suspeitas sobre o porquê desta situação.

Exigimos o cancelamento imediato dessa operação, através da qual a UFPR pode ceder ao Santander uma carteira de mais de 40.000 potenciais clientes, o que é inadmissível.

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