por Gerson Carneiro, especial para o Viomundo
Feliz é quem feliz se julga.
Começo afirmando que não sou juiz de vida alheia, mas não posso deixar de opinar sobre fatos que a mim chegam por via pública e que, por variados motivos, atraem minha atenção.
Por isso, quero aqui discorrer sobre algo que tomei conhecimento na noite do último domingo, 1º de setembro, e que desde então tem incomodado minha consciência.
Através do programa televisivo Domingo Espetacular, da TV Record, tomei ciência do caso de um garoto de 14 anos de idade, Peterson Kevyn, que está se lançando, corrijo, que está sendo lançado como cantor de “funk ostentação” na cidade de Carapicuíba-SP. Seu nome artístico: MC Pet.
Alguns fatos do caso me deixaram espantado.
A carreira artística do garoto está sendo administrada por dois empresários. Um deles se chama Sérgio Jaques.
Já ocorreram problemas tanto na gestão da dupla atual de empresários quanto na anterior.
A primeira dupla gravou um videoclipe aonde o garoto aparece cercado por vistosas mulheres que trocam carícias entre si.
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Os pais do garoto, José Paulo da Silva e Edna de Santos Castro, apesar de afirmarem que acompanham o trabalho dele, se disseram surpresos e contrariados com as cenas, embora se mostrassem deslumbrados com a carreira artística do filho. Inclusive, diante dos pais, o garoto disse que se pudesse voltar não gravaria o videoclipe.
A segunda dupla de empresários, sob o argumento de resgatar o trabalho do garoto e adequá-lo a um público jovem compatível com a idade do garoto, refez o videoclipe. Dessa vez tendo a escola como cenário. O detalhe é que nesse novo videoclipe o garoto aparece em sala de aula cercado por colegas da mesma faixa etária dele, todas em uniforme que induz sensualidade. E a “professora”, adulta, com o enorme busto saltando no decote.
Para o papel de professora, foi contratada uma “modelo” que se apresenta como Sabrina Boing Boing. Segundo a reportagem, ela já posou nua várias vezes para revistas masculinas.
A reportagem informa que a diretoria da Escola não ficou satisfeita com o que viu e entrou na Justiça contra os produtores do vídeo.
Seguiram-se outros detalhes.
O garoto ostenta um relógio avaliado em quatro/cinco mil reais, presente de um dos empresários, segundo ele próprio revelou. E em breve, estará com uma pesada corrente pendurada no pescoço, sustentando seu nome, tudo feito em “puríssimo” ouro, como fez questão de ressaltar.
Os pais se completam em sorrisos quando o garoto afirma que pretende encontrar uma namorada“loira, de olhos azuis, corpinho violão”.
Fiquei a imaginar qual seria a reação dos pais se fosse uma garota, de mesma idade, afirmando que pretende encontrar um namorado “loiro, de olhos azuis, corpo sarado”… Ou um garoto homossexual, uma garota lésbica, revelando suas pretensões.
Mas nada me deixou mais chocado do que ver e ouvir aquela criança se definindo como sendo possuidora de uma mente adulta em corpo de criança. Pobre criança.
E ver pobres pais pobres deslumbrados com tudo isso.
Eu não sei. Gostaria de saber a opinião do Conselho Tutelar sobre este caso.
Em minha época ser criança era mais valioso que qualquer ouro puríssimo.
Não estou torcendo contra, nem desejando mal ao garoto e sua família. Toda sorte do mundo para eles. Mas, como nem tudo que reluz é ouro, confesso que para mim esse tipo de felicidade parece mais infelicidade.
A conferir.
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