Dr. Rosinha: A tentativa de culpar só o PT pela não cassação de Donadon

Tempo de leitura: 3 min

Henrique Alves ajuda a Câmara a construir seu próprio descrédito

do dr. Rosinha, no Facebook

Para além da questão do voto secreto, registro aqui um ‘detalhe’ importante sobre a não cassação do mandato de Natan Donadon (ex-PMDB-RO).

O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves (PMDB-RN), tem parte da culpa pelo fato de o mandato de Natan Donadon ter sido mantido.

O processo de cassação de Donadon foi colocado em votação em um dia em que não houve NENHUMA votação nominal. E nesta quinta-feira também não haverá votação nominal.

Sem votações nominais, o plenário se esvazia. Tanto que houve MAIS DE 100 AUSÊNCIAS na votação sobre Donadon.

Não tenho dúvidas: parte da responsabilidade pela não cassação dele é, sim, do presidente da Câmara.

Eram 18h30 e eu já alertava em plenário que não se devia votar um processo de cassação em um dia com certeza de quorum baixo. Era sabido que de nada adiantaria estender sessão até as 23 horas, como foi feito.

Ao não cassar o mandato de um condenado em última instância e preso há 2 meses, a Câmara dos Deputados, mais uma vez, vai contra a sociedade brasileira e constrói o seu próprio descrédito.

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Acréscimo posterior:

Está em curso mais uma tentativa de jogar no colo do PT a culpa exclusiva pelo lamentável fato de a Câmara dos Deputados não ter cassado, ontem à noite, o mandato de Natan Donadon (ex-PMDB-RO), condenado em última instância por corrupção e preso há dois meses.

Em um blog hospedado no UOL, o jornalista Fernando Rodrigues, da Folha de S.Paulo, por exemplo, escreve: ‘PT e outras siglas governistas tiveram maior número de ausentes na sessão que salvou deputado preso’ . Ocorre que o ranking produzido por Rodrigues se baseia apenas em números absolutos, sem analisar o percentual de faltantes. Uma rápida análise revela: os percentuais de faltas entre todos os médios e grandes partidos não são tão diferentes assim.

Aos dados. O PT teve um percentual de presença na sessão de ontem de 76,1% –maior que o do PP (63,2%), que o do PSD (73,3) e que o do PSB (76%).

Entre os partidos com mais de dez deputados, NENHUM APRESENTOU PRESENÇA SUPERIOR A 90%, nem mesmo os de oposição. O DEM, por exemplo, teve um percentual de frequência bem próximo ao do PT: 78,6%. O PPS, 81,8%.

Esses dados demonstram que, assim como minha avaliação publicada na madrugada de hoje (acima), houve quebra de presença em todos os médios e grandes partidos.

Tentar atribuir ao PT a culpa pelo resultado de ontem sobre Natan Donadon é uma desonestidade intelectual parecida com a observada na indicação do pastor Marco Feliciano (PSC) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Naquela ocasião, a velha mídia, via de regra, ignorou, por exemplo, o fato de partidos como o PSDB terem cedido vagas de membros titulares da comissão para o PSC, o que acabou por viabilizar a eleição do pastor para o referido cargo.

Reafirmo, com algum conhecimento de causa, já que estou no quarto e último mandato na Câmara: as mais de cem ausências verificadas na sessão de ontem derivaram do fato de não haver, nem ontem, nem hoje, nenhuma votação nominal, nenhuma votação com registro no painel eletrônico.

Além da aberração do voto secreto, que felizmente está com os seus dias contados, a manutenção do mandato de Donadon pode ser atribuída, sim, em parte, à decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves (PMDB-RN), de colocar tal processo em votação com um plenário parcialmente esvaziado.

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