Rillo: O nobre promotor inativo culparia os pais ricos se polícia tivesse massacrado jovens em festa da burguesia?

Tempo de leitura: 3 min
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Por João Paulo Rillo

Pisoteio de almas

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
(Castro Alves)

por João Paulo Rillo*

Depois de assistir aos vídeos de policiais se deliciando pelo abuso e violência contra centenas de jovens no massacre de Paraisópolis, imaginei que tivesse visto tudo.

Afinal, qualquer ser humano razoável  sabe que o assassinato dos nove jovens pela intervenção policial  foi uma ação errática e criminosa.

Porém, depois de ler um artigo do ex-promotor de Justiça Antônio Baldin, atualmente assessor da Secretaria Municipal de Saúde de São José do Rio Preto (SP), descobri que preciso rever meu conceito de ser humano razoável.

Qualquer função pública, para ser exercida plenamente, além da ética e comprometimento,  deve ser permeada pela empatia entre agente público e cidadão.

Representar o Estado, os interesses coletivos de forma profissional faz do agente público um servidor.

Ele não trabalha de graça nem seu salário cai do céu.

É pago pelo orçamento do Estado, que é composto por tributos e riquezas produzidos pelas mãos e suor da classe trabalhadora.

Logo, o servidor é pago para servir quem o paga — o povo.

Fui aluno do professor Baldin.

Um homem gentil, focado em seu trabalho e verdadeiramente convicto de suas reacionárias teses.

Tínhamos divergências profundas quanto à origem da violência e seus desdobramentos.

Sempre soube que o promotor era punitivista e ultraconservador, mas desconhecia sua tosca crueldade.

Em seu artigo, ele teve a perversa ideia de culpar as famílias, dilaceradas pela perda dos seus filhos, pelo massacre ocorrido:

“Não se devem creditar as mortes à ação da Polícia, porque enquanto se culpam os policiais estão se esquecendo da necessidade de fortalecer os vínculos familiares e de uma melhor fiscalização dos espetáculos realizados nas vias públicas”.

Revoltante a ausência de empatia e humanidade do nobre promotor inativo.

Será mesmo que ele desconhece que esses jovens não têm acesso a nenhuma forma de diversão privada?

Que nem andar coletivamente nos shopping centers podem mais?

Que sofrem todo tipo de preconceito e abuso permanente da polícia brasileira?

Será que ele desconhece que, em condomínios de alto padrão, também moram traficantes, existem festas regadas a todos os tipos de substâncias ilícitas?

A diferença — todos sabem, inclusive o senhor Baldin — é que lá, nas casas de bacanas, a polícia não entra, nem barbariza.

Será que ele desconhece que, em festivais como Lollapalooza, frequentado majoritariamente por filhos da classe média alta de São Paulo, o consumo de droga sintética é gigantesco e a polícia nem passa perto?

Nas micaretas, também há muito comércio e consumo de drogas.

Seria justo tratar todo jovem frequentador desse ambiente como um usuário contumaz?

A esmagadora maioria dos jovens que frequenta pancadões e bailes funk não usa drogas, não bebe e acorda muito cedo para trabalhar o dia inteiro.

Quem é mais bandido: o menino que vira correia de transmissão de cocaína para bacana ou os políticos larápios que passam a vida bajulando rico e facilitando assalto ao patrimônio público construído com o suor dos mesmos pais dos meninos pisoteados que o promotor quer punir duas vezes em vida?

Será que nobre promotor inativo escreveria esse mesmo artigo se o massacre fosse no Carnariopreto ou no Oba, as famosas micaretas de Votuporanga?

Culparia os pais ricos se seus filhos morressem pisoteados depois de uma ação criminosa e irresponsável da polícia?

Claro que não.

Por quê?

Porque o nobre acusador, além da lógica punitivista, orienta-se principalmente por uma lógica de classes.

Por isso, faz-se necessário lutar contra sua posição.

Ela é arraigada de preconceito e desprezo pela dura realidade alheia.

Minha sincera sugestão é que, antes de externar uma posição tão agressiva, o ex-promotor converse com alguns jovens de periferia sobre suas realidades e agruras.

As meninas e os meninos da periferia também precisam sonhar, dançar, paquerar, se sensualizar, serem felizes e se sentirem gente.

A busca por essas sensações e experiências é inerente à juventude em qualquer tempo e geração.

Tenha a delicadeza de não pedir para que os pais tirem dos seus filhos a única possibilidade de diversão que eles têm em paralelo com a vida real e sofrida que levam, passando quatro horas por dia dentro de uma condução, recebendo um salário de fome e sobrevivendo em um país sem esperança.

A sanha punitivista é seletiva!

Será que o promotor inativo considera um jovem pobre, dependente químico, muito mais criminoso do que os traficantes escondidos em suntuosas mansões de condomínios fechados?

Por causa de alguns traficantes, sonegadores, corruptos ou estelionatários, seria correto a polícia entrar com 10 camburões, sirenes e armas pesadas em um condomínio e tocar o terror, casa por casa, até achar os lacaios?

Claro que isso não é correto. Mas é isso o que acontece nos morros todos os dias.

Se as informações de inteligência da polícia fossem usadas para valer, teria que começar a prender parte das corporações.

Ou é ficção que existem policiais ricos e corruptos, envolvidos no narcotráfico?

Se dependesse do nobre promotor, os pais desalentados e dilacerados deveriam estar presos por deixarem seus filhos se divertirem.

Frente à tamanha aberração, vou sugerir aos legisladores que, ao reformarem o código penal, tipifiquem posições de crueldade e ausência de empatia com o povo como crime por desumanidade pública.

*João Paulo Rillo é diretor de teatro, militante do PSOL e ex-deputado estadual paulista.

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João Paulo Rillo

Vereador em Rio Preto e presidente do PSOL-SP.


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Zé Maria

https://pbs.twimg.com/media/EMKg605WoAE563U.jpg

“Somos os sonhos mais ferozes dos nossos antepassados”,
escreveu a estudante Sydney Labat, da Universidade de Tulane nos EUA.
O grupo de alunos de medicina postou uma foto
em uma antiga fazenda de escravos na Lousiana.
Para eles a imagem representa a resiliência ancestral.”

https://twitter.com/ManuelaDavila/status/1207704602629423106

Zé Maria

Fogo no PSC do Rio !!!

Vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ)
publica vídeo de Deputado do PSC-RJ
acusando Governador Witzel (PSC-RJ)
de vazar conversa entre milicianos
interceptada pela Polícia Civil do RJ
que comprometeria o Clã Bolsonaro
no Assassinato da Vereadora Marielle.
O Deputado Federal Bolsonarista,
do mesmo Partido do Governador,
numa evidente defesa acusatória,
sugere que a Rede Globo estaria
preparando uma Reportagem para
o Jornal Nacional ou o Fantástico,
que seria veiculada neste fim de semana.

https://antropofagista.com.br/2019/12/14/video-urgente-pelo-desespero-dos-bolsonaristas-nessa-madrugada-no-twitter-novas-revelacoes-do-caso-bolsonaro-e-marielle-parecem-bem-graves/

Zé Maria

“Vivendas da Barra Pesada”

Num Condomínio “de Luxo” com
Milicianos, Traficantes de Armas,
Assassinos e Estelionatários,
Moro Manda Investigar o Porteiro

Por Carlos Henrique Machado Freitas, no Antropofagista: https://t.co/aSeg6LIgGB

Moro, atual Ministro da Justiça, (pode rir), que anda zanzando pelos corredores do Congresso para ver se consegue prender Lula novamente com a volta da prisão após condenação em 2ª instância, não para de ser esculachado pelos fatos.

Ultimamente, tem sido difícil até destacar um fato que seja mais grave que o outro.

Agora mesmo, a revista Época relata que Moro foi ao TSE tentar salvar
a senadora Selma Arruda, a Moro de Saias, cassada por corrupção.
O interessante é que a Época é das Organizações Globo e, no entanto,
talvez porque Bonner não leia a revista da própria casa, essa notícia não tenha
chegado ao Jornal Nacional, o que mostra a gravidade do fato.

A mesma revista, hoje, mostra Moro em uma posição completamente invertida,
dizendo que vai dar de ombros ao assassinato de Marielle porque a família da
mesma não quis federalizar o caso.

Caso por que Moro só se interessou depois que o nome de Bolsonaro foi citado
no depoimento do porteiro, para pressionar o mesmo a mudar de versão,
mas acabou mudando também de condição, a de testemunha para investigado.

Esse ‘rapaz’ é uma sumidade.
Imagina alguém do PT, na época da Lava Jato, fazendo lobby no TRF-4
pela absolvição de Lula.
Aliás, confirmada a denúncia da ida de Moro ao TSE, Ivan Valente, do Psol,
já cobrou explicações da justiça pela nítida tentativa de obstrução da justiça do,
veja só, Ministro da Justiça, cometendo crime de responsabilidade por lobby
dentro do próprio TSE.

O que, convenhamos, abre imediatamente um enorme caminho para que
se indague se ele não fez o mesmo com os desembargadores do TRF-4
pela condenação de Lula, inclusive pela inexplicável sentença unânime
nos dois julgamentos, parecendo o que realmente é, missa encomendada
pelo ex-juiz da Lava Jato.

É intrigante como, com vários agentes da Polícia Federal dentro do condomínio
de Bolsonaro para dar segurança ao Presidente e à sua família, esses agentes
da PF, comandados por Moro, não perceberam o perigo que corria Bolsonaro
morando a 50 metros da casa de Ronnie Lessa, miliciano assassino de Marielle
e traficante internacional de armas pesadas que detinha, no momento de
sua prisão, a posse 117 fuzis, explosivos e uma quantidade de munição que
dava para fazer uns cem quadros como os que Moro e Bolsonaro foram
agraciados por um artista que usou uma espécie de bico de pena para desenhar
com cartuchos de balas de alto calibre os rostos dos dois, numa das obras
mais macabras de que se tem notícia.

Mas o enredo macabro envolvendo Moro e a família Bolsonaro não se esgota aí.

Agora se descobre que um outro morador do condomínio Vivendas da Barra
é estelionatário e passou batido pela mesma segurança do Presidente da República.

Lembre-se, estamos falando de um presidente que, segundo consta no folclore
político brasileiro, quase morreu no episódio em que Adélio Bispo furou
a segurança de uns cinquenta agentes para, sozinho e com um físico minguado,
elevar a mão por cima da barreira de segurança que cercava Bolsonaro e desferir
uma facada sem sangue.

É muita comilança de mosca dessa gente que zela pela segurança do “mito”.

Moro, diante de tantos fatos macabros do condomínio Vivendas da Barra,
de onde saíram os assassinos de Marielle para executá-la, desconfiou de quem?

Do Carluxo que correu para adulterar o registro da secretária eletrônica?
Do seu Jair da casa 58 que atendeu por duas vezes o telefonema do porteiro
a pedido do miliciano Élcio de Queiroz?
Do estelionatário que comprou sua mansão com o dinheiro roubado de
um ganhador da mega-sena?
Do traficante internacional de armas que também é o assassino de Marielle?
Não. Para Moro, o culpado por todos os fatos macabros, é o porteiro.

E o que fez Moro, além de ter transformado o porteiro em investigado?
Sumiu com ele para que ninguém mais da imprensa se aproximasse dele.

Isso explica porque Moro segue sendo o herói dos bolsominions mais aferrados.

Tudo isso sem falar das falcatruas de Moro na Lava Jato reveladas pelo Intercept.

Alguém ainda duvida do fim trágico da carreira política de Moro?

(Postado por Celeste Silveira: https://antropofagista.com.br/author/antropofagista)

https://antropofagista.com.br/2019/12/14/num-condominio-com-milicianos-estelionatarios-traficantes-de-armas-e-assassinos-moro-manda-investigar-o-porteiro

Do mesmo autor, leia também:
https://antropofagista.com.br/2019/08/19/lava-jato-de-maneira-formal-e-clandestina-prova-que-lula-e-absolutamente-inocente/

Zé Maria

Milícia Empreendimentos Imobiliários

Condomínio de Luxo com vista para o Mar
“Vivendas da Barra Pesada” da Tijuca
Onde você tem excludente de ilicitude.

“Assassino d Mariele mora no Vivendas da Barra
Golpista d loteria mora no Vivendas da Barra
Familícia Bolsonaro mora no Vivendas da Barra

Não entendo pq Sérgio Moro ainda não se mudou
c a conge p o condomínio Vivendas da Barra.”

https://twitter.com/PatoCorporation/status/1205893494289698816

Zé Maria

https://twitter.com/revistaforum/status/1205849772827070465
https://revistaforum.com.br/brasil/vivendas-da-barra-pesada-homem-que-roubava-dinheiro-da-mega-sena-mora-no-condominio-de-bolsonaro/

Vivendas da Barra Pesada.
Lá ao invés de pedir emprestado
uma xícara de açúcar pro vizinho,
o pessoal pede bala de fuzil.
” Ô de casa, minhas balas acabaram,
me arruma um pouquinho das suas aí?”
Claro, vizinho! Vai usar pra quem?
Vereadora ou no baile funk?”
https://twitter.com/CarlaRi49818184/status/1205809873142910976

chapéu

É a velha estória: Branco correndo está atrasado, preto correndo é ladrão.
Por que?
Porque os hipócritas querem.

Zé Maria

Com a Eleição de Bolsonaro e.suas Milícias de PMs Assassinos,
a Crueldade aflorou na ‘Alta Sociedade’.
Já não há Constrangimento na Exaltação do Extermínio de Pobres, Inocentes, leviana e preconceituosamente Acusados de Crimes que não cometeram.

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