Como colocar a crise nas costas dos mais fracos

Tempo de leitura: 4 min

tavares

Conceição Tavares quer participar do debate. Será que Dilma ouvirá apenas o mercado?

Da Redação

Primeiro, logo depois do primeiro turno, tratou-se de desqualificar os votos de Dilma Rousseff. Nisso, a mídia contou com o inestimável apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que definiu o PT como o partido dos grotões.

Repetiu-se a estratégia depois do segundo turno, com o mesmo objetivo: a tese do “país dividido”, azul e vermelho, servia à oposição, ainda que baseada em estatísticas enganosas.

O retorno “triunfal” de Aécio Neves ao Senado foi combinado com duas novas palavras no léxico dos colunistas: bolivarianismo e estelionato.

A derrubada do projeto da Política Nacional de Participação Social na Câmara teria sido reação ao primeiro, quando foi muito mais que isso: deveu-se à estratégia de emparedamento praticada pelo PMDB, que sempre antecede a barganha por cargos no Executivo. Neste caso, nenhuma novidade no front.

A tese do “estelionato eleitoral” não se refere ao fato de que Geraldo Alckmin sempre disse que estava tudo bem na crise hídrica paulista — e agora, pós-eleição, a Sabesp anuncia planos para reutilizar água do esgoto, enquanto o governador pede ajuda em Brasília.

Ela — tese do estelionato — cabe apenas no aumento da gasolina. Coisa de Dilma.

Desqualificar para enquadrar, é o que está em andamento.

Objetivo: forçar a adoção da plataforma eleitoral dos derrotados.

Por que?

Para conquistar a austeridade que garanta o pagamento dos juros. Para garantir que o peso da crise não ameace os banqueiros, mas recaia sobre os assalariados.

É incrível como a matriz se repete. Teríamos um apagão elétrico. A Copa do Mundo seria um fracasso retumbante.

O segundo mandato de Dilma, antes mesmo de começar, está inapelavelmente fadado a sucumbir. Basta ler os jornais para constatar.

Tem até gente fugindo do Brasil para evitar o naufrágio de uma economia com pleno emprego!

A pergunta que cabe fazer, agora, é a que Ricardo Melo fez hoje. Dilma vai mesmo se render às manchetes?

Acompanhem:

Dilma e seus dilemas

por Ricardo Melo, na Folha, via Contexto Livre

Manchete de alguns dos principais veículos de comunicação do mundo, o esquema de sabotagem tributária praticado por bancos e multinacionais dá ideia dos desafios colocados para governos como o de Dilma Rousseff.

A reportagem é produto de uma ação colaborativa de jornalistas de diversos países.

No Brasil, Fernando Rodrigues, do UOL, orientou o trabalho investigativo e a publicação da papelada. O resultado mostra números estarrecedores, com a licença do adjetivo tão caro à presidente.

Para falar apenas daqui, em 2008 e 2009 os bancos Itaú e Bradesco “economizaram” R$ 200 milhões em impostos graças a um esquema montado num paraíso fiscal europeu “Luxemburgo”. Formalmente, a negociata atende pela rubrica de elisão fiscal, eufemismo usado por bilionários para explorar brechas da lei com o objetivo de fugir de tributos. A sutileza obviamente não está ao alcance da maioria trabalhadora e assalariada: esta é mordida pelo Leão diretamente no holerite.

A essência da jogatina é declarar lucros muito menores do que os obtidos. Uma imoralidade completa. Para “lavar” a mentira, os grupos entram em acordo com empresas de auditoria para desbravar os caminhos da “elisão fiscal”.

No momento seguinte, as mesmas firmas de controle endossam os balanços dos clientes. A promiscuidade lembra a tabelinha entre agências de risco, auditorias e a banca internacional que desembocou na crise de 2008. Vários nomes, aliás, aparecem nos dois momentos. Uma diferença: enquanto em países como os Estados Unidos e Grã-Bretanha a banca tem sido obrigada a devolver ao menos parte dos prejuízos, por aqui nada acontece.

Os sonegadores, claro, juram respeitar a Justiça. É o cinismo vendido como verdade. Citam em sua defesa uma lei escrita a quatro mãos com o paraíso fiscal justamente para atender a interesses do tubaronato multinacional. “Trata-se de mais um planejamento tributário internacional abusivo, com o único propósito de gerar redução dos impostos”, resumiu o subsecretário de Fiscalização da Receita, Iágaro Martins (Folha de S.Paulo, 06/11).

Além de mostrar o tamanho do problema, semelhante avaliação de uma autoridade oficial torna ainda mais incômodo o silêncio dos altos escalões do governo Dilma diante destes descalabros. Pior.

Em vez disto, a presidente reeleita e seus auxiliares vêm entoando músicas para agradar o tal mercado. Fala-se em cortar gastos, em ampliar a fiscalização sobre benefícios da Previdência e reduzir a ação de bancos públicos.

Nada se ouve nos altos escalões a respeito de demandas sociais e, por exemplo, da cobrança de multas bilionárias como a devida pelo Itaú por conta da fusão com o Unibanco. Já os bancos continuam batendo recordes de lucratividade enquanto a economia do país patina.

O Planalto pode tentar fazer os malabarismos habituais para adiar medidas a favor do povo que o elegeu. Invocar a governabilidade, a necessidade de acordos com a base aliada etc. são platitudes habituais. Tampouco imagina-se que a montagem de um governo seja simples como a troca de diretoria de clube de futebol.

Mas os sinais são importantes, sobretudo na política. E é impossível manter compromissos com a maioria mais pobre sem que os ricos aceitem abrir mão de ganhos imorais. A conta não fecha. Na sua estreia, o maior risco da nova administração não é o de desagradar a oposição. É o de perder o pé da situação.

Leia também:

Morvan Bliasby: Dilma fará as mudanças que se espera dela?


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Comentários

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Mancini

Pensei que já tivera comentado sobre essa outra Conceição, Azenha!
Talvez não tenha olhado direito! Sobre mercado, só sei que ele manda e manda bem!
Em: http://rf10consumidorsabido.blogspot.com.br/ e amanhã Editorial em:
http://refazenda2010.blogspot.com.br/

Álvares de Souza

Me parece que pior do que se render às manchetes da mídia calhorda “velha de guerra”, ou dos ataques dos perdedores incapazes de recolher as armas, sórdidas, brandidas, é ter que ouvir e lidar com os ataques e cobranças dos “aliados” que tudo sabem e que aspiram compor um conselho de notáveis, á pautar os destinos do País e os passos a serem seguidos, obedientemente, pela sua Presidenta.

mineiro

nao pode deixar o pmdb e o pt tucano ditar as regras de novo. todos os movimentos , centrais sindicais , nos o povo temos que ir para a porta do planalto e exigir da pres. que faça as mudanças necessarias. nao pode deixar acontecer o que aconteceu no 1ºmandato , nos tambem temos que fazer a nossa parte e fazer pressao sobre essa corja que quer apoderar de novo do executivo e ditar as regras. ficar so falando nao adianta nada , tem que fazer pressao e botar essa oposiçao dentro e fora do governo contra a parede. isso é que tem que ser feito e nao ficar parado deixando tudo acontecer e se deixar a pres. cede , todo sabe que cede e vai tudo para o buraco e isso é que eles queresm e a parte boa do pt , o lula nao pde ficar assistindo igual a outra vez.

ricardo silveira

Parece simples.

    Carlos

    Pois é, Ricardo, é estarrecedor o conjunto de atacantes à esquerda que agora surgiram.
    É como se Dilma fosse uma tola, e que agora temos de ensinar-lhe como governar.
    Demos crédito a companheira, que nos deu sinais de que vai modificar suas práticas.
    Essas reações são às publicações da mídia, ela está tecendo o que anunciará!
    Deixa a mulher trabalhar!

Luciano

Muitos estadunidenses votaram em Obama e no Partido Democrata frente à promessa de retiradas de tropas militares e fechamento da prisão de Guantanamo. O governo democrata, porém, em sua política externa, agiu igual ao republicano de Bush: manteve a política de ocupações militares.

No Brasil recente, a oposição prometeu austeridade e a situação prometeu proteção aos empregos e direitos sociais. Assim como os democratas trairam seu eleitorado e agiram igual aos republicanos, será que o governo vai trair seu eleitorado e agir conforme os ditames do mercado financeiro e do neoliberalismo ortodoxo?

FrancoAtirador

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A CARTA DE MARTA

Em Carta de Demissão, Senadora Marta (PT-SP)

pede a Dilma Atenção com Nova Equipe Econômica

Leia na íntegra a Carta de Marta:

(http://jornalggn.com.br/noticia/em-carta-de-demissao-marta-pede-a-dilma-atencao-com-nova-equipe-economica)
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Sônia Bulhões

Cadê meu comentário ?

    Conceição Lemes

    Qual, comentário, Sonia? Seria o das 11h21, que está no ar? abs

Sônia Bulhões

Parece até que estou lendo um blog tucano. Seria eu uma néscia qualquer ? Só metem o pau na Dilma, no PT e no Lula … O partido é constituído por pessoas de carne e osso. Por que não interferir nos diretórios e fazer valer opiniões e práticas ? Por que não fundar um núcleo e ir pra cima ? Ficar só no leite derramado sempre acho que não dá.

SAMWISE

Há no ar ameaças de golpe que são indícios preocupantes. Para afastá-las é preciso, não apenas proteger os mais fracos, mas também a parcela que ascendeu socialmente. Urge ampliar a base social do governo. Para isso é fundamental reconquistar a classe C do centro-sul do país. Recomendo o texto simples e objetivo abaixo:

http://reino-de-clio.com.br/Pensando%20BR.html

Tiago Silveira

Se o governo não gastar tão mal nosso dinheiro, vai sobrar para projetos sociais do mesmo jeito. O governo Dilma fez alguns conquistas importantes nesse sentido, mas sofreu derrotas imperdoáveis também (o orçamento impositivo é a que mais me dói).

O Mar da Silva

A Europa está aí caso Dilma tenha dúvida das consequências de agradar o imoral mercado.

Mancini

Conceição, outra Conceição, gostamos de ambas! Azenha,
Muita coisa se diz agora, muita bobagem e sandice também! nada como o tempo… Putz, acho que alguém já disse isso!
Nós aqui, lembrando de 13, isso mesmo, treze anos de rede, como também de Energia Elétrica, e das besteiras pautas impostas…
Em http://rf10consumidorsabido.blogspot.com.br/
Mas individual e apavorante em Vamos conversar sobre a Morte? Em
http://refazenda2010.blogspot.com.br/
MCT está certa, o mercado que se lixe, aliás, já ganhou demais, tem coisas bem mais importantes para se fazer e se construir de verdade! DILMA!!! Abra o olho!!! Comece pelas operadoras, e onde está a internet grátis do LULA?!

Marivaldo Antunes Netto

Maior frouxidão que essa Direção Partidária do PT não existe. Leva um tapa no rosto e não apenas ofereça o outro, como brinde dá as nádegas para levar um retumbante chute. Essa direção sempre foi PORRETA para expulsar a esquerda militante que enfrentava a tudo e a todos. Vai ver que é por isso que está sem tônus nesses momentos. É um PT super-light, com poucos teores de esquerdismo e menos ainda de vergonha na cara. Eu e muitos apoiadores de DILMA passamos fisicamente muito mal

    Marivaldo Antunes Netto

    Eu e muitos apoiadores de DILMA passamos fisicamente muito mal quando nos deparamos com a possibilidade de Aécio vencer. Mobilizamos geral enquanto os Diretórios do PT estavam aguardando “ordens superiores” ou alguma reunião burocrática. Os Diretórios se transformaram em locais em que não se discute política. São agências de distribuição de adesivos e panfletos. Só isso. Por isso a resposta do PT aos ataques da direita não vem. Não tem retaguarda organizada em suas fileiras. Depende o PT de forças externas ao Partido para garantirem sua inserção política e a sua defesa. Foram os blogs quem defendeu o PT. O PT está exangue. Sem fibra, sem norte. É uma pena ver esse Partido morrer na praia. Mas tudo isso se deve não à pujança da direita raivosa, mas dessa esquerda-morna desfibrada.

    Mário SF Alves

    Será?

    Ou será que o buraco é bem mais embaixo?

    Será que se combate assim, na base do bateu levou, um adversário do porte deste que por quinhentos longos e tenebrosos anos edificou o apartheid social que chamamos regime Casa Grande-Brasil-Eterna Senzala, um adversário que sempre surripiou as riquezas do Brasil e que sempre subestimou, menosprezou e conspirou contra os direitos do povo, um adversário que sempre se viu livre e capaz de tudo para impor seus interesses, inclusive através do horrendo [e que jamais deveria ser esquecido] Golpe [dito] de Estado de 1964?

    Sei não.

    Haja estratégia. Haja PODER de discernimento. Haja sangue frio.

    Ou, e aí eu teria de concordar com você, haja PODER de dissimulação. Porém, considerando estes últimos doze anos de luta em favor do povo, não me parece ser este o caso.

italo

O que a Imprensa está fazendo é pressionar o governo para enfraquecê-lo, manter a espada sobre a cabeça, provocar recuo, exatamente na hora formar sua base e garantir as mudanças clamadas nas ruas e que incluem enfiar o pé na sopa do PIG e a sabujada que os acompanha.

    Mário SF Alves

    É… quem dera já estivéssemos politicamente maduros a ponto de determinar condições.

    Em relação ao futuro do Brasil, à Democracia e ao seu respectivo desenvolvimento econômico-social, quem dera pudéssemos dizer:

    Vocês escolhem: ou transição lenta, segura, transparente e gradual ou revolução social, já. Quem dera.

    Quando, ainda que plena e socialmente justificável, não se pode impor condições, convida-se ao DI-Á-LO-GO. E esse convite foi feito; disso todos nós somos testemunhas.

    E o que vimos? O que obtivemos como resposta?

    O que vimos foi um certo representante do PSDB, ex-candidato a vice-presidente da República afastando de maneira agressiva, arrogante, irresponsável e vexatória qualquer possibilidade de diálogo. Ou, quando muito, e na melhor das hipóteses, a aceitação pró-forma do convite, mediante condições prévias que são – no mínimo – negadoras de qualquer diálogo.

    Nesse sentido, a política na Suécia passou e passa a anos-luz daqui. Por que será?

    Simples: o Brasil não é a Suécia. Assim como também não é os EUA e nem é a Venezuela.

    A propósito, será que os negadores do diálogo esperam uma nova “Carta aos Brasileiros”? Não. Até isso seria esperar demais. Bom, a não ser que fosse uma carta de tipo… à Jânio Quadros, renúncia. É o que querem. É o que gostariam que fosse. É o que os patrões do Norte novamente esperam e ardentemente desejam.

    Atenção golpistas de todos os gêneros, redes e credos:

    A presidenta Dilma não é o Jânio e nem o PT é a UDN.

elisa

Eu penso o seguinte, decidi por conta própria pegar o material do FNDC e e ir explicando o que é a democratização da mídia para quem eu puder, eu não vou esperar o governo federal fazer isso.

    Mário SF Alves

    Boa, Elisa.

    É chegada a hora.

    Ou isso, ou aquele papo [na realidade compromisso público] de redemocratização do País cairá no esquecimento e terá sido um engodo de dimensões galácticas.

ccbregamim

sbt faz reportagem
sobre manobras fiscais
de 200 milhões de reais
de itaú e bradesco
em luxemburgo

http://www.sbt.com.br/jornalismo/noticias/46358/Documentos-secretos-revelam-esquema-fiscal-em-Luxemburgo.html#.VGFfbSisbdk

S Rod

O PIG é internacional. E o GOLPE esta sendo articulado em Wall Street. É muita riqueza, é o petróleo, a Amazonia a maior biodiversidade do planeta. Eles se articulam por que existem traidores da Pátria Amada, Salve, Salve o Brasil dos privatas, dos predadores, dos abútres e rentistas de plantão subserviente a Washington. Os traidores são os Tucanos, com pena e sem pena.

ricardo silveira

Se perdesse a eleição a satisfação dos interesses dos empresários capitalistas e, em especial, dos financistas seria realizado sem alarde e sem constrangimentos. Mas estes perderam e ganharam os que se colocaram contra essa farra da acumulação que se faz sobre a miséria. Por que capitular? Por que se render a esse bando? Esse governo não tem o direito de trair a maioria dos brasileiros apenas para beneficiar uma parte que já beneficiada e minoria.

FrancoAtirador

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Por que Dilma quase perdeu?

Como mais de 50 milhões de pessoas,
quase a metade dos eleitores,
votaram pelo fim dos governos do PT
e pelo retorno a um governo tucano?

Por Emir Sader, na Carta Maior

Uma simples comparação dos governos do PT com os do PSDB
– e considerando que Dilma Rousseff se propôs a dar continuidade
a esses governos e Aécio a retomar o governo do FHC –
levaria a uma vitória acachapante de Dilma no primeiro turno.

No entanto, a vitória foi apertada e em alguns momentos da campanha parecia desenhar-se uma vitória da oposição.

Como isso é possível?
Como mais de 50 milhões de pessoas, quase a metade dos eleitores,
votaram pelo fim dos governos do PT e pelo retorno a um governo tucano?

Parecia predominar em alguns círculos do governo e da esquerda que por fazer governos que sem dúvida beneficiam a grande maioria da população, tanto esses beneficiários como os que querem um pais menos injusto, votariam pela candidata que representa a continuidade e não pela sua ruptura. E triunfaríamos no primeiro turno.

Falta a essa visão tecnocrática da realidade, a compreensão de que a intermediação
que há entre a realidade concreta e a consciência das pessoas
interfere na formação da opinião pública.

Poderiam ter lido Gramsci ou quaisquer outros autores mais de moda,
para saber a importância que a mídia tem na formação da consciência das pessoas.
Ou mesmo o Marx do XVIII Brumário, onde ele mostra como amplas camadas da população podem,
pelos mecanismos de inversão que a ideologia produz na consciência das pessoas,
votar contra seus próprios interesses e até mesmo erigir lideres
que representam interesses opostos aos seus.

E como esses mecanismos atuam no Brasil?

Além dos mecanismos clássicos da ideologia numa sociedade capitalista, que esconde o essencial
– como a exploração do trabalho e a acumulação de riqueza nas mãos dos capitalistas –
a ação dos meios de comunicação falseia os dados básicos da realidade
e, pela reiteração cotidiana ao longo dos anos, fabrica consensos falsos.

No caso do Brasil, essa ação fabricou, entre outros, os falsos consensos
de que o governo é incompetente, de que o PT é corrupto, de que a política econômica está errada, de que a Petrobrás representa um enorme problema pro Brasil.

A grande rejeição fabricada contra a Dilma é uma consequência da reiteração
desses e outros clichês que, reiterados e sem encontrar mecanismos similares
de resposta e de desmistificação, terminaram impondo-se.

Alguns exemplos ajudam a entender o fenômeno.

A votação maciça da Dilma no Nordeste se deve, centralmente às politicas sociais do governo.
Aí o efeito da mídia tradicional é menor, a mudança na vida das pessoas
se impõe como critério de decisão politica.

Enquanto que no centro-sul e no sul o efeito da mídia é maior.

Dos 51 milhões de votos de Aécio, pelo menos metade
devem ter sido de camadas populares, em particular em São Paulo.

Gente que muito provavelmente melhorou significativamente de vida,
mas não teve a consciência das razões dessa mudança e votou contra o governo.

No essencial, Dilma triunfou pelas políticas sociais.
Foi o voto popular que deu a vitória à Dilma, no essencial.

A unificação aguerrida da militância de esquerda no segundo turno
acabou sendo o fator que permitiu o triunfo.

O governo perdeu o debate na opinião pública.

Tanto assim que a Dilma teve os piores resultados nas grandes cidades,
onde a influência dos meios de comunicação é mais concentrada.

Quando foi possível, nos programas eleitorais, por exemplo,
demonstrar a real situação da economia do país, se desarmou
um dos pilares da campanha opositora, o do terrorismo econômico.

Pesquisa já próxima do final da campanha revelava que a grande maioria da população
– inclusive entre os que votaram Aécio – considera que a situação econômica do país é boa, tem perspectivas otimistas para o próximo ano,
consideram que o desemprego vai diminuir mais ainda e a inflação está sob controle.

Bastou romper minimamente o monopólio da informação,
para que a opinião pública mudasse seus pontos de vista.

Em resumo, não ter avançado em nada no processo de democratização
dos meios de comunicação quase levou à interrupção dos governos
que mais promoveram a diminuição da desigualdade, da pobreza e da miséria no Brasil.

O governo não tem mais o direito de permitir que, enquanto socialmente
se democratiza a sociedade brasileira, a formação da opinião pública
se submeta ainda a um processo não democrático,
em que alguns fabricam e manipulam essa opinião,
para atender seus interesses minoritários no país.

Se o Congresso atual e o eleito não tem como aprovar uma lei de democratização da mídia,
o governo tem que encontrar os meios para colocar em prática a norma constitucional
que proíbe os monopólios e os oligopólios nos meios de comunicação.

Além de que precisa fortalecer exponencialmente as mídias publicas
já existentes e os meios alternativos de comunicação
– as rádios, as TVs, a internet, os jornais.

Para que não se volte a correr os riscos das eleições deste ano e o Brasil
possa ser também uma democracia pluralista na formação da opinião pública.

Essa a primeira e principal reforma que o Brasil precisa implementar.

(http://www.cartamaior.com.br/?/Blog/Blog-do-Emir/Por-que-a-Dilma-quase-perdeu-E-o-que-fazer-para-nao-correr-mais-esse-risco-/2/32201)
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    FrancoAtirador

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    A CAMINHO DO UCRANISTÃO

    Quem neste ano eleitoral fez campanha presencial, no tête-à-tête, no boca a boca, sentiu a dor de perceber que grande parte dos eleitores e das eleitoras, principalmente das camadas mais humildes,
    acreditou piamente na Mentira Deslavada e Sem-Vergonha inventada pelos próceres da Extrema-Direita Raivosa (e em seguida encampada pelas militâncias da Direita Inescrupulosa, de Aécio e de Campos/Marina),
    que, partindo de premissas falsas, como sempre, baseadas na escandalização do Caso da Petrobrás promovida pela Mídia-Empresa por meio de factóides diários e ininterruptos, lançados em manchetes em todos os Veículos de Comunicação do País,

    convenceram uma parcela razoável da população de que, se @s brasileir@s retirassem o PT do Executivo, votando nos candidatos da Oposição Antipetista, estariam acabando com uma imaginária ‘Corrupção Generalizada nas Instituições Estatais’ atribuída preconceituosamente e de má-fé aos Governos Petistas que teriam realizado um tal de ‘Aparelhamento do Estado pelo Lulopetismo Bolivariano-Comunista’ e ‘transformariam o Brasil numa Venezuela’, no sentido mais Pejorativo e Degradante,
    e de que, a partir daí, sem os ‘Petralhas Ladrões’ governando, sobrariam bilhões de reais para investimento em Saúde, Educação, Transporte e demais Serviços Públicos Essenciais demandados pelos cidadãos, especialmente nas Grandes Cidades.

    A distorção criminosa, caluniosa, injuriosa e difamatória, do Detrito Panfletário Fétido da Marginal, responsabilizando diretamente o ex-presidente Lula e a presidente Dilma, na antevéspera da Votação do Segundo Turno, foi só o tiro que faltava ao intuito pretendido.

    Se houve um tom de exagero de uma parte dos petistas e dos simpatizantes da candidatura presidencial do Partido dos Trabalhadores (PT) contra algum candidato de outro partido político concorrente nas eleições
    – e aqui não se enquadra a Blogosfera Progressista, pois tudo o que foi postado nos Blogs Sujos a respeito dos presidenciáveis estava documentalmente comprovado –
    foi por Pura Reação Coletiva Instintiva de Sobrevivência Política e Ideológica,
    diante do Fascismo que se lançou em Ofensiva Sórdida e Irracional na Tentativa, mais que de Extermínio do PT,
    de Genocídio de todas as Correntes de Pensamento que rebelam-se contra a Dominância do Capital Financeiro no Brasil e no Mundo, e, por conseguinte, se opõem ao Neoliberalismo de Mercado Excludente e Perverso.

    Os Fascistas não conseguiram exterminar a esquerda
    nem eleger o governante pelo voto popular direto,
    mas disseram bem a que vieram e o que pretendem agora:
    dar o Golpe de Fato como fizeram na Ucrânia.
    .
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    Mário SF Alves

    “…baseadas na escandalização do Caso da Petrobras promovida pela Mídia-Empresa por meio de factóides diários e ininterruptos, lançados em manchetes em todos os Veículos de Comunicação do País, convenceram uma parcela razoável da população de que, se @s brasileir@s retirassem o PT do Executivo,…”
    _________________________
    É isso, prezado Franco. De fato, você disse bem, é disso que se tratou [e se trata], de tirar o PT do Executivo, e que, diga-se passagem, é apenas um dos Poderes da República. Unzinho só. E, detalhe: logo o PT, um partido que historicamente é o menos corrupto e o mais democrático de todos os partidos que já governaram o Brasil.

    E, apenas para efeito de reflexão, ainda que o PT fosse 15% próximo disso que a ideologia hegemônica diz que ele é; ainda que o PT tivesse algum dia governado sozinho este País, isto é, sem as indesejáveis [e imprescindíveis] alianças com velhos e conhecidos partidos fisiológicos do famoso e detestável “toma lá, da cá”, ainda assim, tirá-lo do Executivo não resolveria absolutamente nada.

    A não ser que um outro hipotético presidente eleito moralizasse (fato que apenas ocorreria num eventual novo Conto da Carochinha) todos os demais poderes e de pronto acabasse com a corrupção e com a índole anti-pátria que os caracteriza e infesta; fenômenos estes que aqui, em terras tupiniquins, sempre fizeram parte do DNA desse capitalismo descarado, selvagem e socialmente excludente/subdesenvolvimentista. Eis aí uma condição praticamente impossível de se realizar, especialmente se o hipotético presidente hipoteticamente eleito fosse apoiado pelo poder hegemônico, através da mídia empresarial; ainda que totalmente sem caráter, ainda que psiquicamente imaturo, ainda que um manietado, e apenas eleito para cumprir um mandado transitório, determinado estrategicamente, ainda assim, estaríamos diante do mais absoluto e gritante paradoxo.

Julio Silveira

As vezes que tem um problema com a Dilma. Mas parece que ela espera reconhecimento dos conservadores nacionais. Hoje estava lendo o blog do PH Amorim e não tive como deixar de ficar preocupado com as mensagens que ela passa nas entrelinhas. Convidada pa a festa da Carta Capital. não compareceu, estranho. A unica revista impressa que lhe apoiou e ela despreza. Não consigo esquecer que na eleição anterior, como primeiro ato que teve foi visitar a Folha. Assim começo a achar que são esses é que devem merecer respeito para a Dilma.

WILSON

Olá pessoal

Sou filiado ao PT hà uns 20 anos.
Só quero que este comentário seja publicado, porque noutras vezes meus comentários foram podados.
Vamos lá: Nunca fui simpatizante da Dilma. Tampouco assino tudo que o Lula fez(fez um monte de cagadas, como indicações “replublicanas” para o STF, matar ou mutilar de morte o PT/RJ, de PE, amizade com o finado(EC) além do limite do razoável, colocando o PT/PE de joelhos, para agradar o “bichinho”, interferir noutros diretórios para agradar o PMDB, e por ai vai…Não dá valor aos blogs e blogueiros progressistas(ativos e passivos, noutro sentido, claro!), entupir de dinheiro o PIG, morrer de medo da indústria de autos.
Por que tudo isso? É pouco, mas já estou indignado com a postura COVARDE deles e de outras figuras do PT que não defendem o partido a cada cacetada que tomam.
Estamos, nós todos, sendo chamados de ladrões há mais de 12 anos por todos do PIG 24 horas por dia. E o que estas figuras fazem? NADA! Só conversando bobagens, e nos decepcionando. Um dia sim, outro também. Porque, como disse, todo dia tem uma acusação contra a gente. Não é pouca coisa. Eu estou ficando cansado e posso dizer que muitos, como eu, também estão ficando cansados.
E aí? E aí que se nós sairmos das redes sociais não haverá repercusão. E aí? E aí, esperimenta botar o corinthians para jogar com o estádio vazio(já que o seu Lula gosta tanto de futebol).
Sentiram o frama?
É como se um dique estivesse enchendo de água, e, sem parar de chegar água o que vai acontecer? Romper.
Numa outra oportunidade poderei retornar ao assunto.

obrigado

Wilson

    Alexandre Faria

    Te dou todo apoio. Esse silêncio ensurdecedor, essa paralisia covardecovarde. Esse autismo político se tornou insuportável. VI o Boechat ontem, fazer sua cínica crítica à ajuda federal a São Paulo, por ser tardia. Mas nada sobre o grão Tucanato, nem sobre impossibilidade de inetervencao.

Urbano

A privataria e a reeleição do danoso ferrando henriqueaux foram o quê? Decência, por acaso? É muito bom pegar a carteira dos outros e sair gritando ’pega o ladrão’, e apontando um bandido fictício à sua frente.

Tô de Olho na oPósição

Dessa forma, Dilma não agradará nem gregos, nem troianos. Esse é o risco!

MAAR

Correta a avaliação de que a estratégia de tentar emparedar a Presidente Dilma neste momento revela uma chantagem da direita golpista e dos aliados de ocasião, e visa impor a expansão do poder e dos privilégios das elites e de seus asseclas, em detrimento dos direitos e das aspirações das classes populares.

Todavia, a costura das alianças necessárias para garantir a governabilidade precisa ser viabilizada sem atropelar os compromissos de campanha, relativos à preservação das conquistas sociais e à redução das desigualdades. Portanto, a inevitável negociação de contrapartidas tem como limites exatamente a necessidade de evitar o emparedamento do governo e o objetivo de preservar a normalidade institucional.

Mas é por isto mesmo que a política é a arte do possível. Sempre há alternativas aptas a viabilizar a satisfação das demandas populares. O decisivo é, e sempre será, o grau de compromisso dos atores políticos para com suas bandeiras e discursos.

Pedro Argento

O autor esquece de mencionar que não foi só o aumento da gasolina, houve também o aumento dos juros. Além disso, Mantega já admitiu o buraco nas contas públicas e que terá efeito no seguro desemprego e acarretará na diminuição da atuação do BNDES. Essa passagem seletiva de informações mostra que vocês são tão manipuladores quanto a grande mídia que tanto criticam.

Também é estarrecedor a insistência de que o setor elétrico está em uma situação boa, que os reservatórios não são os piores da história e que o aumento de luz não é culpa de Dilma. Estudem mais o setor antes de opinarem, por favor.

    Mário SF Alves

    “Também é estarrecedor a insistência de que o setor elétrico está em uma situação boa, que os reservatórios não são os piores da história e que o aumento de luz não é culpa de Dilma. Estudem mais o setor antes de opinarem, por favor.”
    ________________________________

    Repetindo o mantra, Pedro?

    Ora, amigo, isso a velha e velhaca mídia empresarial fora da lei faz desde 2005.

    Crítica descontextuazada não é crítica, é fofoca. E fofoca como praxis acaba por se tornar demonstração de falta de caráter. Desacredita-se o autor, o veículo e a mensagem. E aquilo que era ou parecia ser crítica passa a ser visto como intriga ou simples fofoca.

    Então, meu caro, sinto informar, já não basta dizer, tem de provar.

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