Régis Barros: Diante da dor, o que resta ao médico psiquiatra…

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Diante da dor…

Por Régis Barros

Diante da dor, você escuta.

Diante da dor, você acolhe.

Diante da dor, você luta, mesmo sabendo que a dor, muitas vezes, é mais forte do que você.

Quando estamos diante da dor, é necessário encará-la, pois não há outra alternativa.

O psiquiatra precisa se opor à dor.

Opor-se à dor não é algo simples, fácil ou retilíneo.

Pelo contrário, é duro, sofrido e desgastante.

Mas, a despeito disso, faz-se necessário o ato de se colocar diante dela.

Quem sofre, exalando dor (física e/ou emocional), espera proteção.

Diante da dor, há de existir resistência.

Sem aqui propor fantasias quixotescas, afirmo que o sentido da medicina e, sobretudo da psiquiatria, aplica-se nisso – o ato de lidar, entender e acolher a dor do outro.

A cura, objeto tão desejado por todos, muitas vezes não é alcançada. Todavia, diante da dor, considero mandatório para o médico manter presente e pulsante esse desejo de lutar.

Claro que a medicina vive um momento ímpar em que a crise, na sua estrutura base de existência, é uma realidade. Lamento muito por isso.

No entanto, diante da dor, não há espaço para outros enredos que sejam diferentes do ato de cuidar, princípio fundamental da medicina e função primordial do médico.

Diante da dor, tão frequente nessa vida, o que resta e o que me resta, enquanto médico psiquiatra, é continuar lutando.

*Régis Barros é médico psiquiatra. Mestre e doutor em Saúde Mental pela Faculdade de Medicina da Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).

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Comentários

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Fernanda

Sim Dr. A dor de quem tem problemas psiquiátricos e muito grande a ponto de querer deixar de existir, de se perder no vazio do próprio olhar, de não mais se importar o quão importante és para ……. ah… que saudades da mente saudável de outrora

Um dia tudo passará, é a promessa de Deus, amém! apocalipse 21: 3,4

Um dia tudo passará, e só coisas boas existirão aqui na nossa bela terra!!! 🙏🙌💖💘💘😍

Marleide

Que bom que ainda existem médicos assim.sofro com muitas dores,pois tenho fibromialgia. Minha médica psiquiatra me ajuda muito e me entende

Guaraci gouveia galvao

Belo texto, belo coração!!!! Psiquiatra que tem o tempo necessário pro acolhimento ao paciente com esse olhar, e gosto pela Psiquiatria, com certeza vê se não a cura (Depressão) doença do corpo e D’alma. É outros Transtornos afetivos Parabens!!!

Carla

Que lindo Dr , essa capacidade de se colocar e tentar fazer seu melhor para nós que sofremos de saúde mental.

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