Álvaro Rodrigues dos Santos: Que o coração prevaleça sobre o fígado

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Democracia brasileira em risco

por Álvaro Rodrigues dos Santos

O tom agressivo de manifestações de várias figuras de destaque do PSDB, de colunistas de mídia que lhes são favoráveis e do séquito de internautas que repercutem quase profissionalmente esse apoio trazem graves preocupações quanto ao destino próximo da democracia brasileira.

Na verdade, os líderes tucanos e de outros partidos de oposição ao governo federal amealharam invejável cacife político-ideológico-eleitoral de quase 50 milhões de votos à base de prolongada e intensiva campanha de ódio, aversão e repugnância ao PT e às suas principais lideranças, Dilma e Lula, campanha mobilizadora de ensejos, desejos e propostas de exclusão sumária, eliminação, escorraçamento dos petistas.

Obviamente, as lideranças tucanas não pretendem perder esse forte e consistente cacife político, para o que estão a mostrar que farão o possível e o impossível para tanto, inclusive praticar de fato a não aceitação do resultado eleitoral.

O grande problema para a nação é que a linha que reuniu e uniu esse grande contingente radicalmente oposicionista ao PT é a linha do ódio e da aversão absoluta. Uma linha que não encontra substituição, ao menos a curto e médio prazos, donde a aparente decisão política-tática do tucanato em continuar, já logo após o resultado eleitoral, o mesmo diapasão propagandístico do ódio e da absoluta não aceitação do PT (e de sobra de toda a esquerda brasileira).

As atuais declarações das lideranças tucanas e os artigos produzidos por seus colunistas engajados são evidências dessa opção tática.

Não sei se haverá entre os tucanos quem consiga algum sucesso em procurar evitar essa loucura, substituindo-a pela prática de uma oposição forte, mas essencialmente propositiva no que diz respeito às políticas públicas que programaticamente defendem, prática democrática da qual se afastaram há já quase uma década.

De momento, posso apenas torcer para que o PT, as esquerdas brasileiras em geral e sua base popular de apoio não caiam na armadilha de responder ao ódio com mais ódio. Não há como imaginar coisas boas para a sociedade e para a democracia brasileiras que possam resultar de um caminho assim definido e trilhado.

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Que prevaleçam o coração e o cérebro sobre o fígado e a vesícula.

Álvaro Rodrigues dos Santos  é geólogo,  consultor em  geologia de engenharia, geotecnia e meio ambiente. Foi diretor da Divisão de Geologia e de Planejamento e Gestão Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)

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