Régis Barros: O medo é inevitável na vida. E daí?

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O Grito, obra-prima do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944). Foi pintada pela primeira vez em 1893. Está exposta na Galeria Nacional de Oslo. É a imagem acima. Depois, a tela ganhou três novas versões. Foto: Wikimedia Commons

O medo

Por Régis Barros*

Vocês já repararam que esse sentimento é bem presente no nosso existir.

Em tese, o medo, per si, não é um problema.

Mas, a forma como lidamos com ele poderá, sim, se constituir num problema.

Temer algo ou alguma situação é natural, mas deixar de viver devido a esse medo nos criará uma promissória muita cara.

Desde criança, o medo nos acompanha.

Percebam que o escuro é elemento de tormento na vida de muitas crianças.

Percebem que o medo de perder atormenta muitos adultos.

Percebam que o medo da morte machuca muitos idosos.

O medo, portanto, é inevitável.

E por que emana dele essa inevitabilidade?

Porque não somos absolutos, não temos controle de tudo e, por vezes, somos mais frágeis em muitas questões da vida.

E daí?

Que mal há nisso?

Qual é a derrota em não ter o controle de tudo?

Qual o problema de perceber que não damos conta de todas as coisas?

Todos são assim. Eu e você, também, somos assim.

Eis a vida! Ela é hábil em nos amedrontar.

Se, por ventura, ela lhe fizer isso, não se esquive. Não há mal algum em temer e, até, em perder.

A vida se abre em oportunidades. Precisamos nos jogar nela – na vida.

Se você tem dificuldades para fazê-lo, tudo bem.

Eu entendo e respeito, mas, pelo menos, analise a sua esquiva e, em algum momento, experimente fazê-lo.

Você talvez não alcançará a vitória simbólica aspirada, mas, percebendo ou não, você terá encarado o medo.

Você terá feito isso com o coração aberto. Você terá vencido, mesmo, às vezes, sem vencer.

Talvez, a melhor frase, que resume esse pequeno texto, eu encontrei em Napoleão Bonaparte: “quem teme ser vencido tem a certeza da derrota”.

*Régis Barros é médico psiquiatra. Mestre e doutor em Saúde Mental pela Faculdade de Medicina da Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).

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