João Paulo Rillo, sobre Lula e Marisa: “Como essa família sofreu com a execração pública praticada por gente reacionária e sórdida!”

Tempo de leitura: 3 min
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Por João Paulo Rillo

Rillo com Lula: em 1990, aos 13 anos; em maio de 2017 como segurança do ex-presidente quando foi depor a primeira vez em Curitiba

Um forte

Por João Paulo Rillo*

No ano passado, uma das coisas que fiz foi mergulhar em meus baús.

A longa quarentena me fez querer visitar o passado pra fugir do presente e não pensar muito no futuro.

Em uma dessas incursões, achei esta foto, abaixo, de 1990.

Eu, aos 13 anos, Luiz Ferri, um grande amigo de toda nossa família, e meu pai Marco Rillo.

E entre nós estava o jovem líder, militante, carismático, o filho do sertão, pai do afeto e da esperança, sempre forte, Luiz Inácio Lula da Silva.

                                  O menino João Paulo Rillo, o jovem líder Lula, o amigo Luiz Ferri e o pai Marco Rillo

Lula, o cara, o animal político que, mesmo no banco dos réus e prisioneiro da (in)justiça, sempre esteve on.

O que essa foto de 30 anos atrás tem em comum com o retrato político de hoje é a capacidade que esse ser humano tem de exalar esperança por onde passa.

Como aconteceu em seu pronunciamento na quarta-feira, que fez até a quadrilha de genocidas mudar de postura.

Lula teve todos os seus processos anulados pelo STF.

Processos conduzidos de maneira ilegal por Sérgio Moro, que infernizaram a vida do ex-presidente e de toda a sua família e que levaram Marisa Leticia à morte. E foram anulados exatamente no dia internacional da mulher.

Uma grande coincidência ou uma sincronicidade cósmica que cai como chuva no sertão sofrido de onde veio Luiz.

As águas salvadoras no momento em que o mato e o gado já se foram. O dilúvio acontece pra nos tirar por um instante da aridez arruinadora de um país governado sem coração, sem empatia, sem humanidade.

Eu sempre penso na Dona Marisa, às vezes até muito mais do que no próprio Lula. Eu via na Marisa a realidade de todas as mulheres. Mesmo na militância, mesmo ao lado de uma das maiores lideranças populares da história, ela era o suporte de toda a família.

No dia dessa foto, o ex-presidente teve que sair mais cedo do que o combinado. Seu filho mais novo estava com febre, no colo da Marisa, aguardando pra irem pro hotel, enquanto Lula se revezava entre autógrafos, fotos, goles de cachaça e lembranças de lutas passadas – todo mundo tinha uma pra contar.

A imagem da Dona Marisa com o filho febril no colo era exatamente igual à imagem dela com o neto Arthur, que morreu de meningite enquanto Lula estava preso.

Eu queria muito ter a certeza de que Arthur saiu de cena apenas pra fazer companhia pra vovó Marisa.

Como essa família sofreu com toda a execração pública praticada por gente ruim, reacionária e sórdida!

Alegrou-me muito a decisão do STF. O que mais me alegrou, no entanto, foi ouvir da boca de quem passou por tudo o que passou que a sua dor não é maior do que a dor dos brasileiros que sofrem com toda a tragédia provocada pela pandemia.

Lula não é perfeito. Em sua caminhada, acertou muito e também errou. Mas nada arrefecerá sua capacidade empática de tocar a alma e o coração do povo brasileiro.

Parafraseio livremente Euclides da Cunha pra sentenciar que Luiz Inácio é, antes de tudo, um forte.

Vida longa ao Lula!

*João Paulo Rillo é vereador pelo PSOL em São José do Rio Preto (SP) e ex- deputado estadual.

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João Paulo Rillo

Vereador em Rio Preto e presidente do PSOL-SP.


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Comentários

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abelardo

Muito providencial a lembrança e a homenagem, parabéns. As insanidades que assistimos neste último mostra ao mundo que o ódio e o desequilíbrio mental tomou o controle da mente dos fanáticos seguidores do fascismo bolsonarista. Que parte dos militares, que parte da imprensa, que parte do judiciário, que parte do empresariado e que grande parte dos políticos que sustentam e patrocinam, com suas omissões, todas as barbáries acontecidas e as que aínda acontecerão saibam da responsabilidades que assumirão por toda esta covarde, impatriota e sórdida omissão, que só faz incentivar ao caos

Zé Maria

Luiz Inácio da Silva, um Nordestino Raiz.
Inclusive, como Retirante da Seca
em busca de Sobrevivência no Sul.
Por isso, a Transposição do Velho Chico
para evitar o Êxodo dos Conterrâneos
que padeciam da Sede no Sol Escaldante.
Por isso, o Bolsa-Família para garantir
a Sobrevivência de um Povo Faminto.

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