Professor Euclides Castilho: “O Procon-SP não funciona, o jeito é se queixar ao bispo”
Tempo de leitura: 4 minpor Conceição Lemes
Em 1º de maio de 2010, eu perguntei aqui quem se lembrava da história do professor Euclides Castilho, soteropolitano de nascimento, carioca de coração, paulistano no cotidiano, que o serviço de telemarketing da Editora Três conseguiu tirar do sério.
Pois 1 ano e dois meses depois, repito a pergunta. Alguém se lembra desse caso?
Bem, antes de dar as más notícias, vou relembrá-lo. Primeiro, tem muita gente nova chegando ao site e não leu a denúncia feita pelo Viomundo em fevereiro de 2010. Depois, reiterada em maio de 2010, já que o “telemarketing da Editora Três é caso de polícia”, como diz o professor. Segundo, o assunto interessa a todo consumidor.
Euclides Castilho tem 69 anos, é médico epidemiologista, professor titular do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP, cientista de primeira linha, ético, de renome nacional e internacional.
“Quando meu filho se casou, fiz uma assinatura da IstoÉ para chegar na casa dele. Depois de uma certa época, começaram a me ligar para renovações de assinaturas tanto a minha como a do presenteado”, relembra o professor pela enésima vez. “Além de ter sido feita à minha revelia, continuaram a me ligar. Numa das ocasiões, a atendente do serviço de assinantes disse que a assinatura estaria renovada até 2019!!!”
O pior estava por vir. O professor Euclides fez inúmeras reclamações ao serviço de atendimento ao assinante, para que não me ligassem mais. Também que, quando cessasse a assinatura vigente, nunca mais renovaria. Em março de2009, ele ficou quase um mês internado devido a uma cirurgia. Telefonaram duas vezes para o celular dele no hospital.
“Em uma das ocasiões, eu mal tinha saído do centro cirúrgico. Na outra, eu estava na UTI”, indigna-se. “Eu implorei para que nunca mais ligassem.”
Ligaram. Outra. E mais outras vezes. Depois passaram a ligar, ligar, ligar, ligar, para o telefone fixo, da casa dele. De novo, contatou várias vezes o serviço do assinante.
“Não somos nós que ligamos; o serviço de telemarketing é feito por empresa terceirizada”, disse ao Viomundo Elaine Basílio, gerente de Atendimento, no nosso primeiro contato. “Já excluímos o cadastro deste assinante para possíveis contatos para aquisição ou renovação de assinatura.”
Apoie o VIOMUNDO
“São mais de 20 empresas terceirizadas, já passei comunicados a todas mais de uma vez para que não ligassem mais para doutor Euclides; o telefone dele nem consta mais do nosso cadastro”, disse Elaine Basile, da segunda e terceira vezes que a procuramos já que problema persistia.“Não temos mais o que fazer.”
Depois de tudo isso, o professor Euclides esperava nunca mais ter de ouvir: “Senhor Euclides, aqui é da Editora Três…”
Pois o professor Euclides continua a receber ligações até hoje!!! Já se passaram mais de 2 anos, desde elas começaram.
— Mas por que o professor não faz o cadastramento no Procon? — certamente alguns leitores devem estar aparteando. — Ou reclama ao Procon?
No Estado de São Paulo, existe, desde o final de 2008, uma lei que visa a proteger os consumidores do telemarketing ativo. Quem não quer receber ligações de telemarketing, precisa cadastrar seus números de telefone, fixo e/ou celular, no site do Procon-SP. O cadastramento não é seletivo para esta ou aquela empresa. Implica bloqueio de todas. O cadastro é gratuito.
“Após 30 dias da inscrição, as empresas ficam proibidas de ligar para o telefone, salvo mediante autorização por escrito do próprio consumidor”, informou ao Viomundo a assessoria de imprensa. “Caso o consumidor a receba depois de feito esse cadastro, ele deve denunciar a empresa ao Procon, que, com base nas denúncias feitas, aplicará uma multa à empresa.”
Só que, além de se cadastrar no Procon em abril de 2009, para não receber ligações de telemarketing, o professor reclamou formalmente ao Procon-SP em 6 de maio de 2010. “Não adiantou nada”, ele protesta.
Em 25 de agosto de 2010, Procon-SP informou-lhe que, após análise da sua reclamação, havia lavrado auto de infração e aberto processo administrativo contra a Editora Três devido ao descumprimento do Cadastro de Bloqueio de Telemarketing.
Como o problema persistisse, em abril de 2011, esta repórter voltou a contatar o Procon-SP. Inicialmente, a assessoria de imprensa, que repassou o caso à Ouvidoria do órgão. A ambos enviei o e-mail abaixo.
Daí em diante os contatos foram com a Ouvidoria do Procon-SP. Abaixo os dois últimos e-mails que recebi após sucessivos questionamentos ao órgão.
Embora não protocoladas, foram feitas outras reclamações ao Procon por conta desse caso. Pior. Às vésperas de “comemorar” 1 ano e 2 meses da formalização da primeira queixa (foi em 6 de maio de 2010), a situação permanece inalterada. Ainda na semana passada, o professor recebeu mais uma ligação do famigerado telemarketing da Editora Três.
“Mais de 1 ano depois a Ouvidoria sugere procurar a Justiça?! Por que não sugeriu antes? Pra que ir ao Procon?”, irrita-se ele. “Só pode ser piada. O jeito é seguir o teu ‘conselho’: se queixar ao bispo, já que o telemarketing da Três é caso de polícia e o Procon não funciona, se revelou inepto no meu caso.”
Alguém teria outra sugestão?







Comentários
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!