Entidades repudiam pesquisa sobre vacina contra covid para crianças: Mais uma vez, o CFM atenta contra a Saúde e a Ciência!

Tempo de leitura: 3 min

Por Conceição Lemes

Às 17h45 dessa terça-feira, 09/01, o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou em seu portal:

CFM quer saber a opinião dos médicos sobre a obrigatoriedade da vacina contra covid-19 para crianças

A notícia começa assim:

Com o objetivo de conhecer a percepção dos médicos brasileiros sobre a obrigatoriedade da vacinação contra covid-19 em crianças de 6 meses a 4 anos e 11 meses, o Conselho Federal de Medicina (CFM) está conduzindo uma pesquisa para entender a percepção dos médicos brasileiros sobre a obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19 em crianças de 6 meses a 4 anos e 11 meses.

A opinião dos médicos é fundamental para enriquecer o debate e contribuir para a tomada de decisões futuras.

Ao todo, no word, são 1.467 caracteres com espaços.

Em seguida, vem o link para acessar o questionário. São quatro perguntas.

É um absurdo.

Lamentavelmente, mais um atentado do CFM à saúde pública brasileira.

Oito entidades médicas de peso já se manifestaram contra a ”pesquisa” do CFM.

A primeira foi a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim).

Em nota (íntegra, aqui) divulgada ontem, 11/01, a SBim entende que a pesquisa realizada pelo CFM não trará nenhum benefício à sociedade:

”Ao equiparar crenças pessoais à ciência, pode gerar insegurança na comunidade médica e afastar a população das salas de vacinação”.

Hoje, 12/01, ABMMD (Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia), Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), Cebes (Centro Brasileiro de Estudos de Saúde), SBB (Sociedade Brasileira de Bioética), RNMM (Rede Nacional de Médicas e Médicos e Populares) e Frente pela Vida divulgaram nota conjunta (na íntegra, abaixo).

Nela, as seis entidades expressam o seu repúdio a ”iniciativa da atual gestão do CFM de promover uma descabida pesquisa de opinião para médicos acerca da vacina de Covid-19″.

Segue a íntegra da nota.

Mais uma vez, o CFM atenta contra a Saúde e a Ciência!

As entidades abaixo subscritas vêm a público expressar seu repúdio à iniciativa da atual gestão do Conselho Federal de Medicina de promover uma descabida pesquisa de opinião para médicos acerca da vacina de Covid-19.

Sob o pretexto de “entender a percepção dos médicos brasileiros sobre a obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19 em crianças de 6 meses a 4 anos e 11 meses”, o CFM elenca perguntas contraproducentes e de caráter claramente enviesado.

A pesquisa parece não ter outro propósito senão o de alimentar uma falsa controvérsia em torno da vacina para Covid-19, fundada em puro negacionismo médico-científico e teorias da conspiração.

Cabe esclarecer que a referida vacina foi incorporada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) ao calendário vacinal da criança, baseado em decisão da Câmara Técnica Assessora em Imunização (CTAI) do Ministério da Saúde.

Trata-se de um órgão técnico, composto por especialistas, que analisam de forma sistemática e transparente os dados de segurança, imunogenicidade, eficácia e farmacovigilância antes de emitir suas recomendações.

No caso da vacina de Covid-19, foi bem demonstrado que os benefícios suplantam quaisquer riscos, inclusive para a faixa etária em questão.

Fomentar questionamentos em torno da obrigatoriedade de quaisquer vacinas do PNI, além de não ser ético, contraria o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente, segundo o qual as vacinas do PNI são obrigatórias, sendo um direito básico da criança e um dever do Estado.

Esperava-se, ao contrário, que o CFM cumprisse o papel de reforçar junto à sociedade as recomendações das entidades técnicas e científicas, entre as quais as sociedades médicas, em um contexto de múltiplos esforços coordenados para retomar as altas taxas de vacinação no Brasil.

Portanto, consideramos desproposital falar em “direito” dos pais ou responsáveis, tampouco em “autonomia médica”, como induz a tal pesquisa de opinião, quando o que está em jogo é o direito da criança à proteção conferida pelas vacinas. E quem compete atestá-las são as autoridades sanitárias.

Neste ponto, indagamos que uso fará o CFM do resultado de sua tendenciosa pesquisa?

O potencial uso de “dados” para questionar a política pública e a ciência a partir de crenças pessoais e pesquisas de opinião não tem lastro no melhor interesse social e é irresponsável.

Ademais, ao se autointitular “pesquisa”, também enseja indagação em relação à aprovação em comitê de ética em pesquisa, o que aparentemente não ocorreu, gerando insegurança nos respondentes.

Assim sendo, temos mais um motivo para a sua imediata suspensão.

Esperamos, por fim, que o CFM retome seu relevante papel de zelar pelas boas práticas médicas, atuar em prol da Saúde e da Medicina, pautado pela Ciência, e que abandone, de uma vez por todas, pautas negacionistas que tanto mal fizeram à população brasileira nos anos recentes.

Assinam a nota:

    • Associação Brasileira de Médicas e Médicos pela Democracia – ABMMD
    • Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco
    • Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – Cebes
    • Sociedade Brasileira de Bioética – SBB
    • Rede Nacional de Médicas e Médicos e Populares – RNMMP
    • Frente pela Vida

Atualizada em 16/01/2024

Leia também

Abaixo-assinado: Médicos querem que presidente do CFM suspenda já pesquisa sobre vacina contra covid em crianças

Infectologia e Pediatria são contra pesquisa do CFM sobre vacinação infantil contra a covid

Ao equiparar crenças pessoais à ciência, do CFM pode afastar população da vacinação, critica SBim


Siga-nos no


Comentários

Clique aqui para ler e comentar

marcio gaúcho

Lamentavelmente, a grande maioria dos médicos brasileiros pensam que são cientistas. Trabalharam negativamente sobre a vacina contra a Cocid-19 e receitaram , indiscriminadamente, cloroquina e ivermectina para os seus pacientes, infectados ou não, colaborando com milhares de mortes por desidratação, dado ao efeito dessas medicações, aliadas ao zinco, que provocam grande estado diarreico. O CFM foi o capitão dessas ações dolosas. Seus dirigentes à época devem ser responsabilizados e, também, todos os médicos que propalaram o negacionismo pelas redes sociais e junto aos seus pacientes. Assassinos com o poder letal de promover eugenia contra a população brasileira, apenas com uma caneta e papel. Os deuses estão no Olimpo, os médicos não são deuses e nunca tiveram o direito de fazer experiências desautorizadas, matando tantas pessoas, por má fé e ignorância dos mandamentos da atividade médica. Há que se fazer justiça!

Gilberto

Não cabe novo processo contra o CFM?

Que absurdo.

Deixe seu comentário

Leia também