O outro texto de Época que sumiu: FHC cobra U$ 50 mil por palestra

Tempo de leitura: 4 min

FHCsugerido pelo leitor Horatio Nelson, que diz que o texto sumiu do site da Época, só dá para encontrar no cache do Google:

Fernando Henrique S/A

Ex-presidente viaja pelo mundo, cobra US$ 50 mil por palestra e prepara inauguração de instituto com seu nome

DAVID FRIEDLANDER E LEANDRO LOYOLA, na revista Época, em 23/04/2004

O ex-professor, senador, ministro e presidente da República Fernando Henrique Cardoso agora é uma celebridade. Desde que deixou o Palácio do Planalto, no ano passado, FHC já faturou cerca de R$ 3 milhões dando palestras para empresários e intelectuais, no Brasil e no exterior.

Está escrevendo um livro sobre seu governo, que deverá ser publicado ainda neste ano. Sua próxima grande tacada será o lançamento do Instituto Fernando Henrique Cardoso, no dia 22, em São Paulo.

Montado com luxo, mas sem ostentação, o lugar foi criado para preservar na História a memória de seu governo e de sua obra acadêmica. Aos 72 anos, depois de oito anos das delícias e pesadelos da Presidência, Fernando Henrique está levando um vidão.

Transforma fama em dinheiro, faz política quando bem entende e viaja duas vezes por mês para o exterior para exercitar seus dotes intelectuais. E prova que não sonha em voltar à Presidência da República.

Até agora se sabia apenas vagamente das atividades de FHC fora do governo. Ele só aparece viajando e, de vez em quando, falando de política. A novidade é que longe do público o ex-presidente virou atração no mundo empresarial e já é um dos conferencistas mais bem pagos do mundo. Cobra US$ 50 mil (cerca de R$ 150 mil no Brasil) – preço livre de impostos, hospedagem e passagem aérea, gastos que ficam por conta do cliente.

No Brasil, ninguém cobra mais caro. ‘O critério foi pedir metade do que Bill Clinton (ex-presidente dos Estados Unidos) cobra’, diz George Legmann, o agente que cuida das palestras e dos direitos autorais dos livros de Fernando Henrique. Da metade do ano passado para cá, foram 22 conferências, seis delas em outros países. Contrataram os serviços do ex-presidente a AmBev, a Medial Saúde, os bancos Pátria e Santander (este em Madri), a ACNielsen e o Banco Central do México, entre outros.

FHC exige uma conversa pessoal com o cliente antes da conferência. São encontros de meia hora, apenas para combinar o tema. O ex-presidente tem falado sobre globalização, educação e ética. Além dos eventos de empresas, seu mercado abrange também as universidades. No exterior elas pagam honorários fixos, entre US$ 10 mil e US$ 20 mil. ‘No Brasil eu faço de graça. As universidades aqui não têm dinheiro para isso’, afirma.

FHC custa caro porque é uma raridade: tem vasto preparo acadêmico, contatos internacionais e uma extensa experiência política. ‘FHC é visto como um estudioso do Brasil, tem categoria para fazer grandes projeções e os empresários acreditam que ele pode ajudar a decifrar melhor o governo’, explica Luís Fernando Lopes, economista-chefe do banco Pátria.

Fernando Henrique fica incomodado quando o assunto é dinheiro. Notório pão-duro, ressalta que recebe apenas aposentadoria proporcional como professor da USP e que ex-presidente não tem pensão. Tergiversa quando alguém pergunta sobre os honorários das palestras e não conta quem está bancando o Instituto Fernando Henrique Cardoso. A compra de um andar e dois subsolos que pertenciam ao Automóvel Clube, no Centro de São Paulo, custou R$ 900 mil e a reforma já ficou em cerca de R$ 3 milhões.

Para implantar o instituto e depois mantê-lo, FHC calcula que precisa de R$ 30 milhões. Tem cerca de R$ 15 milhões, boa parte arrecadada entre empresários que admiram o que ele fez no governo.

Alguns desses contribuintes formaram um grupo que doou R$ 1 milhão por cabeça. O dinheiro chega em parcelas mensais na Gávea Investimentos, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, que administra o fundo. ‘O rendimento mensal será usado para sustentar o instituto ao longo do tempo’, explica José Expedito Prata, diretor do IFHC, que estima os custos em R$ 150 mil por mês.

A idéia do instituto foi inspirada no que fazem os presidentes americanos. Uma equipe de historiadores cuida das 330 mil peças do acervo do ex-presidente. São documentos da Presidência, de seu tempo no Senado, livros, presentes e arquivo pessoal, guardados num subsolo que parece o cofre-forte de banco, com controle de temperatura e umidade. A idéia é preservar a memória do ex-presidente para que sua história possa ser consultada no futuro.

Além disso, uma equipe de assessores vai coordenar a realização periódica de seminários nacionais e internacionais para discutir temas da atualidade. No futuro, todo o material e o dinheiro do fundo serão doados à Universidade de São Paulo (USP).

A inauguração do instituto será uma festa grandiosa. Se todos os convidados vierem, vai ser preciso chamar o Exército para cuidar da segurança: estão confirmadas as presenças de figurões da política mundial como o ex-presidente americano Bill Clinton, o francês Lionel Jospin, os portugueses Mário Soares e Antonio Guterrez. De Clinton, ele é muito próximo.

No ano passado, Alberto Neves, presidente da Compuware no Brasil, assistiu a uma palestra de Clinton nos Estados Unidos. Na saída, deu a sorte de poder trocar algumas palavras com o ex-presidente americano. Ao dizer que era brasileiro, ouviu o seguinte: ‘Tem um homem que eu admiro muito no Brasil. É inteligente, íntegro e honesto’. Neves pensou logo em Pelé, mas Clinton completou: ‘É o ex-presidente Fernando Henrique’. Há duas semanas, num evento de empresários em Comandatuba, na Bahia, Neves relatou a história a FHC.

Na semana passada, enquanto sua esposa, Ruth, viajava com as netas para Buenos Aires, FHC embarcou para Nova York. Participou de reuniões na Fundação Rockefeller, na ONU e deu aula na Universidade de Princeton. FHC viaja duas vezes por mês para o exterior, onde passa boa parte de seu tempo.

Lá fora, anda a pé ou de metrô. No Brasil, circula com carro oficial e motorista destinado pelo governo a ex-presidentes. Tem ainda três seguranças e dois assessores que são coordenadores do instituto.

Está protegido e bem assessorado, mas não tem mais ajudante-de-ordens para as coisas mais comezinhas. Foi forçado a aprender como receber e mandar e-mails (quem fazia isso era a secretária e dona Ruth). Fez menos progresso com o celular, que continua na mão do segurança.

PS do Viomundo: Quando é que o iFHC vai revelar a lista de todas as empresas que contrataram o ex-presidente, como fez Lula?

Leia também:

A mensagem do delegado da PF, em nome da Lava Jato, a um grupo pró-impeachment


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Comentários

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lula lá dinovo com a forsa do polvo

Em cinco minutos, Lula ganha mais do que FHC numa palestra inteira. XUPA FHC!!!!!!!!!!111

francisco

“O ex-presidente tem falado sobre globalização, educação e ética.”

Ética?!?

Educação?!?

Rede Globo?!? (rsrsrs)

Nelson

Se se permitisse, mesmo que por um lapso de tempo, um tiquinho de sinceridade, o que é quase impossível de acontecer, FHC escreveria somente isto em seu livro:
“Obedecendo aos ditames do Sistema de Poder que domina os Estados Unidos e boa parte do planeta e tem anseios de dominá-lo por completo, coloquei o povo brasileiro de joelhos perante o poder, já imenso, do grande capital, nacional e internacional. Esta é a síntese dos oito anos de meu governo”.

Nelson

“O ex-presidente tem falado sobre globalização, educação e ética”.

O que será que o “Faro de Alexandria” em a dizer em suas palestras?

Globalização – o termo correto seria bobalização. Foi este o rumo que ele imprimiu ao governo dele. Um exemplo, entre tantos: estava prestes a entregar a base de Alcântara para usufruto pleno pelas forças armadas dos EUA. E, pra cúmulo da bobalização, aceitou que os brasileiros ficassem proibidos de por lá transitarem.

Educação – o ministro da educação de FHC afirmou, certa vez, pasmem, que o Brasil não precisava investir em pesquisa, pois a tecnologia estava disponível no mercado mundial. Era só comprá-la.

Ética – o que será que alguém que entregou por uns trocados ou mesmo doou o patrimônio construído pelo povo brasileiro durante décadas e as riquezas a nós pertencentes terá a dizer sobre ética?

Fábio Brito

A INVISIBILIDADE DE UM EX PRESIDENTE AMARGURADO. A MÍDIA MOSTRA, MAS O POVO NÃO VÊ.
“Prefiro ser uma gota de amor ao invés de um mar de amargura.”
Madre Teresa de Calcutá.
“Caro” ex presidente amargurado, inicio esta carta com a palavra “caro”, porque tenho memória, e me recordo, perfeitamente, de como foi o período em que você esteve à frente do governo de meu país, em que sua imagem fulgurava nos televisores, jornais e revistas, devido ao desmesurado suporte que a mídia venal lhe concedia. Tristes foram os momentos e, desta forma, não poderia me referir, à sua pessoa, como a alguém a quem reservo desvelo. Sinto muito.
Lembro-me, também, o quão prestativos lhe foram (esta mídia), ao disseminar a singela invencionice acerca da paternidade do Plano Real. Quando via sua figura patética na tela a sorrir, deslumbrado com a evidência angariada com sua assunção ao poder maior de nossa nação, não conseguia conter meus pensamentos, que me remetiam à imagem de suínos se refestelando numa pocilga.
Fico a me perguntar a que se deve a reverberação atual de suas reflexões, uma vez que, se não estou equivocado, seu DESgoverno foi o que propiciou a empresas estrangeiras, a aquisição de estatais nacionais, patrimônio construído com o trabalho árduo de milhões de patrícios, com moedas podres e, como se não bastasse, viabilizou, a estas mesmas empresas, empréstimos, advindos das economias do depauperado povo brasileiro.
Como não recordar da miséria e da fome que açambarcava o povo Nordestino? Povo este relegado á própria sorte, por seu líder maior, você, e tragado por um turbilhão de perturbações, originadas da incompetência e do desdém, acerca de suas aflições e anseios. Pessoas com sonhos destroçados, pela subserviência devotada pelos seus líderes a alienígenas sanguessugas. Feliz estava a Globo, ao usar esta população nas “reportagens” dramáticas que relatavam nossa dor e obtendo prêmios com as mesmas.
Uma miríade de escândalos, todos cuidadosamente acobertados pelo quarto poder, aliados incondicionais da desfaçatez com o trato da coisa pública, que seu governo aboletava. Atravessávamos, então, um indelével e implacável inverno no Brasil. As nuvens encobriam todo o Sol. A escuridão sufocava nossa alma.
A afronta aos direitos elementares do povo, observada no tratamento dispensado à coletividade, como os observados nas greves dos petroleiros e ao MST, maculava a esperança intrínseca a cada brasileiro. Soçobrávamos na curva do rio, atônitos.
Deverias estar encarcerado a sete chaves, porém, como não estás, regozijo-me ao imaginar-lhe defronte ao espelho, observando a imagem de um indivíduo transtornado com o reflexo diante de si, uma “nulidade exponencial”, um lacaio vil, traidor, não só de seu povo, mas de sua própria “biografia”. Um indivíduo que podia ter sido, mas não foi.
Causa-me repugnância, recordar de todos os seus “feitos”. Peço a Deus que não me permita fazê-lo, que me retire este poder, que me abençoe com o esquecimento, este mesmo sentimento que meu povo lhe dispensa, ao ter tido a felicidade de viver sob os governos do PT, a que vocês, hoje, se dedicam a enodoar com as maledicências arremessadas contra seus líderes, LULA e DILMA.
A amargura lhe transformou em uma sombra do que um dia pudera ter se transformado. Hoje, és apenas um insensato a sonhar com a quebra do Estado de Direito, com a aniquilação de nossa Democracia, ilusão pueril que lhe resta, em um retorno triunfal, que nunca chegará, para “salvar-nos” de nossas alegrias recém conquistadas.
A dúvida se apodera de mim, qual teria sido a marca maior do seu (DES)governo? Arriscando-me a contrariar legiões de conterrâneos, considero que foi a pusilanimidade com que representou o nosso Brasil lá fora. Recordo-me de um vídeo surreal, em que você, acreditando-se garboso, mostrou todo seu lado néscio, quando numa reunião, se não me engano na Itália, ruminou, diante de outros líderes mundiais, todos os seus mal feitos, executados de acordo com os ditames dos poderosos a quem você se subordinava. Que cena deplorável!
Nunca acreditei que pudesse me sentir tão enxovalhado com a estultice de alguém. Pergunto-me, como tal espectro pode, um dia, projetar uma imagem de “grande sabedoria” quando o seu cerne apresenta-se tão torpe? Incompreensível me parece.
Entendo, hoje, mais que nunca, porque você se tornou uma figura tão triste, uma sombra débil, mesmo que projetada em noite de lua cheia.
Por fim, recordo-me da XVII Cimeira Ibero-Americana, ocorrida em 2007, no Chile, quando uma daquelas pessoas a quem você admira, revelou a sua arrogância e prepotência, mandando o Presidente venezuelano, Hugo Chavez, se calar. “Solamente otra persona digna de olvidar”.
Diversamente aos motivos do rei, e para preservá-lo, peço, cala-te….(??????).
Cala-te, cala-te, cala-te…
Quem é você mesmo???
Esqueci.
P.S.: Fiz esta carta a uma pessoa a quem não me recordo mais quem é, quem souber de quem se trata, por favor, me ajude. Grato.
Fábio Brito – Bahia.
https://rebeldesilente.wordpress.com/

roberto

Quem paga 50 mil para ouvir um senil dando uma palestra, na qual a frase seguinte não tem nenhuma relação com a anterior, certamente está fazendo “lavagem de dinheiro”.
Atenção MP, fiquem espertos !

sergio ribeiro

Não haveria nada de errado se fizesse tudo isso e pagasse impostos. O problema é: porque ele pode e Lula não? Porque o ex-metalúrgico tem sua idoneidade questionada por causa dos valores e Efeagá não? Teria ele ajudado alguma das empresas que pagaram por seus serviços?

Lukas

Fico imaginando que empresa contrataria palestras de um ex-presidente cujo partido é oposição ao governo federal.

Vocês conseguem imaginar que empresas contratariam palestras de um ex-presidente que manda na presidente?

    Luiz Carlos Azenha

    Mas governa SP, Minas… Já pensou nisso?

Policarpo

Não sei o que é mais ridículono artigo, o próprio FHH ou o tom bajulador dos jornalistas.

FrancoAtirador

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ExpeSSialiçtaz de Globo, Veja, Folha e Estadão
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reúnem-se na Séde da Côrte dos Emplumados
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(http://www.ifhc.org.br/debates/realizados)
(http://www.ifhc.org.br/publicacoes/relatorios-de-atividades)
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FrancoAtirador

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Quem pagou a Palestra do FHC (PSDB-SP)
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A TV Cultura Norte-Americana de São Paulo
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ou os Patrocinadores do Instituto Millenium?
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(http://www.institutomillenium.org.br/milleniumtv/seminario-cultura-liberdade-de-imprensa)
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Urbano

A groubostonoma e seu eterno abracadabra a passar por jornalismo…

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